Estudo aponta que DF tem pior cobertura na atenção primária do país
Capital federal também apresentou queda na taxa de leitos por habitante. Dados são do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde
atualizado
Compartilhar notícia
O Distrito Federal tem a pior cobertura do país na atenção primária à saúde. De acordo com um documento desenvolvido pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), a taxa da capital federal é de 59%, ou seja, pouco mais da metade da população tem acesso ao serviço.
A atenção primária consiste em ações que incluem, por exemplo, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e redução de danos. Em outras palavras, é o primeiro atendimento ao paciente, a porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com Manuel Faria, analista de políticas públicas do IEPS, o estudo é baseado em dados coletados pelo Ministério da Saúde. O analista afirma que uma das principais formas de se desenvolver a atenção primária é por meio da Estratégia de Saúde da Família, uma política adotada, no DF, nas unidades básicas de Saúde (UBS).
Cada equipe de Saúde da Família é formada por um médico, um enfermeiro, dois técnicos em enfermagem e um agente comunitário de saúde. Manuel explica que, apesar de o DF ter apresentado um crescimento na cobertura específica dessa estratégia, ela ainda é baixa e atinge apenas 54% da população.
O levantamento destaca que é preciso implementar políticas públicas efetivas. “Tem vários estados do Brasil com cobertura de atenção primária bastante expressiva. Sergipe, por exemplo, já tem quase 90% de cobertura, o Tocantins também. São boas referências”, diz Manuel.
Faltam leitos na saúde
O estudo também mostra que o DF registrou queda no número de leitos disponíveis por habitantes nos últimos 10 anos. Para cada 100 mil habitantes, há 170 leitos. Em 2010, a proporção era de 200 para cada grupo de 100 mil pessoas.
Manuel afirma que não há uma taxa considerada ideal, mas que é preciso atender à demanda do local. “Se você tem um estado com uma concentração mais baixa, é bem provável que a oferta não esteja batendo com a demanda. Mas, cravar um número, necessita de um estudo mais aprofundado”, destaca.
Sobram médicos
Em contrapartida, o levantamento da IEPS mostra que o DF é a unidade federativa com a maior quantidade de médicos para cada habitante. Há, em média, 3,9 profissionais para cada brasiliense.
Entretanto, Manuel considera que existe a possibilidade de haver uma má distribuição. “Normalmente, a concentração de médicos está relacionada a fatores socioeconômicos. E é uma dificuldade geral do Brasil, atrair médicos generalistas para a rede pública de saúde. É bem possível que haja uma grande concentração de médicos na rede privada, em especialização e, por isso, a gente enfrente problemas como filas e falta de profissionais.”
Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria de Saúde do DF disse que “algumas informações desses estudos estão desatualizadas, pois foram calculadas com base em um método não mais utilizado”.
Em nota, a Saúde enalteceu que “ocupa o primeiro lugar do país em credenciamento de novas equipes Saúde da Família, cadastrando 132 novas equipes nos últimos quatro anos, a pasta também atingiu o recorde de cadastramento de usuários na Atenção Primária à Saúde (APS), com mais de 1,9 milhão de cidadãos registrados. Considerando que a Codeplan considera a população de 3.012.718 habitantes, apenas entre os cadastrados já temos 65% da população. Isso é diferente do afirmado no estudo”.
Sobre o número de médicos, a SES/DF diz que “possui o maior programa de formação de especialistas em Medicina de Família e Comunidade para Atenção Primária à Saúde, o maior programa de Avaliação e Qualificação da APS do país, Qualis-APS e programas de cooperação internacional com OPAS, para levar vacina na casa das pessoas. Mais de 100 mil casas visitadas, mais de 35 mil doses aplicadas em territórios vulneráveis”.