Ex-secretário à CPI: blindados do Exército impediram prisões no QG
Ex-secretário executivo da SSP-DF disse que PM estava pronta para prender manifestantes no QG, mas encontrou linha de blindados
atualizado
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O ex-secretário executivo da Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) Fernando de Sousa Oliveira disse, durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os atos antidemocráticos em Brasília, que teve dificuldades para realizar as prisões de golpistas acampados em frente ao Quartel-General do Exército.
Ele relatou que tropas da Polícia Militar (PMDF) tentaram efetuar prisões no local já no dia 8 de janeiro, mas encontraram um impeditivo do Exército. “Não foi permitida a prisão dos criminosos que estavam no QG do Exército. No momento, já estava em intervenção [da segurança pública], mas havia uma linha de blindados, dezenas de militares. A PM ficou de fora do QG”, contou.
O Metrópoles mostrou, no dia relatado por Fernando, que integrantes do Exército impediram policiais militares do Distrito Federal de desmobilizarem o acampamento bolsonarista após a tentativa de golpe.
⚠️ URGENTE: Em carros blindados, Exército impede PMDF de agir contra bolsonaristas em QG de Brasília pic.twitter.com/ZyUUh3seTb
— Metrópoles (@Metropoles) January 9, 2023
O ex-secretário executivo da SSP evitou, durante depoimento, afirmar que o Exército deu uma ordem direta contra a ação policial na área, mas reconheceu que houve dificuldade e mudança de planos.
“As forças estavam prontas para efetuar as prisões, mas havia uma linha de blindados e militares. Só foi executada a ordem de prisão na manhã de segunda-feira”, comentou.
Na ocasião, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes teve que determinar a “desocupação e dissolução total”, em até 24 horas, de acampamentos bolsonaristas montados em áreas militares de todo o país.
Fernando era secretário em exercício da SSP-DF no dia da tentativa de golpe, em 8 de janeiro, já que na ocasião o então titular da pasta, Anderson Torres, estava de férias nos Estados Unidos.
CPI
A sessão teve início às 10h. Também estava prevista para hoje a oitiva de Marília Ferreira Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da SSP, mas o depoimento foi remarcado para a próxima quinta-feira.
Entre convocados das próximas sessões, estão o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres e representantes da Polícia Militar. A CPI vai apurar os fatos ocorridos em 12 de dezembro de 2022 e em 8 de janeiro deste ano.
Na primeira data, bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal e transformaram Brasília em um cenário de guerra, atacando as forças de segurança e ateando fogo em veículos. Já em 2023, houve novo ataque orquestrado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com tentativa de golpe e a invasão aos prédios da Praça dos Três Poderes. Os requerimentos de convocação foram aprovados na manhã dessa terça-feira (14/2), durante a primeira reunião da investigação na Câmara Legislativa.
Esse primeiro calendário das convocações começa ouvindo Fernando de Sousa Oliveira, ex-secretário executivo da SSP, e termina com o coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal. Os encontros da CPI ocorrerão todas as quintas-feiras de março, às 10h.
Calendário
As datas das oitivas dos convocados de março foi definida em fevereiro. Veja:
- 9 de março: Marília Ferreira Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da SSP, e Anderson Torres, ex-secretário da SSP;
- 16 de março: Jorge Eduardo Naime, coronel da PMDF, e Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, coronel da PMDF;
- 23 de março: Júlio de Souza Danilo, ex-secretário da SSP, e Jorge Henrique da Silva Pinto, tenente-coronel da PMDF;
- 30 de março: coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da PMDF.
Ao fim destas reuniões, um novo cronograma para abril será planejado. Foram aprovados ainda a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Anderson Torres e Antônio Cláudio, além de requerimentos de informações à Polícia Civil do DF (PCDF), à Polícia Militar (PMDF), à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e ao Congresso Nacional.
Com duração de 180 dias, a CPI pode, se necessário, ser prorrogada por mais 90.