Ex-mulher de Ibaneis cai em golpe e transfere R$ 3,7 mil para bandido que se passou por governador
Luzineide Carvalho contou ao Metrópoles que, no primeiro contato, não desconfiou que se tratava de um estelionato
atualizado
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A ex-esposa do governador Ibaneis Rocha (MDB), Luzineide Carvalho (foto em destaque), foi a vítima que transferiu R$ 3,7 mil a um criminoso achando que estava conversando pelo WhatsApp com o próprio mandatário do GDF. Segundo ela contou ao Metrópoles, nunca imaginou que seria um golpe.
“Fui eu mesma. Recebi a mensagem dele dizendo que tinha mudado de telefone e, depois, pediu o dinheiro. Não desconfiei de nada”, explica. Segundo Luzineide, ela encarou o pedido como algo normal. “Ainda enviei o comprovante. Olha só como fui boazinha”, brinca.
Só quando ela recebeu pela segunda vez uma mensagem do mesmo número pedindo mais dinheiro que ela imaginou tratar-se de uma farsa. “Eu vi um erro de português e uns emojis que ele não usa. Foi aí que eu percebi e liguei pro Ibaneis”, explica.
Ao conversar com o governador pelo telefone, descobriu que tinha caído em um golpe. “Ele disse que não tinha mudado o número. Aí eu disse então para que ele avisasse os contatos, porque o golpista poderia estar fazendo mais vítimas”, explica.
Luzineide conta que até chegou a acionar o banco para ver se conseguia o valor de volta, mas foi informada que não seria possível. “Já tinham sacado tudo, uma pena”, lamenta.
Facção criminosa
Um dos envolvidos na tentativa de fraude é integrante de uma facção criminosa. A informação foi repassada em coletiva de imprensa realizada na tarde desta terça-feira (5/1), pelo delegado Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC), Giancarlos Zuliani. “Já foi condenado e pegou muitos anos de cadeia”, explicou.
O delegado não revelou o nome da facção, mas adiantou que o acusado tem vasta ficha criminal. “Homicídio, tráfico… Somando tudo, dá quase 40 anos”, disse Zualiani.
Apesar de terem sido disparadas várias mensagens, o delegado conta que apenas uma pessoa caiu no golpe ao achar que, de fato, falava com Ibaneis. “Foi feita uma transferência de R$ 3,7 mil. Ao todo, esse homem de Goiânia tinha conseguido, em outros casos parecidos, cerca de R$ 7 mil no dia”.
Nessa segunda-feira (4/1), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu um dos homens responsáveis pelo golpe, mas outros dois ainda estão foragidos. “Já sabemos onde um mora, fomos até a casa dele ontem, mas não estava”, afirmou.
Os três bandidos podem responder pelos crimes de organização criminosa e estelionato. “O que já foi preso tem um papel superior, principalmente de pesquisa. Já os outros dois eram recrutadores e criadores de conta.”
Prisão em Goiânia
Preso em flagrante pela DRCC, que investiga o caso, o estelionatário é vigilante de escolta armada e foi detido dentro de uma empresa de segurança em Goiânia (GO).
Os investigadores apreenderam cartões com dados de vítimas. O segundo suspeito não foi localizado e o terceiro tem várias passagens pela polícia. Segundo o delegado-geral da PCDF, Robson Cândido, a ação rápida da DRCC viabilizou a prisão em flagrante.
“As equipes conseguiram localizar o principal suspeito. Os outros dois já foram identificados e deverão ser presos em seguida. A resposta rápida da PCDF é fundamental para coibir esse tipo de crime”, afirmou.
Segundo revelado pelo Metrópoles, os criminosos pegaram uma foto do governador na internet, usaram um número de telefone com prefixo 061, do Distrito Federal, e tiveram acesso aos contatos pessoais do chefe do Executivo local.
Perguntado sobre o caso, o governador demonstrou irritação: “É cada bandido…”, indignou-se. No início da tarde, o chefe do Executivo local disparou mensagens aos contatos mais próximos e para os integrantes do Palácio do Buriti, com o intuito de alertar sobre o crime.
“Boa tarde. Um perfil falso foi criado com o meu nome. Estão remetendo mensagens e fazendo pedidos falsos. Recebendo-os, favor desconsiderar”, escreveu. No mesmo texto, o governador encaminha o print da tela com o número usado pelo estelionatário.
Outros casos
Durante o ano de 2020, muitos parlamentares foram vítimas de golpes semelhantes ao aplicado contra o governador do Distrito Federal. Entre eles, os deputados federais Israel Batista (Partido Verde), Carla Zambelli (PSL-SP), Luisa Canziani (PTB-PR) e Filipe Barros (PSL-PR).
Esse tipo de crime segue crescendo na capital federal. Em média, foram três ocorrências registradas por dia, no ano passado.