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Ex-administrador Alan Valim nega participação em grilagem: “Perplexo”

O ex-administrador de São Sebastião foi um dos alvos de busca e apreensão na Operação Non Domino nessa terça-feira (19/7)

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Homem com cara séria em ambiente aberto e com sombra
1 de 1 Homem com cara séria em ambiente aberto e com sombra - Foto: Reprodução/Instagram

O ex-administrador de São Sebastião Alan Valim nega estar envolvido em esquema de grilagem de terras na região administrativa. Ele foi um dos alvos de busca e apreensão na Operação Non Domino nessa terça-feira (19/7).

A 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) cumpriu 43 mandados judiciais, entre prisões preventivas e buscas domiciliares em empresas e escritórios de advocacia e mandados de monitoramento eletrônico, com o intuito de investigar a prática de grilagem em terras na cidade.

Alan foi administrador de São Sebastião em dois momentos: em 2009 e 2010 e, agora, de 2019 a 2022. Ele deixou o cargo neste ano para concorrer às eleições como pré-candidato a deputado distrital.

Ao Metrópoles Alan, que é subtenente mergulhador do Corpo Militar de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), contou que saía de casa rumo a um curso de preparação da corporação quando foi surpreendido pela polícia. “Eu vi a movimentação e voltei para saber se tinha acontecido alguma coisa. De imediato, já me coloquei à disposição. Não sabia do que se tratava, mas perguntei para o delegado, e ele me passou o número do processo para que eu pudesse ter acesso. Depois, fiquei sabendo que era uma operação de combate à grilagem de terras em São Sebastião”, disse.

“Eu tenho uma conduta muito honesta, muito correta. Sempre pautei a minha vida pública na honestidade. Então, fiquei perplexo (com as diligências em sua casa)”, completou.

Casos de grilagem na região

O ex-administrador da cidade comenta que teve conhecimento de vários casos de grilagem de terras na região, mas que sempre pediu que fossem investigados. “Como eu fiquei como administrador nos últimos três anos e meio, a gente conhece muita gente na cidade, recebe muitas pessoas. São Sebastião é uma cidade que foi toda grilada, ocupada irregularmente, isso durante seus mais de 40, 50 anos de existência”, afirmou.

“Imagino que, em algum momento, em alguma conversa, alguém pode ter citado meu nome como administrador e, aí, a polícia está fazendo suas diligências. Eu respeito muito isso, mas encaro com muita surpresa, porque eu sou uma pessoa que tem uma história de honestidade”, destacou.

Segundo ele, no Corpo de Bombeiros, o comportamento dele é “excepcional”. “Tenho 10 condecorações, 18 elogios individuais, nunca fui sequer advertido por qualquer conduta que fosse. Nunca pisei numa delegacia para responder qualquer coisa que fosse”, defendeu-se.

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O militar deixou o cargo de administrador para concorrer às eleições

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Pedidos de investigações

Alan diz que, como administrador regional, já emitiu mais de 30 documentos solicitando investigações contra grilagem de terras em São Sebastião. “Tenho vários [documentos] solicitando operações de intervenção, solicitando à Secretaria de Segurança Pública que, por meio da ação integrada dos órgãos, fosse para a cidade e trabalhasse nisso, porque a coisa estava se intensificando mesmo nos últimos anos”, assinala.

“Um administrador regional que tem envolvimento com grilagem jamais iria pedir uma investigação para combater a grilagem. Não faz sentido isso”, reforça.

A reportagem teve acesso a alguns desses documentos citados por Alan. Em um ofício encaminhado em 15 de junho do ano passado ao secretário de Segurança Pública, Júlio Danilo, o então administrador de São Sebastião pediu apoio para “coibir um grave problema que tem sido recorrente na região administrava de São Sebastião e tem se agravado muito nesse período de pandemia, qual seja, o aumento exponencial de ocupações irregulares em áreas públicas com atuação, na maioria dos casos, de grupos criminosos organizados”.

Veja abaixo:

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“Citado por alguém”

Alan Valim acrescentou que ainda não teve acesso aos autos e que procurou um advogado.

“Sempre falei isso nas reuniões e para as pessoas que eu conheço e que de alguma forma têm algum tipo de suspeita de ligação [com grilagem]: o grileiro vende a terra para a pessoa humilde, a pessoa pobre compra de boa-fé e, depois, o Estado vai lá e derruba. Nesse meio do caminho, o grileiro já organizou seu dinheiro, e o pobre fica com o prejuízo. Por isso, acho que é extremamente abominável a grilagem, e eu jamais me envolveria com um crime absurdo.”

De acordo com Alan, a polícia apreendeu em sua casa notebook e celular. Ainda conforme o ex-administrador, o delegado responsável pela investigação teria dito que ele será ouvido nos próximos dias.

Entenda o caso

Segundo as investigações, desde a pandemia, os grileiros movimentaram cerca de R$ 20 milhões com a atividade ilegal. A PCDF aponta que duas das três organizações criminosas identificadas durante a investigação são lideradas por empresários e agiotas que há décadas se dedicam à invasão e ao parcelamento clandestino do solo urbano em São Sebastião, obtendo lucros milionários e promovendo um complexo esquema de lavagem de dinheiro para ocultar vasto patrimônio adquirido ilicitamente.

As apurações apontam que as facções atuavam na região administrativa desde 2017. Após parcelarem as terras, os criminosos as vendiam por meio de contratos de Cessão de Direito, normalmente com firma reconhecida. Eles também chegaram a montar um falso cartório em São Sebastião a fim de emitir os documentos falsos.

Para camuflar a origem criminosa das quantias ilícitas, os suspeitos se utilizam, principalmente, de laranjas, inclusive um cobrador de ônibus de uma companhia local, que recebeu em sua conta milhões de reais nos últimos anos, e empresas fantasmas.

Após ocultarem e dissimularem a origem dos valores, os criminosos investiam em agências de veículos, academias e lojas de material de construção. “Tão grave quanto a atuação dos grileiros, são os indicativos de que os líderes recebiam apoio de agentes públicos, os quais, em vez de cuidarem do interesse público, perverteram os valores que deveriam ser protegidos”, destacou o delegado-chefe adjunto da 30ª DP, Ulysses Luz.

De acordo com o investigador, os envolvidos são investigados por organização criminosa, lavagem de dinheiro, parcelamento irregular do solo urbano e crimes ambientais. As apurações prosseguirão com o objetivo de identificar mais envolvidos.

Os mandados são cumpridos com apoio das divisões de Operações Especiais (DOE) e de Operações Aéreas (DOA) e do Departamento de Combate à Corrupção.

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