Família prodígio: menina de 6 anos compete a mesmo prêmio do ITA que irmão ganhou
De 700 competidores com até 14 anos, 35 foram selecionados e disputam a final. Menina de Águas Claras é a criança mais jovem
atualizado
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Uma menina de 6 anos, moradora de Brasília, está entre os semifinalistas do concurso Prêmio Sócios-Mirins da Associação dos Engenheiros do Instituto Tecnológico Aeronáutica (Aeita). De 700 competidores com até 14 anos, 35 foram selecionados e disputam a final, que deve ser divulgada em 31 de agosto. De Águas Claras, Luna Abiorana Guedes é a criança mais jovem na competição. Caso ganhe, ela vai para representar o Distrito Federal e conhecer o polo aeroespacial brasileiro, em São Paulo.
A menina prodígio tem um exemplo em casa. O irmão mais velho de Luna foi uma das 10 crianças selecionadas no ano passado. Theo Abiorana Guedes, 8, é interessado em estudar o Sistema Solar e também ganhou medalha de ouro na 24ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA).
Os dois são identificados com altas habilidades e apresentam facilidades nas áreas artísticas, de raciocínio lógico e linguagem. A mãe dos meninos, Fernanda Abiorana, 45 anos, contou que Luna com 3 anos já fazia conta de adição e subtração e aos 5 anos desenvolveu habilidades para calcular números elevados a potências, como ao quadrado e ao cubo.
Os feitos da criança já foram reconhecidos internacionalmente. Luna gosta tanto de observar o espaço que participou da 24ª Edição de Caça aos Asteróides. O programa é em parceria do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com a estatal americana Nasa. Luna encontrou dois possíveis asteroides que estão em análise preliminar. A confirmação se são mesmo corpos celestes demora em média 10 anos e é feito por pesquisadores da agência americana nesse tempo.
Aos 4 anos, Luna já sabia ler e escrever. Hoje, aos 6, tem desenvolvido um livrinho sobre energia renovável. Ela começou a aprender a jogar xadrez em 2022 e neste ano ganhou o segundo lugar em torneio interescolar do jogo. “Ela adora subir no pódio”, brincou a mãe.
Assim como o irmão, Luna participou da 24ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Aos 6 anos, ela teve “apenas” 83 pontos de 100 do total e não ganhou a medalha. Todos essas realizações foram apresentadas à competição da associação de engenheiros do ITA e contribuíram para a classificação da menina entre as 35 pessoas selecionadas.
A competição de 2023 permite crianças de 7 anos (completos no ano) a 14 anos. Luna tem 6 anos, mas como vai fazer 7 em dezembro e por isso pode participar. Ela é a criança mais jovem na seleção.
Criando crianças notáveis
Os pais Marcelo Santiago Guedes, 47, e Fernanda Abiorana se dividem entre o orgulho e a responsabilidade em criar duas crianças com essas características notáveis. “Se as habilidades forem desenvolvidas, os estímulos podem diminuir”, comenta o pai.
“São crianças muito curiosas que querem saber tudo e a gente sempre quer estimular mais o conhecimento”, acrescenta a mãe. Fernanda destaca o fato de terem descoberto ainda cedo sobre a superdotação dos dois.
“O fato de identificar nessa idade pode trabalhar melhor na infância para o desenvolvimento e agora para orientação”, destaca a mãe. “Quando a criança não é identificada, ela começa a achar que a atividade é muito fácil e termina muito rápido, então começa a ‘perturbar’ na sala, por exemplo”, complementa a mãe.
Segundo Fernanda, eles começaram a perceber habilidades diferentes no Theo a partir dos desenhos. “Em tudo o que ele queria se expressar ele desenhava. Conseguia se comunicar pelas imagens”. Os pais do menino o levaram a um neuropsicólogo, que após testes identificou a superdotação.
O especialista avisou aos pais que por ser uma condição genética seria capaz das altas habilidades se manifestarem também na filha. Conforme Luna apresentava características semelhantes a do irmão, o casal levou a caçula também para uma consulta. Após outros exames, o médico identificou na menina o avanço para a idade.
“É preciso estimular, até porque há uma subestimação e quando é menina essa subestimação ainda é maior”, destaca o pai.
DF tem 756 estudantes na rede pública
De acordo com a Secretaria de Educação, rede pública de ensino do DF tem 756 estudantes com altas habilidades ou superdotação. Assim como os meninos prodígios da família Guedes, os estudantes matriculados são atendidos, de forma suplementar, pelas Salas de Recursos Específicas nas Coordenações Regionais de Ensino (CRE).
O aluno tem classes regulares em salas de aulas de qualquer escola do DF e são atendidos no contraturno nessas salas de recursos específicos com atividades, tanto para altas habilidades acadêmicas (nas disciplinas escolares), quanto para aqueles com altas habilidades em talentos, como música, artes plásticas e artes cênicas. “Um total de 30% das vagas são destinadas a estudantes da rede privada”, informou a secretaria em nota.
A pasta reforça que para receber atendimento, o estudante deve participar de processo de avaliação de uma equipe especializada e de um professor itinerante, de 4 a 16 encontros.
Projeto Sócio-Mirins
É um projeto da Associação dos Engenheiros do Instituto Tecnológico Aeronáutica que seleciona 10 crianças que sejam destaque em áreas relacionadas a Ciências, Engenharia e Inventividade.
Os selecionados vão poder conhecer de perto o polo aeroespacial brasileiro, em São José Dos Campos. crianças também visitam o Instituto Tecnológico Aeronáutica, Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).