Ex-nº 2 do GSI admite violência de atos do 8/1: “Fui agredido”
General Penteado, ex-número 2 do GSI, avaliou manifestação como “muito violenta”: “Tivemos gente que nos agrediu, eu fui agredido”
atualizado
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Ex-número 2 do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, o general Carlos José Assumpção Penteado avaliou a manifestação do 8 de Janeiro como “muito violenta” e disse que foi agredido.
Ele presta depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta segunda-feira (4/9).
Penteado ocupava o cargo de secretário-executivo na gestão de Augusto Heleno, e se manteve no posto após a transição. Nas redes, fazia diversas críticas ao partido do presidente Lula (PT). Ele acabou sendo exonerado do cargo e substituído pelo general Ricardo José Nigri ainda em janeiro.
“Era uma manifestação muito violenta. […] Tivemos gente que nos agrediu naquele dia, eu fui agredido, mas, graças aà proteção dos soldados, não fomos atingidos por pedras, extintores, cadeiras e tudo mais.”
Penteado, porém, opinou que nem todos os manifestantes eram violentos. “Muita gente permaneceu na Esplanada, na Praça dos Três Poderes. Tínhamos manifestantes extremamente violentos, tínhamos gente que permaneceu no centro da Esplanada, tivemos gente que estava na Praça dos Três Poderes e tivemos quem invadiu Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo.”
O militar, agora na reserva, afirmou que “não há a mínima possibilidade de um integrante do Gabinete de Segurança Institucional sabotar qualquer autoridade desta República”. “Os militares que ali estão têm plena consciência do dever funcional. Somos servidores do Estado, servimos a nação brasileira”, argumentou.
Em outro momento, o general levantou que houve falha do “fluxo de informações”.
“Olhando para o retrovisor, houve falha. Não de planejamento, mas do fluxo de informações. Trabalhamos com sensores, que vão adquirir a informação, e era feito pela Abin. Trabalhamos com decisores, que são aqueles que recebem a informação. A medida que vão recebendo a informação, decidem e mandam para os atuadores. Tivemos quebra nesse fluxo de informação e isso levou a um planejamento do Plano Escudo abaixo daquilo que se verificou.”
Na oitiva da CPI de G. Dias, o ex-chefe do GSI citou que o seu ex-secretário-executivo, o general Penteado, chegou a sinalizar um cenário de tranquilidade às 14h do dia 8 de janeiro.
“Por volta das 14h, eu estava inquieto e preocupado, pois assistia pela TV as manifestações e elas não batiam com o clima de controle que me havia sido descrito. Decidi ligar para o celular general Penteado, que me disse que estava ‘tudo normal’, ‘tudo tranquilo’, e que eu não precisava ir ao Palácio do Planalto. Mas permaneci inquieto e decidi ir até o Palácio.”
G. Dias ainda citou uma briga que teve com seu número 2, com direito a palavrões.
“Peguei um carro disponibilizado pelo tenente coronel Alex, com motorista do GSI. A viatura levou-me à cancela Leste do Palácio do Planalto. O general Penteado foi ao meu encontro. Perguntei a ele o porquê de o bloqueio da frente do Palácio do Planalto, que deveria ter sido feito pela Polícia Militar do Distrito Federal, não havia sido montado. Aquele era o bloqueio do Plano Escudo do Planalto e tinha de estar montado. Não estava. Inclusive, cobrei dele, com um palavrão, o motivo de o bloqueio do Plano Escudo não ter sido montado.”
Ainda segundo o ex-ministro do GSI, o general Penteado não respondeu aos questionamentos dele naquela discussão e só saiu para montar o bloqueio de proteção porque ele deu a ordem. G. Dias era ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República em 8 de janeiro de 2023.
Pressionado após a divulgação de imagens que o mostram circular pelo Palácio do Planalto durante as invasões bolsonaristas, ele pediu exoneração. O anúncio da saída do militar se oficializou em 19 de abril de 2023.