Família de pai e filho assassinados por vizinho deixa condomínio
Segundo irmão da vítima, viúva e filhos só voltam quando tiverem certeza de que acusado vai ficar preso definitivamente
atualizado
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A esposa e os outros dois filhos do servidor da Presidência da República Anderson Ferreira de Aguiar, 49 anos, que foi assassinado junto com o filho mais velho, Rafael Macedo Aguiar, 21, na noite de sexta-feira (8/12), deixaram o imóvel no qual a família mora e foram para a casa de parentes no Guará. O crime ocorreu no condomínio Estância Quintas da Alvorada, no Jardim Botânico.
Ele se refere a Roney Ramalho Sereno, 43, servidor do Ministério Público da União lotado na Procuradoria-Geral da República (PGR), que está preso na Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade. Ele foi transferido para Papuda nesta terça (12).“Tomamos essa atitude momentaneamente porque não queremos que a família continue morando ao lado da casa desse vizinho, um assassino profissional. Eles estão muito abalados e não querem ficar no local desde o dia do crime. Só voltam quando tivermos certeza de que esse homem ficará preso”, disse o irmão de Anderson, o comerciante Emerson Ferreira, 43.
O homem é acusado de ter matado a tiros os vizinhos após uma briga, no Jardim Botânico. Anderson Ferreira morreu na hora. Atingido na cabeça, o filho dele chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros, mas veio a óbito ao dar entrada no hospital.
“Esse vizinho interrompeu os planos de vida do meu irmão e do meu sobrinho. O Rafa havia acabado de passar em veterinária e começaria a estudar em janeiro. Era o sonho dele”, comentou Emerson. Segundo ele, o servidor da Presidência era “um cara incrível”. “Estamos assustados com tanta intolerância”, acrescentou. Anderson deixou esposa e dois filhos, de 16 e 18 anos.
Cadeado
O Metrópoles esteve no local do crime, na manhã desta segunda-feira (11/12), mas as duas residências, tanto a da família da vítimas quanto a do acusado, se encontravam vazias. O portão da casa de Roney estava trancado por correntes e cadeado.
No domingo (10), Roney teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, durante audiência de custódia. Em sua decisão, a juíza Luana Lopes da Silva disse que o caso indica “a crueldade e frieza do acusado na prática do crime” – o qual, segundo ela, tem características de execução.
“Consta ainda que o ato praticado teria sido premeditado, vez que [Roney] teria enviado anteriormente um envelope às vítimas, com uma munição”, destacou a magistrada. A família das vítimas diz, também, que o acusado encaminhou uma carta, à qual o Metrópoles teve acesso em primeira mão nesse domingo, na qual teria disparado, entre outras ameaças: “todos pagarão”.
Para Luana da Silva, colocar o acusado em liberdade “seria um risco à segurança das demais pessoas que com ele convivem, inclusive no ambiente de trabalho”. Por isso, a juíza converteu a prisão flagrante em preventiva, para “manter a ordem pública”.
O crime
Vizinhos informaram à polícia que os desentendimentos entre os envolvidos se arrastam desde 2014. Segundo a Polícia Militar, tudo começou porque o autor havia instalado uma lixeira próximo à casa das vítimas. De acordo com informações, Roney também sempre mandava caminhões com materiais de construção estacionarem em frente à residência dos Aguiares.
No interior do domicílio do acusado, na Quadra 2, Conjunto 7 da Estância Quintas da Alvorada, foram encontrados um revólver, uma pistola, uma espingarda e mais de 30 mil munições. Roney faz parte da Federação Brasiliense de Tiro Esportivo (FBTE). Após o episódio, a entidade divulgou uma nota de repúdio.
“A Federação, que tem por objetivo incentivar a prática do esporte olímpico de tiro esportivo, não pactua com atitudes violentas, principalmente como essa que ocasionou a morte de pai e filho. Diante da conduta desse filiado, a diretoria da FBTE irá se reunir na próxima semana para formalizar sua expulsão”, informou.
Em nota, a PGR informou que vai abrir um procedimento administrativo, já que Roney é servidor efetivo do MPU, para apurar a situação. “Ele será exonerado do cargo em comissão que ocupa e está com o salário suspenso, por não estar no efetivo exercício das funções”, informou o órgão.
Em depoimento à polícia, a mulher de Roney Sereno relatou que Anderson era muito nervoso e sempre “implicava com coisas pequenas”, tais como objetos encostados no muro, na lixeira ou com veículos estacionados em sua porta.
De acordo com a declaração dela, ainda, os vizinhos jogavam fezes de cachorros em frente à sua residência. A família Aguiar negou. A mulher ressaltou, por fim, que não presenciou a briga e acordou assustada com o barulho de disparos de arma de fogo.