Investidores têm prejuízo após BRB colocar dinheiro em fundo de hotel no RJ
Banco informou aos correntistas do impacto no valor das cotas devido a problemas no empreendimento, investigado pela Circus Maximus
atualizado
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O Banco de Brasília (BRB) publicou, na última sexta-feira (17/05/2019), em seu site, informes que preocuparam correntistas e investidores da instituição financeira. Os chamados Fatos Relevantes apontam impacto no valor da cota de pelo menos quatro fundos de investimento de renda fixa que possuem em suas carteiras debêntures da empresa LSH Barra Empreendimentos Imobiliários S.A, o antigo Trump Hotel, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
Devido à homologação do pedido de recuperação judicial ajuizado no Tribunal de Justiça da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro pela LSH, o BRB informou o impacto nos fundos de investimento BRB Renda Fixa DI 25 Mil (13); BRB Renda Fixa DI 500 (28), BRB FIC RF DI LP 1 Milhão (61) e FIC FIRF DI 100 Mil LP (65).
A LSH é investigada no âmbito da Operação Circus Maximus como empresa usada para “branquear” pagamento de propina. A suspeita da Polícia Federal e do Ministério Público Federal é que R$ 40 milhões foram pagos irregularmente a ex-diretores do BRB em troca de investimentos em projetos, como o do hotel fluminense. Os problemas no banco se referem à antiga gestão, nomeada no governo Rodrigo Rollemberg (PSB) e já afastada da instituição financeira.
Destinados a clientes conservadores, os fundos de renda fixa são indicados para investimentos de quem não deseja sequer cogitar perdas. Segundo especialistas em mercado financeiro ouvidos pela reportagem, são raríssimos os casos de prejuízo para quem deposita dinheiro nesse tipo de fundo. Porém, em 2016, o dinheiro já captado dos clientes foi usado para provisão integral do ativo da LSH, de liquidação duvidosa.
Os impactos dessa operação, realizada na gestão do ex-presidente do BRB Vasco Gonçalves, em 2016, começam a aparecer agora. Segundo os informes da BRB Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A (BRB DTVM) publicados na sexta (17/05/2019), a instituição está “envidando os melhores esforços, nos âmbitos administrativo e Judiciário, no intuito de reaver os valores em questão”.
Transparência
Embora não tenha sido mencionada a estimativa de perda nos comunicados de Fato Relevante, o banco informou, por meio de nota, que “eventuais ganhos, decorrentes do processo de recuperação judicial, serão integralmente realizados nas cotas dos fundos”.
Além disso, a nova gestão do BRB reiterou o compromisso com a transparência. “Em linha com o programa de melhoria de governança e integridade, implementado pela nova gestão, o BRB seguirá comunicando o avanço das ações referentes à recuperação judicial da LSH”, afirmou no documento encaminhado à reportagem do Metrópoles.
Circus Maximus
Deflagrada no final de janeiro deste ano, a ação – um desdobramento da Operação Greenfield – apura irregularidades praticadas no BRB envolvendo fundos de investimentos, com a atuação de agentes públicos, empresários e agentes financeiros autônomos.
Os denunciados respondem por crimes contra o sistema financeiro, corrupção, lavagem de dinheiro, gestão temerária, entre outros. Segundo as investigações, os prejuízos foram de, aproximadamente, R$ 348 milhões ao BRB, participantes de fundos de pensão e Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), poupadores e ao sistema financeiro nacional.
Os procuradores do MPF que integram a força-tarefa Greenfield pedem, além da condenação dos envolvidos, o confisco de valores, bem como uma indenização correspondente ao triplo das quantias desviadas por cada um, a fim de cobrir os danos materiais, morais e sociais causados.
De acordo com a ação, as práticas criminosas começaram em 2014, e a organização se manteve em atividade até mesmo durante a deflagração da operação. “As apurações que resultaram na presente denúncia se concentraram nas dissimulações mediante o pagamento de propinas que justificaram os investimentos em, pelo menos, dois empreendimentos: o FIP LSH (relacionando ao antigo Trump Hotel, na Barra da Tijuca) e o FII SIA (relacionado ao empreendimento Praça Capital, desenvolvido pela Odebrecht Realizações e pela Brasal Incorporações)”, informou o MPF.