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Extremistas fazem treinamento militar em estacionamento no centro de Brasília

O grupo seguia a ordem de um “comandante”, que determinava as atividades a serem executadas no local. PCDF investiga ação

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Manifestantes pró e contra Bolsonaro fazem manifestação na Esplanada (21/6)
1 de 1 Manifestantes pró e contra Bolsonaro fazem manifestação na Esplanada (21/6) - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Quem trabalha na Quadra 3 do Setor de Indústrias Gráficas (SIG) percebeu uma movimentação um pouco diferente no local na última semana. Um grupo de aproximadamente 30 jovens vindos de várias regiões do país, sobretudo do Rio de Janeiro, realizou treinamento militar no estacionamento em frente ao hotel no qual estavam hospedados no SIG. Vestidos com roupas táticas e com a bandeira do Brasil, os integrantes seguiam ordens de um “comandante”, que determinava as atividades que seriam executadas ali.

O grupo chegou ao Distrito Federal no último sábado (20/06); participou de manifestação pró-Bolsonaro, na Esplanada dos Ministérios, no dia seguinte, e ficou hospedado em um hotel localizado no SIG até a última terça-feira (23/06). Os exercícios – que consistiam em flexões, corrida, abdominal, marcha e grupos de guerra – foram feitos em frente ao hotel entre o final da manhã e o começo da tarde enquanto os jovens permaneceram na capital.

Funcionários do hotel afirmaram ao Metrópoles que, apesar de a atividade chamar a atenção, preferiram não questionar o que estava acontecendo.

“Era muita gente. Ficamos receosos, pois não entendemos o motivo daquilo. Não sabíamos o que estavam planejando. Eles fizeram a reserva com antecedência e pagaram uma média de R$ 55 cada, pela diária”, comentou um trabalhador, que preferiu não se identificar.

Empresários que possuem lojas na quadra também estranharam a movimentação.

Na mira da polícia

Ações de grupos extremistas são investigadas pela Polícia Civil do Distrito Federal. Na última semana, a Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor) cumpriu mandado de busca e apreensão no QG Rural, grupo que estava baseado em Arniqueiras.

Para o delegado Leonardo de Castro, chefe da Cecor, o acampamento era utilizado para reuniões e treinamentos, assim como ocorria com outra base, descoberta na região da Rajadinha anteriormente.

“O inquérito foi aberto há, aproximadamente, um mês, após agruparmos as informações relacionadas a outras ocorrências de crimes cometidos por eles, em redes sociais. Eles são bastante combativos. Havia indícios de que possuíam armas nos acampamentos e isso era declarado por eles”, conta o delegado.

Além disso, Castro afirma que, em decorrência das ações do Governo do Distrito Federal que desmontaram os acampamentos, os suspeitos declararam que durante a manifestação de domingo (21/06) haveria “uma grande surpresa” para os governantes. “Foi mais uma razão que nos levou a apressarmos a medida de busca”, completa Leonardo de Castro.

Veja a entrevista com o chefe da Cecor-DF: 

 

Os investigadores acreditam que os valores das notas apreendidas na chácara em Arniqueiras eram suficientes para manter o acampamento durante uma semana. Embora o cofre recolhido no local tenha sido aberto na segunda-feira (22/06), os materiais ainda são periciados e não foi divulgada a soma das notas encontradas. A Polícia Federal também apura crimes em sua competência.

“Militar com farda verde e amarela”

Atualmente, três grupos de destacam em manifestações realizadas em Brasília: 300 do Brasil, Patriotas e QG Rural. As lideranças do 300 chegaram a ficar atrás das grades por ameaçar autoridades.

Com ralação ao 300, um dos principais nomes no comando é Sara Fernanda Giromini, que se autodenomina Sara Winter. Ela se diz porta-voz do grupo de homens e mulheres de extrema-direita. Além dela, o 300 tem como cofundadora Desiré Queiroz, ex-conselheira Nacional de Juventude, Mulheres e Crianças.

