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Ex-detento se inspira em trabalho na Defensoria e passa em direito

Homem que já foi envolvido com o tráfico faz novos planos: “Assim como eu precisei de ajuda um dia, quero ajudar alguém”

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Dávini Ribeiro
Reeducando
1 de 1 Reeducando - Foto: Dávini Ribeiro

Um reeducando que trabalha há três anos na Defensoria Pública do DF se inspirou no dia a dia para transformar a própria vida. Integrante de um projeto que abre vagas de trabalho a presos cumprindo pena em regime semiaberto, o garçom da sede da instituição passou no vestibular para direito, depois de estudar nas horas vagas e presenciar a rotina dos defensores e servidores.

A partir de agora, ele tem outros planos. “Assim como eu precisei de ajuda um dia, quero ajudar alguém”, diz Anderson Ramos, 33 anos. Ele trabalha na Defensoria Pública desde março de 2014. De origem humilde, no início de 2007, o rapaz conta que “se afastou de Deus” e se envolveu com o tráfico.

Segundo Anderson, a venda de drogas lhe rendia R$ 500 por dia. O montante e a possibilidade de comprar coisas que nunca pôde adquirir seduziram o rapaz e o deixaram cada vez mais “dentro do esquema”.

O garçom recorda, com tristeza, do dia em que os oficiais foram levá-lo para a prisão, em maio de 2012. “Eu estava dando comida para a minha filha. Eles falaram que estavam lá para me levar. Eu sabia que esse dia ia chegar porque já tinha cumprido a provisória. Mesmo assim, foi um momento de tristeza. Minha então esposa levou nossa filha para casa da vizinha para ela não me ver indo embora”, lembra Anderson.

A oportunidade de trabalhar na Defensoria Pública do DF veio por meio de um contrato com a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), que acolhe, atualmente, 25 pessoas em regime semiaberto – ou seja, que trabalham durante o dia e precisam voltar à prisão para dormir. O projeto funciona desde 2006.

Oferecer profissionalização e mostrar caminhos possíveis são o objetivo da parceria. “Nós temos muitas histórias de sucesso. A probabilidade de a pessoa que participa de um projeto como esse voltar para o crime é muito menor”, ressalta Nery do Brasil, diretor-executivo da Funap.

Segundo o responsável na Defensoria pela parceria, Everaldo Araújo, a instituição dá “a oportunidade e ajuda na ressocialização”. “O papel da Defensoria é auxiliar na mudança de comportamento, mentalidade e atitudes dos reeducandos”, explica. (Com informações da Defensoria Pública do DF)

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