Família denuncia que 20 coroas de flores foram roubadas de túmulo no DF
Parentes de idosa vítima de Covid-19 retornaram ao cemitério Campo da Esperança nesse domingo, após o enterro, e não encontraram as flores
atualizado
Compartilhar notícia
A família de uma idosa do Distrito Federal, vítima de Covid-19, registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do DF (PCDF) denunciando que 20 coroas de flores foram furtadas do túmulo da mulher, nesse domingo (30/8).
Filonília Coelho da Rocha Ribeiro faleceu aos 89 anos, no Hospital Brasília, na madrugada de sábado (29/8). Ela foi sepultada na tarde do mesmo dia, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
Ao Metrópoles, a filha de Filonília contou que, após o enterro, retornou ao cemitério no dia seguinte para recolher as faixas que estavam nas coroas, a fim de guardá-las como recordação. “Quando eu cheguei lá, por volta das 16h, não tinha mais nada”, diz Fernanda da Rocha Ribeiro Almeida, 45.
Fernanda foi, então, na administração do cemitério para relatar o ocorrido. “Mas me disseram que não foi furto. Que ao final do dia eles recolhem tudo, todas as coroas”, conta.
“Minha mãe foi enterrada no mesmo túmulo que o meu pai. Eu sempre levo flores para ele e isso nunca tinha acontecido. Eu falei para eles que queria de volta, mas me disseram que jogaram no lixo”, relata.
Indignada com a situação, a família registrou um boletim de ocorrência on-line. “Tendo em vista que ela não pôde ter um velório [por ser vítima de Covid-19], aquilo era o carinho e o conforto que ela estava recebendo de quem a ama. É muito doloroso para a gente”, desabafa.
A família tirou fotos do túmulo no sábado, com as coroas de flores, e no domingo, após o suposto furto. De acordo com Fernanda, ficaram no local apenas vasos de plantas que ela levou para homenagear o pai há cerca de duas semanas, após o Dia dos Pais. Veja abaixo:
De acordo com o boletim de ocorrência, após a funcionária da administração dizer à família que o cemitério recolhia as flores ao final do dia, a entidade teria retificado a informação aos parentes.
“A administração informou que desconhece o procedimento informado pela funcionária e que o prazo de permanência de coroas de flores sobre sepulturas é de três dias”, consta na ocorrência.
Ação na Justiça
Após o caso, a família contratou um advogado. Conforme Hugo Cysneiros, sócio do Sarubbi Cysneiros Advogados Associados, nos próximos dias o defensor deve entrar com uma ação “para ver se na Justiça o Campo da Esperança muda esse posicionamento”.
“Existe uma concessão que foi confiada a uma empresa que precisa zelar pelo uso do espaço e pela própria tutela do que está ali”, assinala.
Segundo Hugo, a família está abalada com o suposto furto e apenas busca por justiça. “No momento que familiares depositam aquelas coroas, eles imaginam que aquilo deve ser cuidado por parte do cemitério”, comenta.
“É chocante saber que o cemitério lida com essa questão de furto como algo trivial. O que mais nos surpreende é que administração reconhece que isso acontece e acha algo natural”, pontua.
O que diz a Campo da Esperança
O Metrópoles procurou a empresa Campo da Esperança para um posicionamento sobre o caso. Em nota, a entidade afirmou que “as coroas postas pela família que reclama do furto não foram retiradas por funcionários da Campo da Esperança”.
“Os funcionários da empresa somente retiram as coroas quando as flores já estão secas ou apodrecidas. O procedimento é necessário para manter o cemitério limpo”, acrescenta a empresa.
De acordo com a instituição, a segurança da unidade da Asa Sul é feita 24h por quatro equipes de quatro seguranças desarmados, que fazem rondas em automóveis da empresa em toda a aérea do cemitério. Apesar de o resguardo dos bens móveis caber à concessionária, a empresa informou ainda que “por se tratar de área pública, não pode impedir a circulação de pessoas”.
A reclamação foi registrada pela administração do cemitério e a concessionária disse que acionará os órgãos responsáveis. Ainda segundo a empresa, “já ocorreu um caso semelhante há alguns anos, e o suspeito foi detido pela Polícia Civil”.
A Secretaria de Segurança Pública do DF foi procurada para fornecer dados referentes a furtos semelhantes, ocorridos nas dependências do Cemitério Campo da Esperança. No entanto, a pasta informou que não possui esses dados, uma vez que esse tipo de ocorrência se enquadra na natureza de “furtos diversos”.