Estudo mostra que 77% de pessoas com síndrome de down no DF têm até 18 anos
A pesquisa aponta ainda as necessidades e barreiras de acesso aos serviços por essas pessoas e as que tem epilepsia no Distrito Federal
atualizado
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O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) apresentou, nesta quinta-feira (27/10), o perfil sociodemográfico de pessoas com síndrome de Down, epilepsia e síndromes epilépticas e idiopáticas na capital do país.
Ao todo, 666 pessoas responderam ao questionário aplicado e, entre as pessoas com síndrome de Down acessadas, 77% têm até 18 anos; 60,94% são brancas e quase metade dos entrevistados eram mulheres cisgênero (49,18%).
A pesquisa aponta ainda as necessidades e barreiras de acesso a serviços públicos por pessoas com síndrome de Down e epilepsia no DF. Os resultados foram obtidos por meio de questionários online para esse público e seus responsáveis.
O estudo tem como objetivo orientar políticas públicas adequadas a essa população e servir como fonte de informação e conhecimento sobre a realidade delas. Os resultados apontaram obstáculos enfrentados por esse público na saúde, educação e mercado de trabalho.
Saúde
As principais barreiras apontadas no acesso aos serviços de saúde são: dificuldade de agendamento (51,70%); alto custo dos atendimentos nas especialidades não atendidas na rede pública (50%); falta de profissionais especializados na rede pública (48,87%), entre outras.
Em relação ao acompanhamento regular especializado de saúde por motivos relacionados à síndrome, observa-se que as especialidades mais acessadas por esse grupo são: oftalmologia (81,21%), pediatria (70,11%), cardiologia (65,29%), fonoaudiologia (59,02%) e clínica geral (56,9%).
Além disso, os dados indicam uma concentração de serviços especializados de saúde no Plano Piloto (59,48%), sinalizando a necessidade de descentralização para outras regiões do DF.
Educação
Quanto ao acesso ao sistema escolar, 77,82% das pessoas com síndrome de Down frequentam ou já frequentaram alguma instituição de ensino. Dessas, 66,74% estavam matriculadas quando responderam à pesquisa, enquanto 11,08% não estavam, mas já estiveram.
Um dado relevante é o de que 69,86% estão ou estiveram no ensino regular, enquanto 22,74% frequentam ou frequentaram o ensino especial. A rede pública representa a grande maioria (77,26%) da demanda escolar.
Outras 17,70% das pessoas com a síndrome ainda não estão em idade escolar e 3,20% nunca estudaram. Entre os principais motivos para não estarem estudando ou nunca terem estudado, destacam-se: falta de autonomia da pessoa com síndrome de Down e falta de profissionais qualificados ou tutores de ensino para acompanhar estudantes com a síndrome.
Mercado de trabalho
Tendo em vista que a faixa etária do público alcançado pela pesquisa, a maioria das pessoas com síndrome de Down não possuem idade para trabalhar (65,42%). Entre as que possuem, 27,31% nunca trabalharam; 3,52% não trabalham e nem procuram emprego; nove estão aposentadas; duas estão desempregas, mas buscando emprego; e apenas quatro trabalham atualmente, sendo duas de carteira assinada, uma como jovem aprendiz e outra como estagiário.
Inclusão social
O estudo também abordou a respeito das dificuldades à inclusão enfrentadas por pessoas com síndrome de Down no Distrito Federal. De acordo com o público alcançado, entre os obstáculos que prejudicam acessibilidade aos serviços estão: falta de políticas públicas (88,86%), desconhecimento da sociedade sobre a condição (78,60%), falta de oportunidades no mercado de trabalho (73,36%), preconceito da sociedade/não aceitação da família (58,84%).
Sobre a pesquisa
Além dos aspectos sobre pessoas com Síndrome de Down, um outro levantamento abordou na mesma ótica as características da população brasiliense com epilepsia e síndromes epilépticas idiopáticas no Distrito Federal.
A pesquisa contou com a participação de diversas organizações que representam pessoas com síndrome de Down e epilepsia no DF: associações de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (APABB/DF); de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE/DF); DFDown; Pestalozzi de Brasília; Viva Além das Crises; e Centro de Referência Interdisciplinar em Síndrome de Down (CrisDown) do Hospital Regional da Asa Norte.