Faltou sabedoria para não matar, diz tia de vítima baleada por PMs
Tia de Islan da Cruz relatou que jovem de 24 anos foi morto com um tiro na cabeça, após motorista do carro em que ele estava fugir de blitz
atualizado
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Parentes de Islan da Cruz Nogueira (foto em destaque), 24 anos, veem excessos na abordagem de policiais militares que mataram o jovem com um tiro na cabeça, durante uma blitz na noite do último sábado (28/10). A vítima estava no banco do passageiro de uma BMW que furou uma blitz, quando foi baleada por PMs e não resistiu.
Tia de Islan, a cabeleireira Mari Luiza da Cruz, 42, detalha que o sobrinho foi baleado na cabeça durante perseguição no Eixo Monumental. “Os tiros não foram direcionados ao pneu [do carro], o que seria o correto. Eles [os policiais] teriam de ter sabedoria para atirar e não matar, não tirar uma vida”, completou.
Islan morreu depois de o motorista do carro em que ele estava, o empresário e engenheiro Raimundo Cleofás Alves Aristides Júnior, 41, fugir de uma blitz. Além disso, o condutor estava alcoolizado e atropelou um dos PMs da operação de trânsito. O militar passa bem.
Após furar o bloqueio, os policiais atiraram contra o automóvel, inclusive o PM atropelado, que disparou enquanto ainda no chão. Os tiros, porém, acertaram Islan, que morreu sem chegar ao hospital, enquanto Raimundo fugia.
Fontes da área de segurança pública informaram ao Metrópoles que a BMW tinha 15 multas em aberto registradas no Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF). Os débitos somavam R$ 2 mil, mas o automóvel não está em nome de Raimundo.
Islan tinha dois empregos. Ele trabalhava durante o dia em um grande supermercado de São Sebastião, onde morava, e à noite trabalhava em uma pizzaria nos Jardins Mangueiral. A pizzaria pertencia à família de Raimundo Cleofás. Assim como Islan, o empresário também era morador da região administrativa.
Afastamento das funções
Oito policiais militares envolvidos na morte de Islan foram afastados das funções. Chefe do Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran) da PMDF, o coronel Edvã Sousa afirma que a medida faz parte do rito processual da investigação.
Os militares vão passar por avaliação psicológica dentro da corporação, e os exames dirão se eles têm condições de voltar às ruas.
O coronel acrescentou que os policiais atiraram contra o veículo depois de Raimundo desobedecer à ordem de parada. Os que dispararam se tornaram alvo de Inquérito Policial Militar, para apuração das circunstâncias do ocorrido, e tiveram as armas apreendidas.
“Com o laudo técnico, vamos dizer se eles vão voltar [para as ruas] ou seguirão para a parte administrativa. [da PMDF]. Hoje, eles estão afastados não porque são investigados, mas pelo processo. Esse é o rito estabelecido para apurações assim”, afirmou Edvã Sousa.