Ferradura no asfalto: conheça rotina dos 199 cavalos policiais da PMDF
“As pessoas escutam o som da ferradura dos cavalos no asfalto e sabem que a polícia está por lá”, conta comandante da polícia montada do DF
atualizado
Compartilhar notícia
“As pessoas escutam o som da ferradura dos cavalos no asfalto e sabem que a polícia está por lá”, conta o tenente-coronel Genilson Figueiredo de Oliveira, comandante do Regimento de Polícia Montada (RPMon) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Sob seu comando, estão 199 cavalos que garantem agilidade e imponência para as operações feitas pelos 229 policiais da RPMon.
A tropa montada da PMDF ganhou visibilidade no último domingo (8/1), de uma forma triste. Militares foram atacados por extremistas, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Sobre os cavalos, policiais foram recebidos com golpes de porrete e mastros de bandeira, durante o ato antidemocrático organizado por criminosos. Nem os animais escaparam da fúria bolsonarista, que acabou com diversos policiais feridos.
O regimento, criado em 1982, já teve cavalos sem raça definida. Entretanto, depois de algumas análises e consultas, a espécie brasileira de hipismo foi escolhida por ser considerada ideal para a atuação da PMDF. Os últimos 100 animais chegaram ao comando em 2014, por meio de um edital de compra, com o preço médio de R$ 25 mil por cada equino.
“É um cavalo mais dócil, mais fácil de manejo e de condução. Um cavalo franco, corajoso e imponente. A gente precisa dessa imponência do animal. É um cavalo grande, forte que impõe um poderio ali à frente de uma manifestação, de um meliante que a gente precisa abordar”, conta Oliveira.
O RPMon possui três esquadrões voltados para o policiamento comum, batalhão de choque e projetos sociais. Eles estão distribuídos no Parque da Cidade, onde fica o comando do regimento que trabalha para o controle de distúrbios civis, e no Riacho Fundo I, com os demais batalhões.
Para o tenente-coronel, os cavalos também aproximam a PMDF da comunidade. Ele lembra de diversas situações em que as pessoas pedem para fazer carinho e tirar foto com os bichos. “Eles se aproximam da gente, criam mais confiança e podem até ajudar o trabalho da polícia no futuro com informações”, ressalta.
Vida dos animais
Os equinos já chegam, com uma idade mínima de sete anos, com um adestramento básico para se acostumar com o contato humano. Depois, são transformados basicamente em animais policiais, com treinamento feito diretamente pelos militares, e trabalham até os 28 anos. Segundo o comandante, deve existir um conjunto entre policial e animal: “Ser praticamente um só. Uma coisa só, homem e cavalo”.
Não há trabalho com a reprodução dos animais, então a presença dos potros é incomum. Também é exigido que os equinos comprados estejam prontamente castrados. Por isso, o nascimento dos filhotes de Monalisa foram um acontecimento dentro do regimento. A égua veio grávida da última compra e gerou gêmeos em 2020, que são os cavalos mais novos da instituição.
Além disso, há as despesas de alimentação, feita principalmente com alfafa, que é uma boa fonte vegetal de proteína para o animal e o quilo pode custar por volta de R$ 25. Há, ainda, custos com medicamentos e vacinas que variam de acordo com a demanda de cada bicho.
Projetos sociais
Além da atuação no policiamento, os cavalos também participam de trabalhos sociais gratuitos para toda sociedade. As pessoas podem se inscrever para esse tipo de projeto na unidade do Riacho Fundo I, mas o tenente-coronel já adianta que existe uma fila grande por conta da alta demanda.
“A gente tem um projeto de escolinha de equitação, onde pegamos crianças, adolescentes e até alguns adultos da comunidade. E eles vêm montar aqui dentro do quartel, inteiramente gratuito. É um esporte de elite praticado aqui”, explica.
“O outro trabalho social é a quinoterapia, um programa que faz uma terapia a cavalo. A gente atende a pessoas com deficiência, tanto física quanto mental. Conseguimos através de um método interdisciplinar, com vários profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, cada um trabalhando dentro da sua área de especialidade, utilizar o cavalo para ajudar no tratamento das pessoas que precisam”, continua.