Feminicídio: “Tenho esperança na Justiça”, diz filho de Noélia
Ele participa da primeira audiência de instrução sobre o caso e espera que o suspeito de matar a mãe dele seja levado a júri popular
atualizado
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Familiares da vendedora Noélia Rodrigues de Oliveira (foto em destaque), 38 anos, morta em outubro de 2019, esperam que Almir Evaristo Ribeiro, 43, principal suspeito de ter cometido o feminicídio, seja levado a júri popular. A audiência de instrução e julgamento ocorre nesta terça-feira (04/02/2020) no Fórum de Águas Claras.
Ao todo, oito testemunhas vão falar. Entre elas estão o marido de Noélia, colegas de trabalho e a esposa de Almir. O acusado é o último a se pronunciar.
Felipe de Oliveira Mesquita, 16, filho da vítima, sabe que a prisão do principal suspeito não trará a mãe de volta. Entretanto, espera que todo o processo culmine em uma condenação.
“Já passei pelo pior, agora é correr atrás da justiça. Sei que isso não vai trazê-la de volta, mas tenho esperança na Justiça”, comenta.
Marcos Aurélio Silva, sobrinho de Noélia e que atuará também como assistente de acusação, diz que o principal objetivo é levar Almir a júri popular. “É um caso emblemático e queremos lograr êxito nessa questão”, afirma.
Indícios
Felipe Rossi, vice-presidente da subseção da OAB do Gama, também atuará como assistente de acusação e vê como importante a audiência desta terça. “Para Almir ir a júri popular são necessários indícios de autoria e materialidade. O que vamos mostrar é que as provas são suficientes para colocá-lo como autor”, explica.
Já o advogado Norberto Soares Neto, que defende o suspeito, diz que só conversará com o cliente depois de todas as testemunhas serem ouvidas. “Precisamos primeiro saber o que elas têm a dizer para dar uma orientação. É uma situação delicada”, explica.
Para ele, as provas ainda são muito frágeis e as pessoas arroladas não presenciaram o fato. “Quero saber sobre a tal materialidade. Ninguém viu o que aconteceu. Precisam mostrar muitas provas”, pondera.
O crime
Noélia foi encontrada morta no Assentamento 26 de Setembro, em Vicente Pires. De acordo com peritos do Instituto de Criminalística (IC) que analisaram o local onde o crime ocorreu, a vendedora levou um tiro à queima-roupa no rosto.
No início das apurações, o Metrópoles teve acesso a informações que faziam parte do laudo preliminar sobre o feminicídio. Elas apontavam que o disparo foi feito próximo à face de Noélia e indicaria que ela poderia estar dentro de um veículo, supostamente usado pelo autor do crime – o que se confirmou posteriormente.
O corpo de Noélia foi encontrado no dia seguinte ao desaparecimento. O enterro ocorreu em 20 de outubro. Ela tinha três filhos: dois meninos, de 16 e 5 anos, e uma garota, de 9.