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“Eu não fiz nada”, diz preso desde 8/1 em carta entregue a parlamentares. Leia outros relatos

Mensagens escritas à mão revelam as aflições e desabafos das pessoas que ainda estão presas pelos atos de 8 de janeiro na Papuda

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1 de 1 Carta de preso - Metrópoles - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Pedidos de socorro, de ajuda para as famílias, de apoio para mulheres grávidas e denúncias de prisões supostamente injustas. As cartas escritas à mão e entregues pelos presos pelos atos de 8 de janeiro a parlamentares do Distrito Federal trazem linhas em tom de angustia e desabafos.

O senador Izalci Lucas (PSDB) e a deputada federal Bia Kicis (PL) receberam as cartas após visita aos presos no complexo penitenciário da Papuda. Além das cartas, constataram que o número de presos ainda é alto. Algumas celas com oito camas acomodam um número superior de presos.

Em uma das cartas, o detento alega ter sido preso injustamente. “Eu preciso voltar para a minha família, porque eu não fiz nada. Não quebrei nada. E minha família precisa muito de mim”, afirmou. No pedido de socorro, alega que a esposa enfrenta problema psiquiátricos e depende do uso de medicamentos.

O sentimento de injustiça na prisão é revelado em outras cartas. “Sou o único provedor da minha casa, nunca fui preso. Sou trabalhador, mas fui acometido por essa injustiça, moro de aluguel”, desabafou outro preso.

Em outra carta, o preso questionou as regras para a liberação das pessoas presas pelos atos de 8 de janeiro. Segundo a mensagem, não houve critério nas solturas. Em outros relatos, presos voltaram a criticar o fato de estarem detidos sem denúncia oficializada e não ter tido chance de conversa com as próprias famílias.

“Continuo preso”

“Havia um senhor que foi preso por homicídio, este foi liberado no mesmo dia. E eu que sou trabalhador, pai de família, de bons antecedentes e sem nenhuma reincidência criminal, continuo preso. Infelizmente essa é a Justiça”, desabafou outro preso.

Em outra carta, um preso descreve horas de muito choro e angústia. No texto, o homem pede pela liberação urgente do grupo com uso de tornozeleira eletrônica e prisão domiciliar. Outros alegaram diversos problemas de saúde. “Coração dispara. Batimento chegou a 172 por minuto. Estou em tratamento”, contou um deles.

Gravidez

Preocupação com o futuro da esposa grávida motivou outro preso a escrever aos parlamentares. “Minha esposa está grávida já tem 7 meses. A gravidez dela é de risco, porque ela tem sopro no coração”, desabafou outro preso, pedindo ajuda. Em 2018, o casal perdeu um bebê no terceiro mês de gestação, segundo o patriota.

Em diversas cartas, os presos mostraram preocupação com a família. “Por favor, gostaria de saber se minha família (esposa) esta sendo assistida”, escreveu um deles. Este alega ser o único provedor do lar. “Por favor, ajude a minha família”, completou.

Segundo o senador Izalci Lucas, há casos de pacientes sem comunicação com a família desde a prisão. Algumas famílias não tiveram acesso ao auxílio reclusão. O parlamentar questionou o fato dos presos não terem sido liberados após a audiência de custódia, como tradicionalmente ocorre.

“Defendo o devido processo legal. Que cada um pague pelo o que fez. Não pode penalizar as pessoas coletivamente. Por isso, é preciso instalar a CPMI. Onde está o pessoal que apareceu nos vídeos? Eu acho que tinha gente infiltrada”, comentou o parlamentar.

Veja as cartas:

 

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