Em convocação feita no Twitter, em 20 de abril, Sara afirma que “o presidente está por sofrer um golpe de Estado, por Maia [o presidente da Câmara, Rodrigo Maia], Alcolumbre [presidente do Senado, Davi Alcolumbre] e Toffoli [presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli]. Civis e militares de todo o país organizarão o MAIOR acampamento contra a esquerda e a corrupção DO MUNDO, em Brasília”.

Apoiadores chegaram a declarar: “Lembre-se, você NÃO É MAIS UM MILITANTE , VOCÊ É UM MILITAR, um militar com uma farda verde e amarela, pronto para dar a vida pela sua nação.” Em entrevista à imprensa, Sara chegou a afirmar que há integrantes armados no grupo.

Confira a postagem: 

300 do brasil
Publicação feita por integrante do 300 do Brasil

 

Outro grupo que vem chamando a atenção, o Patriotas, é liderado por Renan Sena, ex-funcionário terceirizado do Ministério da Mulher e dos Direitos Humanos. Ele já foi denunciado por agredir enfermeiras durante um protesto na Esplanada dos Ministérios.

Sena já foi detido pela PCDF suspeito de soltar fogos de artifício no Supremo Tribunal Federal (STF) e ameaçar o governador Ibaneis Rocha (MDB), em vídeos que circularam no WhatsApp (veja abaixo), após a retirada de acampamentos a favor do presidente da República, Jair Bolsonaro, da Esplanada dos Ministérios.

O terceiro grupo, QG Rural, é formado produtores rurais pró-Bolsonaro. Um dos principais financiadores foi identificado com André Costa. Ele é proprietário da chácara que foi alvo da polícia no domingo (21/06). O local era usado como ponto de apoio dos extremistas.

Confira imagens da operação policial feita na chácara: 

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Fazendeiro que ameaçou Ibaneis tem ligação com extremistas alvos de operação policial
Cofre encontrado no QG Rural
Apoiadores de Bolsonaro se reúnem em frente ao Quartel General das Forças Armadas, em Brasília. A Esplanada dos Ministérios foi fechada para manifestações nesse domingo
Apoiadores de Bolsonaro se reúnem em frente ao Quartel General das Forças Armadas, em Brasília. A Esplanada dos Ministérios foi fechada para manifestações nesse domingo
PCDF investiga documentos encontrados o QG Rural
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Coletiva de imprensa da Cecor sobre a operação contra acampamento QG Rural

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Fazendeiro que ameaçou Ibaneis tem ligação com extremistas alvos de operação policial

PCDF/Divulgação
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Cofre encontrado no QG Rural

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Apoiadores de Bolsonaro se reúnem em frente ao Quartel General das Forças Armadas, em Brasília. A Esplanada dos Ministérios foi fechada para manifestações nesse domingo

Hugo Barreto/Metrópoles
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Apoiadores de Bolsonaro se reúnem em frente ao Quartel General das Forças Armadas, em Brasília. A Esplanada dos Ministérios foi fechada para manifestações nesse domingo

Hugo Barreto/Metrópoles
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PCDF investiga documentos encontrados o QG Rural

Fotos: Hugo Barreto/Metropoles

 

Os ruralistas também contam com apoio do deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O parlamentar já mencionou os ativistas em suas redes sociais.

“O que essas pessoas estavam fazendo de errado no QG Rural para que o governador Ibaneis determinasse sua remoção? Manifestação seguindo protocolos de saúde não desrespeita sequer o decreto distrital. Sei que a PM cumpre ordens, mas surpreende negativamente essa ação”, disse o político na internet.

A PCDF apura a prática de supostos crimes de milícia privada, ameaças e porte de armas. Além da ligação com o grupo bolsonarista, André Costa é investigado por ameaçar o governador Ibaneis Rocha (MDB).

Veja vídeos divulgados pelos líderes dos movimentos bolsonaristas: 

– André Costa, do QG Rural

– Renan Sena, do Patriotas

– Sara Winter, do 300 do Brasil

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