Estudo aponta que 22% da população do DF já foi infectada pela Covid-19
Baixo número de casos até o momento indica a alta possibilidade de uma segunda onda de contaminação
atualizado
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Um estudo realizado pela Universidade de Brasília (UnB), em conjunto de com outras instituições do Brasil, estima que 22% da população do Distrito Federal foi infectada pelo novo coronavírus até o momento. O número, considerado baixo pelos pesquisadores, indica a possibilidade de a capital passar por uma segunda onda de contaminação.
Como explica Tarcísio Rocha Filho, físico do Núcleo de Altos Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento da UnB, a taxa foi calculada a partir da mortalidade da doença, que indica a média infectados para que uma pessoa venha a óbito. “É uma estimativa bem razoável com base nesses dados”, diz.
Tendo em vista que o número está longe dos 70% de contágio, o que poderia indicar a imunidade por rebanho, o professor não descarta uma nova explosão de casos no DF. “É altamente provável e será bem mais difícil de enfrentar. Não dará mais para fechar o comércio de novo, por exemplo”, comenta.
Tarcísio também não considera que o vírus seja menos letal. Segundo ele, a segunda onda começa com os jovens e, depois, chega aos mais velhos. Por esse motivo, o número de mortes acaba começando menor. “É ilusório encarar de outra forma. Com essa flexibilização e tantas pessoas se aglomerando, é uma questão de tempo uma subida de casos”, alerta.
Quando esta nova onda chegará, no entanto, ainda não é possível prever. Certo é que ela ocorrerá antes que uma vacina seja disponibilizada à população. “Pode começar a subir devagar ou de uma vez. Fato é que a imunização vai demorar muito. Até alguma ser aprovada, ter a fabricação e distribuição… É uma logística que não é trivial”, lamenta.
Em relação ao resto do Brasil, o DF aparece entre as unidades da Federação que tiveram maiores taxas de contágio. Segundo o levantamento, apenas Roraima teria um número maior.
Confira o estudo:
Nota técnica covid-19 by Metropoles
Secretaria de saúde também pretende descobrir número de infectados no DF
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES) anunciou, nessa terça-feira (10/11), que prepara um inquérito epidemiológico para entender quantos brasilienses, de fato, tiveram contato com o novo coronavírus até o momento na capital e saber se haverá segunda onda da pandemia no DF. Mesmo assim, a pasta afirma que se prepara para o pior cenário.
Em coletiva realizada no Palácio do Buriti, a SES informou que calcula um novo aumento de casos, se houver, para daqui a três ou quatro meses.
Para esse monitoramento, as regiões administrativas do DF serão divididas em conglomerados. Dentro de cada um deles, serão feitos os sorteios das casas que receberão a visita de profissionais da secretaria para testagem.
“O estudo é para avaliar como o vírus tem circulado no território, saber quantas [pessoas] já tiveram contato e quantas ainda poderiam ter”, detalhou Cássio Peterka, diretor da Vigilância Epidemiológica.
Segundo o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, só após essa informação é que poderá ser traçado um melhor posicionamento do DF para o ano de 2021, uma vez que o resultado do inquérito deve sair em dezembro. “É impossível fazermos projeções sem esse inquérito”, explicou.
Caso ocorra a segunda onda, o subsecretário de Atenção Integral à Saúde, Alexandre Garcia, ressaltou que, na Europa, o número de mortes foi consideravelmente menor e que algo semelhante deve ocorrer no DF.
“Nós aprendemos a lidar melhor com a doença. Os protocolos já foram traçados, e isso faz com que o tratamento seja mais rápido e eficaz, evitando as mortes”, destacou.