Estuprada por maníaco no Distrito Federal tentou suicídio duas vezes
Em depoimento, mulher que procurou a 6ª DP na tarde desta quarta-feira disse que Marinésio quis matá-la após abuso sexual em 2017
atualizado
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A lista de possíveis vítimas do cozinheiro desempregado Marinésio dos Santos Olinto, 41 anos, subiu. Na tarde desta quarta-feira (28/08/2019), uma mulher procurou a 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) e afirmou ter escapado do maníaco, que é assassino confesso da funcionária terceirizada do Ministério da Educação (MEC) Letícia Sousa Curado, 26, e da auxiliar de cozinha Genir Pereira de Sousa, 47.
Segundo a moradora do Paranoá de 42 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, ela chegou a tentar o suicídio duas vezes devido ao trauma causado pela violência sofrida: foi estuprada e espancada. A vítima parou de trabalhar e fez acompanhamento psiquiátrico. Hoje, tem depressão e síndrome do pânico.
O caso ocorreu em 2017. Naquele ano, Marinésio teria ameaçado a mulher de morte após ela tentar escapar do veículo do algoz. Aos investigadores, a vítima relatou que o maníaco estava em um carro vermelho – diferente da Blazer prata usada na morte de Letícia.
“Eu estava na parada quando ele encostou o carro vermelho, desceu, colocou uma faca no meu rosto e me mandou entrar, sem gritar. Fiquei apavorada e disse que, se ele quisesse minha bolsa, poderia levar. Mas implorei que não me matasse”, contou ao Metrópoles.
O suspeito dirigiu até uma área de mata onde fica um grande pinheiral na região administrativa. Foi quando, segundo a vítima relatou aos policias civis, ela teria sido violentada e agredida.
A mulher continua: “Ele pegou no meu pescoço e falou que se eu não ficasse quieta, ia morrer naquele momento. Mandou eu fazer o que ele queria, se não me mataria. Entre a minha vida e fazer o que ele queria fazer, preferi minha vida”. Marinésio fez mais ameaças: “Disse que ia matar porque eu tinha visto bem o rosto dele. Ele disse que quem via o rosto dele morria”, revela a denunciante.
Desesperada, ela conseguiu gritar e chamar a atenção de moradores das redondezas, que a socorreram. Marinésio, então, teria fugido.
“O relato dela é chocante. Emociona quem ouve tamanha brutalidade. A vítima me disse: ‘Doutora, ele ia me matar, me estrangulou. Apertou meu pescoço muito forte, mas eu consegui escapar'”, frisou a delegada Jane Klébia (foto em destaque), da 6ª DP.
Segundo a investigadora, fotos do suspeito foram mostradas à vítima, que o reconheceu de imediato. “Essa senhora afirmou categoricamente ser ele o autor. Ela o reconheceu com toda certeza”, reforçou Jane. Ainda de acordo com a delegada, a denunciante tentou se matar dias após o crime.
Ainda conforme detalhou Jane Klébia, Marinésio perguntou se a vítima tinha filhos e se era casada. Ela respondeu que é mãe, mas não era casada, e ofereceu a bolsa pensando se tratar de um assalto. Implorou para que o criminoso não a matasse. “Mas ele mandou ela escolher entre viver e fazer o que ele queria”, acrescentou a policial.
Marinésio pode ser o responsável por ao menos 13 ataques a mulheres, incluindo Genir e Letícia, que morreram assassinadas, e outras que estão desaparecidas até hoje – além de vítimas que conseguiram fugir das agressões do cozinheiro. As acusações são de assédio sexual, estupro e homicídios.
O acusado
Marinésio morava com a esposa e a filha, uma adolescente de 16 anos, em uma casa humilde no Vale do Amanhecer. Tinha uma vida acima de qualquer suspeita. O homem de 1,60 m de altura é considerado calmo. “Vivi com ele muitos anos [19, no total] e não sabia de nada. Era um bom marido e bom pai. Nunca agrediu minha filha. Estamos arrasadas”, disse a companheira do maníaco.
Após ser preso, o cozinheiro confessou ter matado duas mulheres e afirmou que pagará pelos crimes. “Só peço desculpas a todos. Minha família não merecia estar passando por isso. Vou pagar o que eu fiz”, disse o homem, detido na madrugada de domingo (25/08/2019) pelo assassinato de Letícia Sousa Curado, que estava desaparecida desde a sexta-feira (23/08/2019).
As declarações foram dadas na segunda (26/08/2019), na 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), região administrativa onde Letícia morava com o marido e o filho, criança de apenas 3 anos.
O cozinheiro agia sempre com o mesmo modus operandi: as vítimas eram abordadas em paradas de ônibus ou em rodoviárias pelo suspeito, que se passava por loteiro (motorista de lotação).
O homem usava sua Blazer prata, placa JFZ 3420-DF, nos crimes. O carro passou por análise minuciosa do Instituto de Criminalística da Polícia Civil. Os peritos buscam principalmente material genético das vítimas no veículo. Fios de cabelos e sangue, caso sejam encontrados, podem ser confrontados com o DNA das pessoas que acusam o maníaco de crimes graves, como abuso sexual.