Funcionária sofre injúria em clínica no DF: “Cadê o cabelo escovado?”
Hellen Crystine, de 20 anos, afirma ter sido alvo de constantes reclamações sobre o formato e volume do seu cabelo. Clínica nega
atualizado
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Uma funcionária da clínica particular Bonifácio, em Planaltina, denuncia ter sido vítima de injúria racial pelo dono e a gerente do estabelecimento. Hellen Crystine Alves Castro dos Santos, de 20 anos, diz que recebia constantes reclamações sobre o formato e volume do seu cabelo. Após o último ocorrido, na segunda-feira (23/5), a funcionária pediu demissão. Clínica nega a acusação.
Trabalhando como recepcionista no local desde 14 de abril, Hellen conta que havia recebido instruções de como deveria usar o cabelo, que seriam normas da empresa. “Eu conhecia a gerente dessa clínica, já havia trabalhado com ela antes. Quando ela entrou em contato comigo pra eu ir trabalhar lá, me disse que eu teria que ir com o meu cabelo preso. Até então, eu aceitei, porque seria um penteado padrão na clínica”, contou ao Metrópoles.
“Ela havia me dito também que eu poderia ir com o cabelo ‘baixo’ e preso somente a franja. Assim eu fui. No meu primeiro dia, o dono chegou e quando ele me viu, já foi falando: ‘Cadê o cabelo escovado?’. Fiquei super sem graça e disse a ele que iria providenciar isso”, relembra.
Confira mais detalhes sobre o relato:
Após a reclamação, Hellen passou a usar o cabelo escovado — liso. “Passei a ir todos os dias com o cabelo escovado assim como ele havia me dito. Em um determinado dia, fui com ele natural e totalmente preso em um coque. Ao me ver, a gerente veio logo chamar minha atenção pelo volume que estava e disse que o dono da clínica cobraria dela o meu cabelo liso, que eu não poderia mais ir com o cabelo preso natural pq o meu coque fica muito volumoso”, revela.
“Depois disso fui com um rabo de cavalo e com o cabelo molhado, ao me ver assim, a gerente veio elogiar, dizendo que eu poderia ir com ele assim, porque estava bonito e baixo”, acrescenta Hellen.
Um boletim de ocorrência foi registrado na 16ª Delegacia de Polícia, em Planaltina. “Eu só consigo relembrar tudo o tempo todo, não consigo acreditar que isso realmente aconteceu. A minha esperança é que a Justiça seja feita, e que através disso, outras pessoas que passam pela mesma situação, possam levantar a cabeça e reagir”, finaliza a jovem.
Outro lado
Procurada pelo Metrópoles, a clínica Bonifácio negou que tenha havido qualquer ato discriminatório. “Sobre os fatos relatados, a empresa informa que a acusação promovida pela funcionária além de inverídica é muito grave, não pactuando com esse tipo de conduta discriminatória. Se coloca à disposição para qualquer esclarecimento sobre os fatos”, informa o advogado Cristiano Rodrigues Brandão.
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