“Filha, filha, volta”, desespera-se pai de jovem morta por PM no DF
Ele precisou ser contido por amigos e familiares ao tentar entrar na casa em que o corpo da filha Jéssyka estava. Ela levou cinco tiros
atualizado
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“Filha, filha, volta. Esse cara não é dono do mundo”. Desesperado, o pai de Jéssyka Laynara da Silva Souza, 25 anos, não se conteve ao chegar, na tarde desta sexta-feira (4/5), à casa em que a filha havia sido morta, horas antes, com cinco tiros à queima-roupa. O algoz da jovem, o soldado da Polícia Militar Ronan Menezes, não aceitava o fim do relacionamento.
Restaram ao homem, a dor e a indignação. “Infeliz, desgraçado. Eu quero minha filha de volta”, dizia ao ser contido por familiares e amigos, que não deixaram que ele entrasse na casa, em Ceilândia.
Parentes e amigos afirmaram que Ronan não aceitava o fim do relacionamento. De acordo com eles, Jéssyka e o PM chegaram a ficar noivos e malhavam em uma academia diferente daquela na qual Pedro trabalhava. As duas vítimas, segundo os relatos, se conheciam, mas eram apenas amigos.
Jéssyka foi assassinada na casa dela, na QNO 15, no início da tarde. Os disparos contra Pedro foram dados na academia de ginástica onde ele trabalhava, na EQNO 2/4, minutos antes. O caso é investigado pela 24ª Delegacia de Polícia.
Até as 21h, o militar não havia se entregado e estava sendo procurado por agentes da Polícia Civil. Ele teria sido orientado por advogados a fugir do flagrante. Além disso, familiares e amigos de Jéssyka e Pedro o esperavam na delegacia.
Veja o vídeo do momento em que colegas de Pedro o socorrem na academia. As cenas são fortes:
“Louco e ciumento”
Um clima de comoção tomou conta de amigos e familiares da jovem que se aglomeravam em frente à residência dela. Os parentes contaram que já a haviam alertado sobre o relacionamento conturbado. “Falei para ela que não ia acabar bem. Ela disse: ‘madrinha, se eu for até para os Estados Unidos, ele vai me matar'”, lamentou Simone da Silva, tia e madrinha de Jéssyka.
A mulher contou ao Metrópoles que Ronan esteve na casa da vítima ainda de manhã: “Pegou a arma, mas o primo dela, que é da Polícia Militar de Goiás, segurou. Falou para ele se acalmar. Depois, Ronan voltou e a matou. O primo acordou com os tiros. Estava dormindo, pois havia trabalhado à noite”.
Outra tia da vítima relatou: “Ele era ciumento. Louco, covarde. Ela vivia para ele. Era uma menina estudiosa. Havia passado no concurso”, lembrou, referindo-se à seleção para soldado do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.
Segundo uma amiga, Jéssyka estava com medo de Ronan, de quem foi noiva, desde o mês passado, quando ele passou a ficar mais agressivo. De acordo com ela, a jovem teria dito ao ex-namorado que o denunciaria à polícia por violência doméstica (Lei Maria da Penha). Em resposta, recebeu mais ameaças.
Marcelino Bonfim, servidor público e amigo da família do professor Pedro Júnior, estava indignado: “O Pedrinho levou três tiros. Ele casou-se no ano passado, é filho do dono da academia. Nós o conhecemos desde quando ele era pequeno”.