Familiares, amigos e políticos se despedem do ex-distrital Juarezão
Ex-presidente da Câmara Legislativa morreu após bater caminhonete em carreta na BR-080 na noite dessa sexta-feira (21/06/2019)
atualizado
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O corpo do ex-deputado distrital Juarez Carlos de Lima Oliveira, o Juarezão (PSB), de 56 anos, foi enterrado na manhã deste domingo (23/06/2019) no cemitério de Brazlândia. Antes do sepultamento, o corpo foi colocado do lado de fora da capela para que a população pudesse se despedir. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) estima que pelo menos 900 pessoas deram o último adeus ao ex-parlamentar.
O corpo de Juarezão saiu do Santuário Menino Jesus por volta das 9h20. Em cortejo, seguiu na viatura de combate a incêndio do Corpo de Bombeiros pelas ruas da região administrativa onde construiu sua trajetória política. Foi enterrado por volta das 11h. As pessoas entoaram: “Juarezão, deputado do povão”.
O político morreu após um grave acidente na BR-080 na noite dessa sexta-feira (21/06/2019). O primo de Juarezão e ex-administrador de Brazlândia, Devanir Gonçalves, disse ao Metrópoles que solicitou ao governo federal, quando era gestor, a construção da terceira faixa no local onde o ex-deputado se acidentou. “Duplicação da BR-080 era uma bandeira dele. Nós oficializamos o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) sobre a área onde ele faleceu. Se tivesse a terceira faixa, teria poupado a vida dele”, desabafou.
O corpo do ex-deputado começou a ser velado na tarde de sábado (22/06/2019). Para o conselheiro do Tribunal de Contas do DF (TCDF) e ex-deputado distrital Márcio Michel, a morte de Juarezão representa grande perda. “Era um político exemplar. Ele pensava em Brazlândia 24h. Apesar de ser da base do governo, se dava bem com todo mundo”, recordou.
Do mesmo partido de Juarezão, a senadora Leila Barros, a Leila do Vôlei, o ex-governador do DF Rodrigo Rollemberg e a ex-distrital Luzia de Paula foram dar adeus a Juarezão. O ex-vice-governador e ex-presidente do MDB Tadeu Filippelli (MDB) e o ex-deputado distrital Edimar Pireneus (MDB) também estiveram presentes, assim como os distritais Cláudio Abrantes (PDT), Iolando (PSC), Júlia Lucy (Novo) e Jaqueline Silva (PTB).
O policial militar José Carlos Lima, conhecido como Lima, 52, descreveu Juarezão como uma pessoa simples e muito querida. “Nunca vi o cemitério tão cheio”, comentou. Irmã de Lima, Maria Madalena Lima, 55, afirmou que o ex-deputado era apaixonado por Brazlândia. “Gostava de folia e era humilde”, pontuou.
Durante o sepultamento, rosas foram jogadas para cima em um momento simbólico acompanhado por palmas. “O Juarezão era um servidor da saúde, sempre simples, brincalhão, mas identificado com a pobreza da população”, assinalou o ex-distrital Wasny de Roure.
Filippelli disse que conviveu com o ex-parlamentar quando Joaquim Roriz era governador do DF. “O Roriz era amigo da família e, quando tinha qualquer tipo de encontro em Brazlândia, a gente sempre parava na casa do pai dele (Juarezão) e conversávamos”, afirmou. “A gente perde um grande amigo, companheiro e uma pessoa que foi extremamente leal comigo”, disse Rollemberg, que ajudou a carregar o caixão.
Ao 56 anos, o político morreu ao bater em uma carreta na BR-080, rodovia conhecida como “BR da Morte”. O acidente ocorreu por volta das 19h de sexta-feira (21/06/2019) no Km 34 da pista, sentido Padre Bernardo (GO)-Brazlândia (DF). Juarezão colidiu na traseira de uma carreta, próximo a uma placa que sinaliza ultrapassagem proibida, em um trecho conhecido como “Sete Curvas”.
O asfalto da BR é bom mas é uma pista simples — só tem mão e contramão. Não existe pardal ou barreiras de velocidade. A via é repleta de marcas de frenagem. As curvas fechadas e a grande quantidade de carretas que trafegam no local deixam o trecho ainda perigoso.
O acidente que tirou a vida de Juarezão ocorreu perto da chácara do irmão do ex-distrital. Única testemunha da tragédia, identificada até agora pela Polícia Civil, o motorista da carreta que se envolveu na colisão deu sua versão à Polícia Civil. Ainda na noite de sexta-feira (21/06/2019), o caminhoneiro afirmou que o ex-presidente da Câmara Legislativa tentou uma ultrapassagem pela faixa da esquerda, na subida, mas, ao ver que tinha outro carro se aproximando, teria tentado voltar para a direita e batido na traseira da carreta. O ex-distrital não teria tentado frear, segundo disse.
Nesse sábado (22/06/2019), repetiu a versão, desta vez formalmente, na 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), que instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente. Ao Metrópoles, Wanderlei Rodrigues da Silva confirmou que transportava uma grande quantidade de brita e estaria trafegando em baixa velocidade na BR-080, próximo à região das “Sete Curvas” e da Pedra Preta.
O limite de velocidade na via é de 80km/h. “Mas como era uma subida e a carreta estava carregada, trafegava um pouco abaixo da velocidade. Ele (Juarezão) tentou ultrapassar, mas não conseguiu. Depois da batida, eu parei, cheguei perto da caminhonete e vi que ele se mexia. Estava vivo. Sinalizei para os veículos pararem e liguei para os Bombeiros”, ressaltou. O motorista afirmou ainda que desligou a bateria da caminhonete para evitar explosão.
O caminhoneiro disse que, logo após o acidente, o ex-distrital não conseguiu falar com ele, mas sim com os Bombeiros. O braço estava quebrado, mas Juarezão ainda teria ajeitado a calça e o cinto. “Quando os socorristas chegaram, quebraram os vidros para retirá-lo”, assinalou. A testemunha destacou também que sempre circula pela região e que o trecho é muito perigoso. “Não há sequer acostamento”, afirmou. O condutor do carro do qual Juarezão tentou desviar não foi identificado.
De acordo com o delegado-chefe da 18ª DP, Raphael Seixas, além do depoimento do motorista da carreta Wanderlei Rodrigues da Silva, outras oitivas serão colhidas ao longo da semana. “Esse caso é prioridade para a delegacia. A perícia já está sendo feita nos veículos e também vamos voltar ao local para checar as condições da via. Precisamos apurar se a versão do caminhoneiro procede, se a ultrapassagem foi feita em faixa contínua. Todas essas informações serão reunidas no inquérito. A necropsia também foi feita e aguardamos os resultados dos laudos”, explicou.