Foragido da Kriptacoin apresenta documento falso a policiais e é preso no DF
Em um semestre, a organização criminosa teria movimentado R$ 250 milhões, segundo os investigadores
atualizado
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Policiais civis prenderam, na manhã desta segunda-feira (4/10), Uélio Alves de Souza, 47 anos (foto em destaque). Condenado por pirâmide financeira e organização criminosa no âmbito da Operação Patrick, que apurou fraude envolvendo a moeda virtual Kriptacoin, o foragido foi localizado na residência onde mora, na Colônia Agrícola Samambaia.
Ele trabalhava como pintor. Ao ser abordado pela equipe, o acusado apresentou documento falso, resultando, ainda, em prisão em flagrante.
Uélio Alves de Souza é apontado como “laranja” do grupo. Ele constituiu a empresa Kripta Coin Investimento em Tecnologia Ltda. – ME, com sede em Goiânia (GO) e nome fictício (Hélio Xavier Gomes).
A investigação, que resultou em uma das maiores apreensões já feitas pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), foi realizada pela Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraudes (Corf).
Em 2018, o juiz titular da 8ª Vara Criminal de Brasília julgou parcialmente procedente a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) condenou 13 réus, por diversos crimes relacionados à prática da pirâmide financeira.
O MPDFT ofereceu denúncia contra 16 réus, na qual narrou que os acusados se associaram e constituíram uma organização voltada para a prática de crimes de estelionato e pirâmide financeira (crime contra a economia popular), falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro, bem como o crime de organização criminosa. A denúncia, no entanto, não foi aceita quanto a dois advogados.
Uélio foi condenado a 7 anos e 8 meses de pena privativa de liberdade, além de 397 dias-multa, por crime contra a economia popular, falsidade ideológica e organização criminosa. Em razão da reincidência e da quantidade da pena, o regime prisional inicial será fechado.
Lavagem de dinheiro
Além do crime de organização criminosa e pirâmide financeira, quatro membros da Kriptacoin respondem a denúncia por lavagem de dinheiro. O MPDFT alega que o grupo adquiriu veículos de luxo com recursos de clientes lesados pelo golpe.
São investigados no esquema: Cezar da Silva, Uélio Alves de Souza, Wellington Junior Alves Santana, Wendel Alves Santana e Fernando Ewerton. De acordo com a denúncia, eles teriam pago os carros por meio de contas bancárias abertas com documentos falsos.
Conforme o argumento de defesa dos suspeitos, a aquisição dos veículos constituiu um “mero proveito econômico da infração penal do esquema, e não crime de lavagem de dinheiro”. Os investigados argumentam, ainda, não ter havido ocultação ou dissimulação da origem dos valores usados para pagamento.
Vida de luxo
A quadrilha foi desarticulada em outubro de 2017 acusada de movimentar R$ 250 milhões e de ter lesado 40 mil pessoas em Goiânia e no Distrito Federal. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentação do grupo nas regiões Sudeste e Nordeste.
Em abril de 2018, o juiz da 8ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Osvaldo Tovani determinou a venda dos 21 veículos apreendidos com os responsáveis pela moeda virtual. O juiz expediu mandado para apreensão de um helicóptero da empresa. Treze pessoas da quadrilha foram condenadas por lucrar com o esquema fraudulento.
Os acusados de coordenar as vendas do produto da Wall Street Corporate ostentavam uma vida de luxo, com carros de valores milionários, roupas de marca e joias. Entre os automóveis apreendidos no âmbito da Operação Patrick, estão: uma Lamborghini Huracan, três Porsches, duas BMWs e uma Ferrari. Em um semestre, a organização criminosa teria movimentado R$ 250 milhões, segundo os investigadores.
Relembre o caso
Os acusados criaram a moeda virtual no fim de 2016 e passaram a convencer investidores a aplicarem dinheiro na Kriptacoin. Segundo a polícia, a organização criminosa atuava por meio de laranjas, com nomes e documentos falsos.
O negócio, que funcionava em esquema de pirâmide, visava, segundo as investigações, apenas encher o bolso dos investigados, alguns com diversas passagens pela polícia, por uma série de crimes. Entre eles, o de estelionato. A fraude pode ter causado prejuízo a 40 mil investidores, muitos deles de fora do Distrito Federal.
A partir da análise da quebra de sigilo bancário e relatórios do Coaf, a investigação concluiu que os carros foram colocados em nome das mulheres dos acusados, que não possuíam rendimentos, nem meios próprios para a aquisição dos automóveis. De acordo com o MPDFT, a manobra seria utilizada como meio para ocultar a origem e destino do patrimônio adquirido ilicitamente e torná-lo um ativo lícito e não rastreável.