“Fomos deixados para trás”, diz funcionário do Hospital da Criança sobre vacina contra a Covid-19

Apesar da promessa de vacinação para todos os trabalhadores da Saúde do Distrito Federal, funcionários do Hospital da Criança de Brasília (HCB) sentem-se abandonados pela Secretaria de Saúde (SES). Após 12 dias do início do processo de imunização para as equipes da área, e do começo da vacinação de idosos, os profissionais do HCB ainda não têm perspectiva de quando serão vacinados.

“No começo da pandemia montamos uma UTI para atender crianças com Covid-19, que, com a melhora dos casos, foi desativada. Temos contato com o vírus, mas a secretaria não diz quando seremos vacinados”, protestou um funcionário do HCB, que preferiu não se identificar.

Até agora, apenas 190 profissionais que trabalham na UTI do HCB foram vacinados. Ainda assim, eles precisaram sair do hospital para receber a dose da vacina. “Foi muito estranho, eles fizeram um acordo para vacinar as pessoas fora do hospital, muita gente ainda está desprotegida”, contou o servidor.

A direção do hospital afirma aos funcionários que está em contato com a Secretaria de Saúde. Uma circular enviada aos colaboradores nessa terça-feira (2/1) diz que a unidade não recebeu uma resposta detalhada da SES.

“O HCB encaminhou diversos ofícios desde o dia 8 de janeiro, no sentido de contribuir para a logística da vacinação. No entanto, até o momento só nos foram oferecidas alternativas que não contemplam a cobertura do nosso pessoal”, afirma um trecho.

Veja o ofício:

“Enfermeiros e outros profissionais não foram vacinados, o que está gerando uma angústia, é uma mistura de sentimentos. É tão absurda essa situação. A gente é profissional de saúde, presta um serviço de qualidade, o hospital nunca parou. Fomos deixados para trás”, lamenta o funcionário do HCB.

Outro lado

Durante agenda oficial nesta quarta-feira (3/2), na entrega da base de apoio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), na 905 Norte, o secretário de Saúde Osnei Okumoto explicou a situação. Segundo ele, durante a organização da logística vacinal, quando a pasta fez a solicitação da lista de pessoas que trabalham em unidades hospitalares do DF, houve uma racionalização das doses do imunizante de acordo com o número de vacinas disponibilizadas pelo Ministério da Saúde.

“Fizemos uma solicitação para que a própria unidade possa fazer esse mapeamento dos servidores que estão mais propensos a estar de frente com os pacientes com a Covid-19. Eles estão retornando com essas listas para que a gente possa fazer o atendimento de todos”, disse o secretário.

Em nota enviada ao Metrópoles nesta quarta-feira (3/2), a Secretaria de Saúde informou que “a vacinação dos profissionais da linha de frente do Hospital da Criança de Brasília se iniciou. Serão disponibilizadas mais doses para a unidade tão logo haja mais vacinas disponíveis no DF.”