Fraudes nas cotas: UnB recebe 27 novas denúncias e 15 pedidos de recurso
Universidade investiga 127 denúncias de burla no sistema criado para permitir o acesso de estudantes negros ao ensino superior público
atualizado
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Desde que puniu 25 alunos por fraude no sistema de cotas raciais, no último dia 13 de julho, a Universidade de Brasília (UnB) recebeu 27 novas denúncias de irregularidades no acesso à instituição mediante o programa que garante vagas no ensino superior público a estudantes negros.
De lá até essa quinta-feira (23/7), a Ouvidoria da UnB recebeu duas novas denúncias de fraude, em média, por dia. Semana passada, a universidade expulsou 15 alunos, cancelou créditos cursados por oito pessoas e cassou os diplomas de dois formados após se assegurar de que todos fraudaram o sistema de cotas raciais.
As novas denúncias se somam a mais 100 em aberto, que estão em fase de investigação preliminar pelo Decanato de Ensino de Graduação. Em outras palavras, a universidade analisa no total 127 possíveis fraudes.
Denúncias sobre supostas irregularidades podem ser encaminhadas para a Ouvidoria da UnB. A informação deve ser enviada via e-mail, pelo endereço ouvidoria@unb.br.
Segundo a UnB, foram apresentados 15 pedidos de recurso entre os 25 estudantes já acusados de burlar as cotas raciais. As solicitações são relativas às duas cassações e a 13 desligamentos.
Rigor
Os casos já punidos foram denunciados por estudantes do Movimento Negro em 2017. Desde então, a universidade investigava essas fraudes. Após a confirmação das falcatruas e punição dos responsáveis na última semana, estudantes negros cobraram mais rigor no controle do sistema de cotas para evitar novos episódios. Pediram ainda mais empenho da instituição no combate ao racismo e na implantação de outras políticas de inclusão.
Graduandos e pós-graduandos negros defendem a criação da Diretoria de Ações Afirmativas, ligada diretamente à Reitoria da universidade. A diretoria seria composta por alunos e professores do Movimento Negro. Do ponto de vista de Jack Di Araújo Vieira, psicólogo, mestrando em Direitos Humanos pela UnB, ativista do movimento antirracista e LGBT, o novo órgão teria a missão de organizar uma banca de identificação para fazer a avaliação presencial de cada cotista aprovado, antes da matrícula na instituição.
“A implantação da Diretoria de Ações Afirmativas também teria a missão de implementar a política racial dentro da UnB. Essa é nossa maior luta. Estamos em diálogo com a Reitoria”, afirmou. “A gente também iria acompanhar e apurar os casos de racismo e dar uma resposta para a universidade. Buscar uma resolutividade desses casos”, completou o ativista.