Falso diácono desmascarado no DF segue preso preventivamente no Paraná
Marcos Antônio Batista responde por crimes de estelionato registrados em municípios paranaenses. Nome do acusado tem circulado nas redes
atualizado
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Desmascarado pela Arquidiocese de Brasília após tentar se passar por diácono da Igreja Católica, Marcos Antônio Oliveira Batista, 27 anos, segue preso. O acusado foi capturado na semana passada no município de Paranacity, no Paraná, estado onde responde pelo crime de estelionato.
A Polícia Civil do Paraná (PCPR) confirmou ao Metrópoles que Marcos Antônio passou por audiência de custódia na última terça-feira (2/7) e teve a prisão convertida em preventiva. Ele havia sido flagrado um dia antes, pela Polícia Militar do Paraná (PMPR), apresentando comprovantes falsos de Pix após realizar um tratamento odontológico em uma clínica em Cruzeiro do Sul (PR). No momento do flagrante, o indivíduo não apresentou documento de identidade, apenas um certificado se intitulando diácono.
A Polícia Penal do Paraná (Depen-PR) também atestou que Marcos Antônio segue sob custódia da corporação. Por medida de segurança, a corporação não informou o presídio em que o falso diácono está encarcerado.
A prisão não tem relação direta com a tentativa dele de enganar a Arquidiocese de Brasília e seus fiéis, mas sim pelos crimes de estelionato supostamente cometidos pelo falso religioso no Paraná. As forças de segurança do estado apontam que Marcos acumula inúmeras denúncias de estelionatos e furtos. Além do Pix forjado para a clínica odontológica, o acusado agiu de maneira semelhante ao comprar cervejas em outro estabelecimento de Cruzeiro do Sul (PR). Em Londrina (PR), o homem é acusado de pedir uma corrida de táxi e também mostrar um comprovante forjado ao taxista, que confirmou ao Metrópoles ter sofrido o golpe.
A pena para o crime de estelionato varia de 1 a 5 anos.
Padre, médico, policial e bombeiro
Após o Metrópoles noticiar a denúncia da Arquidiocese de Brasília, que apontou que Marcos Antônio criou uma ata falsa para se passar por diácono, leitores relataram diversos casos em que o falso religioso protagonizou no decorrer de anos. A faceta, a propósito, não é a única usada pelo homem, que já se apresentou como médico, padre, diácono, policial e bombeiro.
Circula no Twitter, por exemplo, um vídeo que teria sido gravado em 2021. Nele, Marcos Antônio aparece dizendo que não tem medo das autoridades, porque ele seria “a própria polícia”. “Eu sou a própria polícia. Eu trabalho na polícia, os próprios companheiros de trabalho da polícia vieram me comunicar sobre as fake news, e se a Polícia Federal estivesse atrás de mim, eu já estaria preso há muito tempo.”
Assista:
Nos comentários, os usuários dizem reconhecer Marcos de denúncias anteriores. “A nossa fênix golpista. Quando a gente acha que ela virou poeira, ressurge das cinzas”, escreveu um. “[Ele é] praticamente uma Barbie, que já trabalhou em todas as profissões!”, brincou outro.
Um tuiteiro conta que já chegou a conversar com Marcos. “Nessa época [em 2021], ele me mandava mensagens porque eu trabalhava com um famoso cantor”, escreveu. “Lembro de uma página que fazia um compilado só de golpes dele”, disse outro internauta.
À reportagem moradores do DF e de São Paulo (SP) alegam ter sofrido golpes de Marcos Antônio. Um homem que preferiu não ser identificado disse que conheceu o acusado em dezembro de 2021, em uma festa de Ano-Novo em Brasília, onde ele se apresentou como médico. “Ele falava que estudava em Portugal. Acabei emprestando um bilhete de passagem aérea para ele ir ao país europeu, além de R$ 1 mil, que ele disse que seria para uma amiga dele. Depois disso, ele começou a dar desculpas”, relata.
“A conversa dele não era fajuta, ele te fazia acreditar no personagem, ia te convencendo com histórias sem furos aparentes”, relembra a vítima.
Também ao Metrópoles, um morador de São Paulo (SP) acusa Marcos Antônio de se passar por padre e dar golpes em fiéis de paróquias da capital paulista. O rapaz reuniu relatos de outras vítimas do indivíduo, que contam ter sido abordadas por ele pedindo dinheiro para vaquinhas, passagens de avião e procedimentos médicos.
“Ele dava o golpe nas pessoas e ia apagando os perfis das redes sociais para não ser encontrado. Depois, fazia outras contas”, conta o morador de SP, que também pediu anonimato.
A reportagem tenta localizar a defesa de Marcos Antônio Oliveira Batista. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.