Filha diz que professora teria contraído dengue na Colina da UnB
Natural do Rio de Janeiro, Luciana Miranda dava aulas de Administração Pública e Cooperativismo na UnB desde 2011. Ela morreu aos 55 anos
atualizado
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A professora do campus de Planaltina (DF) da Universidade de Brasília (UnB) Luciana de Oliveira Miranda (foto em destaque), 55 anos, teria contraído dengue em dezembro, na Colina – conjunto residencial onde moram docentes da instituição de ensino superior.
Segundo a filha da docente, ao menos, outros 15 moradores de um dos prédios da região também foram diagnosticados com a doença no mesmo período. À época, o Metrópoles publicou relatos da comunidade do bairro que denunciaram uma explosão de casos na região.
Luciana faleceu na última sexta-feira (1º/3) por causa insuficiência respiratória, pneumonite por hipersensibilidade e dengue. Ela estava internada em um hospital de São Paulo antes de morrer.
À reportagem a filha da professora, Renata Gomes, detalhou que a mãe havia sido diagnosticada em outubro do ano passado com pneumonia por hipersensibilidade crônica.
Dois meses depois, em dezembro, veio também o diagnóstico da dengue. “A minha mãe, ela foi internada em dezembro por causa da dengue. No prédio dela, ela morava na Colina, no Bloco I. No prédio dela 16 pessoas pegaram dengue, em dezembro”, detalha Renata.
Por conta do tratamento contra a dengue, a docente precisou interromper o uso dos imunosupressores que tomava para a pneumonia, o que acarretou em complicações no sistema respiratório.
“E aí desencadeou um processo muito mais crítico. Tanto que ela estava em um hospital, em São Paulo, quando faleceu. E estava sendo avaliada para entrar na lista para o transplante de pulmão. Só que ela estava muito fraca e aí ela não resistiu. Mas é isso, a dengue piorou e acelerou o processo”, explica a filha.
Trajetória
Natural do Rio de Janeiro, a docente ministrava aulas na UnB sobre administração pública e cooperativismo desde 2011, período em que se filiou à associação.
Luciana era bacharel em sociologia e política pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), mestre em administração pública pela Fundação Getulio Vargas da cidade (FGV-RJ) e doutora em administração pela UnB.
“Minha mãe era muito devota à universidade, aos alunos dela e ao campus de Planaltina. Ela amava muito o que ela fazia, e realmente é uma perda muito grande e assim, é complicado a questão do descaso com o patrimônio da universidade mesmo. Eu espero que a partir de agora a UnB possam cuidar para que eles controlem esses focos de dengue, especialmente na parte da moradia, na colina”, completou Renata.
A educadora também lecionou na Universidade Federal de Viçosa (UFV) por 12 anos e foi coordenadora do curso de administração por um biênio.
Homenagens
A missa de sétimo dia em memória de Luciana será nesta quinta-feira (7/3), às 18h30, na Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na 308 Sul.
Por meio de nota, a direção do campus da UnB em Planaltina lamentou a morte da professora e a definiu como “uma pessoa gentil, dedicada e admirada, que deixará lembranças em todos que tiveram a honra de conhecê-la”.
“Nós nos solidarizamos com a família e os amigos. Desejamos que todos possam encontrar conforto neste momento de dor”, completou o texto.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) informou apenas que o Núcleo de Inspeções Norte da vigilância fez “inspeção em todas as áreas da Universidade de Brasília, com orientações e tratamentos”.
Já a Universidade de Brasília destacou que mantém contato permanente com a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) do Distrito Federal para a realização periódica de diversas ações de vigilância.
Leia a nota na íntegra:
O Distrito Federal, assim como sete estados brasileiros, vive uma epidemia de casos de dengue. Em 25 de janeiro de 2024, o Governo do Distrito Federal (GDF) decretou estado de emergência na cidade. O trabalho de prevenção e combate ao Aedes aegypti envolve a participação de toda a sociedade e atenção às orientações repassadas pelos profissionais que estão atuam na epidemia.
Localizado na Asa Norte, o campus Darcy Ribeiro não está imune à presença do mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus da dengue, zika e chikungunya. A Universidade de Brasília (UnB) mantém contato permanente com a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) do Distrito Federal para a realização periódica de diversas ações de vigilância. Em novembro de 2023, a UnB solicitou à Dival-DF suporte técnico para identificar possíveis criadouros de mosquitos no campus Darcy Ribeiro e aplicação de agente natural para controle de larvas de mosquitos.
Em novembro do mesmo ano, a Universidade realizou, por meio da empresa contratada para controle e aplicação da dedetização, a antecipação da aplicação de inseticidas nas áreas comuns dos prédios da Colina. As demais edificações comerciais e residenciais também foram atendidas antecipadamente entre os dias 29 de novembro e 05 de dezembro de 2023. Ainda nos meses de novembro e dezembro, a equipe Dival-DF esteve no campus Darcy Ribeiro para realizar inspeções e orientações aos moradores da Colina.
Em janeiro de 2024, foi realizada reunião do GT contra a dengue da UnB com a Secretaria de Saúde do DF para estabelecer ações conjuntas no âmbito da Universidade de Brasília, quando foi solicitada a aplicação de fumacê nos quatro campi da Universidade. Em fevereiro, nova visita técnica foi solicitada ao GDF para ações contra dengue nas áreas da UnB, incluindo a aplicação do fumacê.
Em sintonia com as ações do Governo Federal e do GDF, a Universidade lançou campanha institucional com orientações sobre como combater a procriação do mosquito, informando toda a comunidade a respeito das ações realizadas.
O GT contra a dengue da UnB monitora e vistoria as edificações da instituição, conforme cronograma estabelecido. São providenciadas retirada de entulhos, limpeza de calhas e esgotos, locais que acumulam água parada e demais ações necessárias para evitar a proliferação do mosquito e imediato recolhimento dos entulhos e resíduos expostos nos ambientes externos e internos propícios ao acúmulo de água.
A UnB também orienta as empresas contratadas, gestores e fiscais técnicos dos contratos administrativos sobre a destinação adequada dos entulhos gerados nas obras, reformas e manutenções.
É importante informar que o ovo do mosquito Aedes pode resistir por até 400 dias em local seco e, ao primeiro contato com água, pode eclodir. São sete dias para que o mosquito evolua para a fase adulta. A orientação é que a população vistorie, ao menos uma vez por semana, seus espaços privados e de uso comum.