Falta de profissionais e de remédios agrava fila de 21,5 mil pessoas para endoscopia no DF
Relatório final do TCDF mapeou falhas graves de gestão no serviço para diagnóstico de doenças no estômago, intestino e outros órgãos
atualizado
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Graves falhas de gestão sustentam a dramática fila de 21.500 pacientes à espera de endoscopias e colonoscopias no Distrito Federal. Segundo o relatório final da auditoria do Tribunal de Contas (TCDF) sobre os serviços na rede pública, faltam profissionais, remédios e insumos.
Os exames são necessários para o diagnóstico de doenças no estômago, no intestino, no esôfago, no duodeno e em outros órgãos. Segundo o corpo técnico, o serviço sofre com falta de médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem — só o Hospital de Base amarga um déficit de 42 profissionais de saúde capacitados para a endoscopia, por exemplo.
O estudo ainda flagrou o desperdício de profissionais aptos para exames de endoscopia, atualmente escalados para outras atribuições. Com o remanejamento, salas e equipamentos disponíveis poderiam ser usados para mitigar a extensa fila.
Segundo o relatórios, os itens em maior falta para a realização dos exames são pinças de biópsia, frascos coletores e agulhas. A rede também sofre com ausência de insumos, a exemplo da lidocaína, anestésico utilizado para aliviar o desconforto nos procedimentos.
O TCDF encontrou diversos equipamentos inoperantes, incluindo 40 tubos endoscópicos. Cada sala de exames de endoscopia deve possuir, no mínimo, uma torre endoscópica, três tubos e uma máquina para a limpeza dos tubos.
Sujeira
Ao menos nove máquinas de limpeza estão quebradas e sem perspectiva de conserto. O corpo técnico identificou a falta de escovas e de glutaraldeído, um desinfetante bactericida próprio para a esterilização dos tubos nas endoscopias digestivas. Diante da situação, a limpeza está sendo feita manualmente.
A auditoria mapeou a ausência de salas aptas para a realização de exames e para recuperação dos pacientes. O Hospital Regional de Taguatinga (HRT), por exemplo, tem buracos no teto, infiltrações nas paredes, aparelhos de ar-condicionado e equipamentos quebrados, macas enferrujadas e poltronas rasgadas.
Inconformidades
Segundo o TCDF, uma inspeção realizada pela Vigilância Sanitária interrompeu a realização de exames de endoscopia foi interrompida no Hospital Regional de Santa Maria (HRSam) após o flagrante de inconformidades no local de atendimento.
No Hospital Regional da Asa Norte (Hran), uma sala foi desativada na pandemia de Covid. A justificativa foi a necessidade adequação sanitária. O espaço ainda não foi reativado, pela falta de uma torre endoscópica. E mesmo tendo um aparelho de broncoscopia, para endoscopia respiratória, falta local para os exames nas vias aéreas.
O TCDF cobrou soluções da Secretaria de Saúde e do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF). O prazo para apresentação de relatório com medidas para resolver a crise é de 180 dias. O tempo é crucial. Entre os pacientes na fila para atendimento, 5 mil aguardavam havia mais de dois anos.
Outro lado
Segundo a Secretaria de Saúde, o plano de ação para atendimento dessa demanda está em fase de elaboração pela área técnica e visa otimizar os serviços, assegurar o acesso dos usuários e ampliar a oferta hoje existente. A pasta citou os impactos da pandemia na rede pública e prometeu empenhar esforços para minimizá-los.
“A Secretaria de Saúde informa que foram realizados um total de 28.440 exames de endoscopia em 2022. De janeiro até abril de 2023 foram 10.272 endoscopias já realizadas. Atualmente, a pasta oferta uma média de 7.200 endoscopias digestivas alta e 8.300 colonoscopias, procedimentos com maior demanda.”
Iges-DF
Por nota, o Iges-DF afirmou que está em tramitação um processo para a aquisição de quatro novos equipamentos. “Bem como está em processo de contratação de empresa especializada para a manutenção dos demais aparelhos. Também passa por estudo de viabilidade a compra de outros dois novos equipamentos”, completou.
O Instituto declarou que fez a convocação de nove médicos para o serviço de gastrologia. Também justificou que quatro equipamentos foram furtados do HBDF. Além disso, destacou que os exames de endoscopia são regulados pelo complexo regulador e a situação da fila é de responsabilidade do sistema de regulação.