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Família diz que cadeirante morto em ônibus reagiu a outros roubos

Marcílio da Silva Neto, 57 anos, morreu ao ser baleado em ônibus na BR-020 na terça-feira (29/10/2019)

atualizado

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Myke Sena/Especial para o Metropoles
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1 de 1 assalto21 - Foto: Myke Sena/Especial para o Metropoles

A família de Marcílio Pereira da Silva Neto, 57 anos, disse ao Metrópoles que esta não foi a primeira vez em que o cadeirante reagiu a um assalto. Morador de Planaltina de Goiás, o homem foi assassinado durante roubo a ônibus em Sobradinho, na terça-feira (29/10/2019), em um trajeto que estava acostumado a fazer todos os dias para ir ao Plano Piloto, onde frequenta uma igreja católica.

Segundo Jéssica Pereira Nunes, sobrinha da vítima, a família já havia alertado o cadeirante do perigo de enfrentar os criminosos. “Não foi a primeira vez que ele reagiu. A gente tentava falar, mas meu tio dizia que nunca ia deixar o assaltarem. Das outras vezes, os bandidos só bateram nele. Agora, não teve sorte.”

Marcílio,  segundo a sobrinha, sofria com distúrbios mentais e morava com a irmã e a mãe, portadora de Alzheimer. De acordo com Jéssica, os familiares estão em choque com a notícia da morte do parente.

“Eu moro em Planaltina de Goiás e trabalho no Hran [Hospital Regional da Asa Norte]. Por volta das 11h40, recebi a ligação de um conhecido dizendo que tinha escutado sobre a morte do meu tio. Nessa hora, desci na primeira parada, desesperada. Estamos todos muito abalados, sem condições de irmos até o IML [Instituto Médico Legal]”, narrou.

À reportagem, a sobrinha descreveu Marcílio como um “tio amoroso que sempre quis cuidar da família”. “Ele tinha seus defeitos, como todo ser humano, mas era extremamente carinhoso e sentimental. Quando a gente brigava com ele, era o primeiro a chorar. Minha avó (mãe da vítima) está em choque, tem chorado o dia todo”, disse.

O caso

Marcílio morreu após reagir a um assalto no ônibus da linha 640.2. Imagens da câmera de segurança de um outro coletivo que vinha atrás mostram o momento em que o homem acusado do crime desce do veículo. Na gravação, é possível ver o bandido com um boné e uma sacola na mão, onde estariam os pertences dos passageiros roubados.

O criminoso saiu do coletivo momentos após disparar contra o peito de Marcílio. A vítima, que morreu no local, seguia para uma igreja. Até a última atualização deste texto, o criminosos seguia foragido.

Veja o vídeo. O suspeito aparece a partir do segundo 52:

Terror

Passageiros da linha 640.2, que fazia o percurso Planaltina/W3 Norte e Sul, viveram momentos de terror. Por volta das 10h30, um homem entrou no coletivo na BR-020. Segundo as testemunhas, inicialmente, o bandido ficou na frente, só observando. Depois, pagou passagem e começou a assaltar as vítimas. “Passa o celular, passa o celular”, ordenava.

Letícia Andrade, 29 , estava entre os cerca de 40 passageiros do ônibus da Piracicabana. “Ele (assaltante) passou com uma sacola grande de supermercado recolhendo os nossos pertences. Muitas pessoas estavam agachadas. Quando estava perto de descer, o senhor o agarrou pela cintura e aí eu escutei dois disparos. Foi um desespero, muitas pessoas nervosas e chorando”, contou.

O criminoso, que está sendo procurado, desceu uma parada antes da Quadra 18 de Sobradinho e mandou o motorista seguir. Quando o veículo parou, todos os passageiros desceram correndo, com medo.

7 imagens
Caso aconteceu na cidade de Manaus (AM) e foi registrado no 6º Distrito Integrado de Polícia (DIP)
Assalto ocorreu na BR-020, entre Planaltina e Sobradinho
Letícia Andrade estava no ônibus no dia do crime
Titular da 13ª DP, delegado Hudson Maldonado
A vítima seguia para uma igreja quando reagiu ao assalto e foi baleado
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Marcílio Pereira da Silva Neto, 57 anos, foi morto por Kleilson durante assalto

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Caso aconteceu na cidade de Manaus (AM) e foi registrado no 6º Distrito Integrado de Polícia (DIP)

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Assalto ocorreu na BR-020, entre Planaltina e Sobradinho

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Letícia Andrade estava no ônibus no dia do crime

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Titular da 13ª DP, delegado Hudson Maldonado

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A vítima seguia para uma igreja quando reagiu ao assalto e foi baleado

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Um tiro atingiu Marcílio. O outro, o teto do ônibus. A auxiliar de limpeza Maria do Socorro Silva, 56, disse que estava mexendo no celular e, quando se deu conta, todas as vítimas estavam no chão.

