Freteiro do Planalto: motorista conta bastidores da mudança de Jair Renan e ex de Bolsonaro para mansão de R$ 3,2 mi
“Perguntei se ela era bolsonarista, pois havia quadros do presidente. Ela riu e perguntou se eu sabia quem ela era”, disse o motorista
atualizado
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Sentado à mesa de um restaurante simples, na praça de alimentação da Feira Permanente do Riacho Fundo, o caminhoneiro Garbas Aparecido Simão, 37 anos, ainda se recorda do frete mais surpreendente que já fez ao longo dos cinco anos de carreira. Ele foi o responsável por fazer a mudança da ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) Ana Cristina Valle, e do filho deles, Jair Renan, o 04, para a mansão onde moram atualmente, na QI 28 do Lago Sul, bairro nobre de Brasília.
Segundo o trabalhador, havia pouca coisa a ser carregada do apartamento localizado no Sudoeste, mas vários quadros com a imagem do chefe do Executivo chamaram a sua atenção. “Perguntei se ela era bolsonarista, pois eram vários quadros do presidente. Ela riu e perguntou se eu sabia quem ela era. Não me toquei de que se tratava da mãe do filho caçula do Bolsonaro”, disse.
Garbas relatou ter transportado os pertences de Ana Cristina e do filho 04 do presidente em 27 de junho deste ano. A mansão, avaliada em R$ 3,2 milhões e alugada por R$ 8 mil, estava em obras. “Algumas pessoas estavam mexendo nas instalações elétricas, mas ela já morava na residência. Fiz o transporte de uma cama de casal e de umas 10 caixas”, lembrou.
Veja imagens do caminhoneiro Garbas:
Telefonema presidencial
Na hora da mudança, Garbas estava ao lado de Ana Cristina, quando ela ligou para Bolsonaro. “Ela reclamou com ele e pediu para que alguém desse um jeito na iluminação pública da rua. Acredito que ela considerou o local escuro à noite, pois alguns postes estavam apagados”, recorda-se. O caminhoneiro recebeu cerca de R$ 600 pelo transporte, pagos via PIX.
Durante o tempo em que ficou na mansão descarregando as caixas, Garbas foi acompanhado de perto pelo então mordomo de Ana Cristina, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, que pediu demissão após não receber o salário acertado com a ex-mulher de Bolsonaro.
Antes de deixar o imóvel de luxo, o caminhoneiro ainda percebeu que já havia móveis na residência e o local contava com uma adega repleta de vinhos e garrafas de uísque. Entre os itens da mudança, ainda constava uma espécie de urna, que remete a um baú antigo.
O freteiro do planalto também já prestou serviço para outras figuras ilustres da Esplanada dos Ministérios. Ele levou a mudança de Brunella Poltronier Miguez para o apartamento funcional do senador Marcos do Val (Cidadania-ES), no ano passado. Na ocasião, o motorista chegou a vender alguns móveis da assistente parlamentar. Em 2019 o Metrópoles mostrou que Brunella foi contratada para trabalhar no gabinete do senador, em Brasília.
Até se mudar para a capital federal e ser nomeada no Senado, a advogada trabalhava no Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Espírito Santo (Ipem-ES), em Vitória, com um salário de R$ 2,3 mil.
Ao assumir o cargo de assessoria, viu o salário dar o primeiro salto, chegando a cerca de R$ 5 mil. Vinte dias depois, novo aumento, o que levou a remuneração da funcionária recém-contratada a pouco mais de R$ 8 mil. Em abril daquele ano, a assistente parlamentar foi abruptamente demitida e, dias depois, embarcou com o senador para acompanhá-lo em viagem oficial aos Estados Unidos (EUA).
Neste ano, o freteiro Garbas voltou a atender o senador e sua namorada em uma mudança do imóvel funcional para um apartamento no Noroeste. Outra parte dos objetos foi deixada em um guarda-volumes.