Feminicida agrediu ex-companheira quando ela estava grávida de 2 meses
Anariel Roza Dias denunciou que levou chutes do ex-companheiro Cleidson Ferreira de Oliveira durante a gravidez. Ele a matou nesta madrugada
atualizado
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Anariel Roza Dias, 39 anos, morta na madrugada desta quarta-feira (16/8) pelo ex-companheiro Cleidson Ferreira de Oliveira, 37, com golpes de foice, havia registrado três ocorrências no âmbito da Lei Maria da Penha contra o assassino apenas neste ano.
A moradora de Ceilândia foi a 24ª vítima de feminicídio no Distrito Federal apenas em 2023, segundo dados do Painel de Feminicídios da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF). Em menos de oito meses, a quantidade desses assassinatos superou o total registrado em todo o ano passado.
Em janeiro, a vítima procurou a delegacia após o então companheiro agredi-la com chutes. À época, ela estava grávida de dois meses, à espera do filho do casal. A polícia não detalhou o que ocorreu com a gestação.
Anariel Roza chegou a recusar receber medidas protetivas sob a justificativa de que não se sentia em risco. Ela também preferiu não passar por exames no Instituto de Medicina Legal (IML).
Três meses depois dessa ocorrência, a vítima procurou novamente a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF); desta vez, para denunciar um episódio de injúria, ameaça e lesão corporal.
Anariel Roza relatou que o companheiro a tinha golpeado nas costas com um pedaço de madeira. Além disso, Cleidson a teria ameaçado de morte: “Vou te matar, sua vagabunda”, relatou a vítima.
Na ocasião, a vítima requereu medidas protetivas de distanciamento do agressor e o afastamento dele de casa. Porém, o feminicida não foi localizado pela Justiça para ser intimado e, portanto, não tomou conhecimento da ordem judicial.
Apesar do fim do relacionamento e da existência das medidas protetivas em favor dela, Anariel Roza foi agredida novamente. Em 30 de julho, duas semanas e meia antes de ser assassinada por Cleidson, ela denunciou outro episódio de violência doméstica.
O ex-companheiro a surpreendeu em uma rua de Ceilândia, dando um soco na boca e um chute nas costas da vítima. Ele só teria parado as agressões depois de testemunhas intervirem para socorrer Anariel Roza.
Por receio, ela recusou mais uma vez medidas protetivas, que incluíam a disponibilização de um botão do pânico, de vaga em casa-abrigo e de atendimento multidisciplinar.
Feminicídio
Após matar a vítima, na madrugada desta quarta-feira (16/8), Cleidson foi à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) 2, em Ceilândia, e se entregou. Testemunhas detalharam que ele entrou na unidade policial dizendo: “Me prende, acabei de matar minha mulher”.
Um policial militar que estava na Deam relatou que acompanhava uma vítima de outro crime quando o assassino entrou e pediu aos PMs que o prendessem.
O criminoso relatou ter deixado o corpo da vítima em uma parada de ônibus, na QNP 6/10, no P Sul, em Ceilândia.
O assassino também levou os militares até o local onde guardou a foice usada no feminicídio. A arma foi apreendida e encaminhada para perícia, e Cleidson, preso em flagrante.
O feminicida contou à polícia que fazia tratamento médico e estava afastado do emprego pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ele acrescentou que morou um tempo com a vítima, mas os dois tinham desentendimentos frequentes.
Cleidson detalhou o crime e disse que havia comprado cachaça e cigarros antes de matar a ex-companheira, durante a madrugada. Depois de sair de uma distribuidora, o criminoso encontrou Anariel Roza acompanhada de um homem no ponto de ônibus e a atacou. A testemunha fugiu.
Anariel Roza deixa dois filhos, ambos com menos de 10 anos.