Família de preso assassinado em ala psiquiátrica da Colmeia responsabiliza o GDF
Rafael Sanromã Lauande respondia na Justiça por furto cometido em 2018. Na última semana, ele foi transferido de uma clínica para a Colmeia
atualizado
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A família do detento assassinado por outro preso com um pedaço de vaso sanitário responsabiliza o Governo do Distrito Federal (GDF) pela morte. Rafael Sanromã Lauande, 35 anos, foi morto para a ala psiquiátrica da Penitenciária Feminina do DF – conhecida como Colmeia.
Ao contrário do restante da cadeia, que é exclusiva para mulheres, a ala psiquiátrica recebe detentos de ambos os sexos.
Rafael respondia a um processo por furto de uma mochila cometido em 2018, na Universidade de Brasília (UnB). À época, por ter um laudo que comprovava o quadro de esquizofrenia, ele conseguiu liberdade provisória mediante internação em uma clínica psiquiátrica.
Em maio deste ano, a Justiça do DF absolveu Rafael por considerar que a doença impediu que ele tivesse a compreensão do crime cometido.
Contudo, a sentença do juiz Fernando Brandini Barbagalo determinou que ele fosse internado em um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico por pelo menos um ano, em razão de ser “portador de periculosidade”.
“Embora o crime cometido pelo réu tenha sido sem violência ou grave ameaça, verifica-se que o acusado é portador de periculosidade, pois segundo o perito responsável pelo incidente de insanidade mental, é recomendável tratamento em regime de internação psiquiátrica, pelo prazo mínimo de um ano, sobretudo considerando que, o réu recusa-se a tratamentos e medicamentos, não tem insight de sua doença mental”, destacou o juiz.
Transferência de clínica
A decisão do magistrado foi cumprida na última sexta-feira (7/7), quando Rafael foi retirado de uma clínica de internação particular e transferido para a ala psiquiátrica da Colmeia.
Quatro dias após a transferência para a penitenciária, o detento foi vítima de golpes de pedaços de um vaso sanitário por outro preso, identificado como Henrique Melo Silva Faria, 26 anos. O autor foi autuado em flagrante.
Segundo o advogado da família de Rafael, o GDF deve ser responsabilizado pelo assassinato. Para a defesa, a ala psiquiátrica do presídio não era o local adequado para mantê-lo.
“Como se extrai da decisão judicial, a vitima já estava internada em um local adequado, fazendo tratamento desde 2018, época do crime. E agora saí uma sentença determinando que esta pessoa seja levada para ser tratada em um presidio, que não e o local adequado para tratar pessoas com transtornos mentais. Logo o GDF é responsável por essa morte”, alega Walisson dos Reis.
A reportagem procurou o GDF sobre a questão e aguarda retorno.
Vingança
Aos policiais Henrique afirmou ter cometido o crime por vingança. Segundo o detento, Rafael contou, pouco antes da desavença, que matou o irmão de Henrique, em 2014. A informação do assassinato por parte da vítima, porém, não foi confirmada.
Henrique, então, disse que iria matá-lo e quebrou o vaso sanitário da cela. Os dois se armaram com pedaços de cerâmica e partiram para a briga.
Rafael foi atingido inicialmente em um braço e na testa. Ferido, ele caiu e levou mais quatro golpes no pescoço e seis no peito.
O agressor foi retirado logo em seguida, algemado e encaminhado ao hospital para fazer uma sutura no braço. Em seguida, foi conduzido a uma delegacia de polícia para as providências legais. O homicídio é investigado pela 14ª DP (Gama).
Velório
O corpo de Rafael será enterrado na tarde desta quinta-feira (13/7) no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
Por meio de publicação nas redes sociais, a mãe da vítima prestou homenagem ao filho e lamentou não ter se despedido do primogênito.
“Sua vida nada fácil, suas provações sempre difíceis nesse mundo, tantos planos desfeitos, tantos sonhos não realizados. Sua missão foi cumprida em uma breve passagem pela Terra, 35 anos te amando incondicionalmente. Vou te amar pra sempre, meu menino”, declarou Andréia Sanromã.