“Ele (assaltante) passou gritando: ‘Passa o celular, passa o celular!’. Até então não queria entregar, e muitas pessoas também não. Mas, depois do tiro, todos ficaram com medo e entregamos. Não tive coragem de olhar para o rosto dele. Foi horrível, uma cena de terror”, relatou a trabalhadora.

Chefe da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), Hudson Maldonado disse que a PCDF está atrás do bandido. Um helicóptero sobrevoa a região onde ocorreu o assalto. O investigador suspeita de que o homem não tenha agido sozinho. É possível que uma pessoa, de motocicleta, estivesse dando apoio ao marginal do lado de fora do coletivo.

O delegado informou que, até o momento, a polícia tem apenas a descrição física do criminoso. “Ainda verificamos se há imagens de câmeras de segurança. Importante alertar que as pessoas não reajam a assaltos, ainda mais quando o bandido está com uma arma”, destacou.

Segundo o sargento Wellington Cruz, da PMDF, uma viatura da corporação passava no local, quando o coletivo deu sinal de pisca alerta. “Os passageiros saíram correndo, em pânico. O criminoso já havia fugido”, disse o militar. O ladrão fugiu carregando celulares, carteiras e documentos. Testemunhas contaram que o assaltante era maior de idade, usava roupa preta, boné amarelo e óculos laranjados.

Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) apontam que, somente nos primeiros nove meses de 2019, foram registrados 1.209 roubos a transporte coletivo no Distrito Federal. A média é superior a quatro assaltos por dia. Na semana passada, um motorista que trabalhava na região do Sol Nascente, em Ceilândia, levou um tiro no rosto durante um roubo em plena luz do dia.

As câmeras de segurança do ônibus flagraram o momento em que Elson Ferreira, 29, foi baleado no dia 23 de outubro. Os bandidos entram no veículo no coletivo e logo atiram contra a vítima. Na imagem, é possível ver o clarão provocado pelo disparo.

Segundos depois, o condutor perde o controle do veículo e bate em um muro de uma chácara, localizada no Sol Nascente, em Ceilândia. Três suspeitos foram presos, incluindo um adolescente de 15 anos e o irmão dele.

Assista ao vídeo do assalto:

Medo em Samambaia

Um dos pontos mais críticos é Samambaia. Reportagem publicada pelo Metrópoles nesta terça-feira mostra que, de janeiro a outubro de 2019, 254 ocorrências de roubo a coletivo foram registradas na área norte da região administrativa, ou seja, 20% a mais em relação ao mesmo período do ano passado.

Motoristas e cobradores ouvidos pela reportagem ressaltam que os crimes, antes cometidos à noite, passaram a acontecer durante o dia, principalmente por volta das 12h.

Em setembro, o número de registros em Samambaia Norte saltou de seis para 26 assaltos. Conforme dados obtidos pelo Metrópoles, a Quadra 425 é a que tem o maior registro de casos. Até agora, são 72 denúncias. O dia em que os episódios de violência ocorrem com mais frequência é na quinta-feira, das 12h à 0h.

O mês que mais apresentou aumento foi julho, passando de 14 ocorrências para 49, ou seja, 250% a mais. Em agosto, houve uma pequena redução, mesmo assim, 44 assaltos foram computados na ocasião. No entanto, se comparado ao mesmo período de 2018, o aumento é de 131%.

“Os rodoviários estão recusando-se a trabalhar nessa área. Sentem muito medo. Os assaltantes sempre agem armados com facas, com violência. Nós fizemos várias reuniões com a polícia em Samambaia pedindo maior intensificação nas abordagens. Os assaltos, agora, acontecem durante o dia, por volta das 11h às 12h, que é a hora de parada do pessoal do primeiro turno”, detalhou o secretário-geral do Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal, José Wilson.

Questionada sobre a segurança em Samambaia Norte, a Polícia Militar explicou, por meio de nota, que uma das dificuldades enfrentadas pela corporação é de que muitos criminosos são reincidentes. “Mesmo assim, não permanecem presos. Além disso, na região, o acesso a uma mata facilita a fuga dos criminosos”, diz o texto.

Em entrevista ao Metrópoles, o secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, afirmou que as solturas contribuem para o aumento da sensação de insegurança entre os brasilienses. “A questão de segurança tem solução: prisão e manutenção da prisão. Estamos com um problema muito grave no Brasil, que se prende e solta”, criticou.

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