Freis Alex Nuno e Hoslan são acusados de enviar fotos obscenas a jovens. PCDF apura
Os dois suspeitos foram à 19ª DP (P Norte) nessa terça-feira, mas ficaram em silêncio. Defesa foi apresentada por escrito
atualizado
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Os freis Hoslan Guedes e Alex Nuno são acusados de encaminhar fotos e mensagens obscenas a adolescentes frequentadores da Paróquia dos Evangelistas São Marcos e São Lucas, em Ceilândia. A Polícia Civil do DF (PCDF) investiga o caso e, na tarde de terça-feira (21/7), os religiosos foram ouvidos na 19ª Delegacia de Polícia (P Norte).
As denúncias feitas por jovens e seus familiares foram reveladas pelo Metrópoles, após publicações feitas em redes sociais com fotos das telas de celulares. Nas postagens, fiéis expuseram prints de supostas conversas dos freis com as vítimas. Nos diálogos, há nudes, filmes pornográficos, mensagens invasivas e assédio. A mãe de um dos jovens entrevistados pela reportagem disse que confrontou o frei e foi ignorada.
Durante o depoimento, os religiosos preferiram ficar em silêncio e apresentaram, por meio de advogados, uma defesa por escrito. Os dois, que são muito conhecidos entre os católicos, já não atuam mais na paróquia de Ceilândia. Dois representantes do Vaticano também estiveram na 19ª DP nessa terça para solicitar acesso ao material colhido pelos investigadores. O pedido foi negado.
Ao menos 10 pessoas procuraram a PCDF para denunciar casos de supostos abusos que teriam sido cometidos pelos dois freis. As investigações foram desmembradas. O caso das vítimas do sexo feminino estão na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher II (Deam II), em Ceilândia.
Segundo a 19ª DP, a primeira fase das investigações foi concluída. Além de o processo ter sido desmembrado, os policiais afirmam que avaliam uma denúncia de supostas fake news contra os religiosos. Eles registraram ocorrência por difamação.
“Os freis apresentaram memorial escrito de defesa e foram acompanhados de advogados, nos casos mencionados. Representantes da Igreja Católica compareceram à 19ª DP para acompanhar o desdobramento dos casos, na tarde da terça-feira (21/7). Os freis foram afastados de suas funções, segundo documento protocolado pela própria defesa”, diz o comunicado da 19ª DP.
Confira as mensagens supostamente enviadas pelos freis:
Religiosos populares
Os dois freis são franciscanos muito conhecidos e populares. Alex Nuno, por exemplo, tem 5,4 mil seguidores no Twitter e 18 mil no Facebook. No Instagram, era seguido por mais de 800 mil pessoas, mas sua conta foi desativada. Suas evangelizações são feitas, principalmente, por meio da música. Gravou diversos clipes com produção profissional, como o vídeo de Sou feliz, visto por quase 150 mil pessoas. Ele possui perfis em plataformas de streaming como Spotify e Deezer.
Frei Hoslan é admirado por suas pregações fortes, “que arrastam multidões”, como costumam dizer os fiéis. No Instagram, tem 11 mil seguidores. Há diversos vídeos de suas homilias e orações. Suas missas de cura e libertação são famosas em todo o Brasil. Hoslan atuou no Santuário São Francisco de Assis (Asa Norte), na Paróquia São Marcos e São Lucas (Ceilândia) e também na Paróquia São Francisco de Assis, em Valparaíso de Goiás.
Contravenção penal
À época dos assédios, as vítimas tinham mais de 14 anos. Por conta disso, em um primeiro momento, as apurações, os prints e os depoimentos delas não podem ser enquadrados como pedofilia, estupro ou abuso sexual. O contexto penal para possíveis punições judiciais se restringe ao artigo 241 D do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), segundo o qual é crime “aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso”.
A reportagem entrou em contato com o advogado dos freis, mas até a última atualização desta matéria, ele não havia respondido ao Metrópoles. A Arquidiocese de Brasília informou que não iria se posicionar, assim como a paróquia de Ceilândia.
No dia 12 de julho, quando o Metrópoles publicou a primeira reportagem sobre o tema, a Paróquia disse que as denúncias seriam apuradas e, nas redes sociais, as autoridades eclesiásticas se solidarizaram com as famílias das possíveis vítimas, afirmando que tomariam medidas.