Estudo da UnB indica 2ª onda no DF e alerta “efeito limitado” de vacinação
Segundo nota técnica da universidade, seria difícil controlar a pandemia em curto prazo apenas com a imunização de parte da população
atualizado
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A sexta nota técnica de um estudo realizado pela Universidade de Brasília (UnB), em parceria com outras instituições do Brasil, mostra que a segunda onda da Covid-19, ou “repique da pandemia”, como dito pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já se iniciou no Distrito Federal.
Conforme mostram os dados colhidos pela equipe, que conta com Tarcísio Rocha Filho, físico do Núcleo de Altos Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento da UnB, o índice de contaminação na capital já está acima de 1, o que indica aumento nos casos. No mês passado, por exemplo, esse mesmo medidor estava próximo de 0,8.
A alta coincide com o relaxamento das medidas de isolamento social. Em abril, no início da pandemia, o estudo observou aumento de mais de 20% de pessoas que passaram a ficar em casa no DF em relação aos dois primeiros meses do ano, sem o coronavírus. Agora, no começo de dezembro, essa diferença já se encontra abaixo dos 10%.
Tendo em vista as subnotificações de casos, a nota técnica prevê o número real de contaminados pela Covid-19 a partir da quantidade de mortes pela doença, considerando a taxa de mortalidade. Segundo o levantamento, o DF teria a maior proporção de infectados do país, juntamente com o Rio de Janeiro: 24% da população.
O número é considerado baixo pelos pesquisadores, que repelem qualquer possibilidade de se alcançar uma imunidade de rebanho. “É impraticável do ponto de vista humano, pois acarretaria enorme perda de vidas, com uma demanda de cuidados hospitalares que ultrapassaria em muito a capacidade existente”, afirmam.
“A evolução do número de casos novos mostra uma retomada da pandemia em todo o país, resultado de um afrouxamento das medidas de isolamento social, de uma falsa sensação de segurança causada pela melhora relativa do quadro observada nos meses de setembro a novembro, e de um grande desconhecimento da população em geral dos elementos que influenciam a dinâmica da propagação do vírus”, ressalta o texto.
Vacinação
A nota técnica ainda traça seis cenários na aplicação de imunizantes contra a doença. “Os nossos prognósticos mostram que, se mantida a atual situação, uma campanha de vacinação ampla que tomaria ao menos um ano teria efeito limitado na contenção da pandemia”, analisam os estudiosos.
Assim sendo, é necessário tomar “medidas mais duras de controle, de forma a reduzir o número” de casos até valores abaixo de 1.
Confira o estudo completo:
Nota técnica by Metropoles on Scribd
GDF pretende aguardar definições do Governo Federal
O Distrito Federal vai aguardar o planejamento oficial do Ministério da Saúde para aderir ao plano nacional de vacinação contra a Covid-19. Na terça-feira (8/12), a campanha de imunização foi iniciada no Reino Unido, com a fórmula da Pfizer e da BioNTech contra o novo coronavírus.
Em Brasília, a Secretaria de Saúde afirma que está em fase de desenvolvimento de “um amplo planejamento” sobre a estratégia de vacinação da população do Distrito Federal contra a pandemia do Sars-Cov-2.
“O plano estratégico prevê: realização de inquérito soroepidemiológico (em andamento) para conhecer o comportamento do vírus em todo o DF; levantamento dos espaços da rede pública de saúde e de outras instalações do GDF para servir como postos de vacinação; estruturação desses locais para receber e armazenar as vacinas; estruturação do setor de compras públicas, objetivando a aquisição de seringas e contratação de câmaras frigoríficas; seleção de profissionais de saúde da própria rede pública para a aplicação das vacinas”, pontuou a pasta.
O órgão do governo local sublinha que “vem acompanhando as medidas anunciadas pelo Ministério da Saúde sobre a compra e a aplicação da vacina no Brasil, e atuando previamente, dentro de suas atribuições, para que a campanha de vacinação seja executada com êxito em todo o Distrito Federal”.