Familiares de presos protestam após suspensão de visitas na Papuda
Os internos da penitenciária iniciaram uma greve de fome na 2ª feira e denunciam que estão sendo vítimas de humilhações e torturas
atualizado
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Familiares de presos do Complexo Penitenciário da Papuda se reuniram novamente em frente ao Palácio do Buriti, nesta quinta-feira (28/10), para protestar a volta das visitas normais aos internos no presídio. Segundo os parentes, por conta da greve de fome iniciada pelos detentos na segunda-feira (25/10), as visitas foram suspensas nesta quinta, como medida disciplinar.
Esta é a segunda vez na semana que as famílias se reúnem para denunciar supostos maus-tratos na Papuda. O protesto começou às 11h. Eles exigem um posicionamento da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape) para encerrar as manifestações.
“Os detentos ainda estão recebendo alimentos estragados, desde agosto. E em pouca quantidade. Não estão deixando eles nem mesmo comprar comida na cantina. Muitos ainda sofrem tortura e apanham”, denunciou a familiar de um detento, que preferiu não se identificar.
Em uma carta escrita à mão, os presos afirmam que estão sendo tratados como na “época da Ditadura Militar com humilhações, desrespeito, espancamento, negligência médica e torturas físicas e psicológicas”.
A greve de fome teria começado no Presídio do Distrito Federal 1 (PDF 1), uma unidade dentro da Papuda. Famílias querem a volta das visitas tradicionais, entre 9h e 15h. Elas foram suspensas em função da pandemia de Covid-19. Atualmente, as reuniões são de apenas uma hora e sem contato físico.
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), enviou um ofício, na quarta-feira (27/10), para a Vara de Execuções Penais (VEP) solicitando uma análise das denúncias dos familiares do internos, e a tomada de providências.
De acordo com o documento, além da falta de acesso à produtos de higiene e à alimentação, os detentos alegam, também, estarem sendo violentados com balas de borracha por parte de agentes penitenciários.
Outro lado
Em nota conjunta, a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape), a Vara de Execuções Penais (VEP), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) esclareceram que as visitas nesta quinta-feira (28/10) foram suspensas em decorrência da existência de um movimento promovido por um grupo de presos que “vêm tentando subverter a ordem e oprimir os demais, especialmente com a divulgação de denúncias anônimas que, não obstante, vêm sendo devidamente apuradas”.
Ainda, de acordo com o texto, os policiais penais apreenderam cerca de 90 facas artesanais que seriam suspostamente usadas em possível ato de rebelião. Os órgãos de execução informaram também que não houve sinais ou relatos de maus-tratos contra os presos em visitas e inspeções na Papuda.