Ex-chefe de Operações da PMDF diz que Exército frustrou remoção de bolsonaristas do QG
Em depoimento, o ex-comandante de Operações da PMDF Jorge Eduardo Naime culpou o Exército pela manutenção de acampamento em Brasília
atualizado
Compartilhar notícia
Em depoimento, o ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Jorge Eduardo Naime informou à Polícia Federal (PF) que “o Exército frustrou todos os planejamentos e as tentativas” de retirada dos bolsonaristas do acampamento no Quartel-General em Brasília.
O coronel Jorge Eduardo Naime está preso desde terça-feira (7/2), suspeito de ter atrasado a atuação da PMDF diante dos ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro.
Questionado pela PF sobre o motivo de a Polícia Militar não ter retirado os grupos acampados da frente do QG, Naime respondeu que participou de reunião no Palácio do Planalto, em dezembro de 2022, quando houve detalhamento de todo o plano para desmobilização do acampamento.
A ação, segundo ele, ocorreria antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro de 2023.
O coronel comentou que a Polícia Militar “colocou todos os meios necessários à disposição do Exército Brasileiro”. No entanto, posteriormente, recebeu a informação de que o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, então comandante militar do Planalto, havia suspendido a operação por ordem do comandante do Exército à época, general Júlio César de Arruda.
Naime acrescentou que essa foi uma das reuniões promovidas a fim de retirar os acampados da frente do QG do Exército. O coronel da PMDF disse que ocorreram outros encontros entre autoridades de segurança para discutir o tema, mas o Exército teria frustrado todos os planejamentos e as tentativas de desmobilização dos bolsonaristas.
O ex-comandante de operações da PMDF respondeu, também, que passou por outras situações de confronto com o Exército. Em data próxima à posse presidencial, ao verificar a entrada de manifestantes em área restrita próxima ao perímetro de segurança do Palácio da Alvorada, Naime teria sido expulso do local por uma equipe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandada por um capitão do Exército.
Mesmo fardado e identificado, o coronel da PMDF deixou o local saiu sob vaias e xingamentos de bolsonaristas, segundo depoimento.
O Metrópoles procurou o Exército para questionar se a Força Armada tem interesse de emitir seu posicionamento sobre o assunto. Até a mais recente atualização desta reportagem, não houve retorno. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.