Estudante que se passava por dentista nas redes sociais é alvo da PCDF
Segundo a corporação, aluno de odontologia realizava procedimentos privativos de cirurgiões dentistas, como limpezas e clareamento
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deteve, na manhã desta quinta-feira (15/08/2019), um estudante de odontologia que realizava procedimentos privativos de cirurgiões dentistas, entre os quais limpezas e clareamento. De acordo com investigação da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), Luiz Rodrigues, 22 anos, atendia em clínica localizada em um shopping do Plano Piloto, mesmo não tendo concluído o curso.
Após prestar esclarecimentos na DP, o jovem assinou termo circunstanciado e foi solto. Ele disse em depoimento que é aluno do 9º semestre e estava auxiliando a irmã dentista, “em uma espécie de estágio”. “Pelas redes sociais dele, entretanto, conseguimos notar que ele realizava pequenos procedimentos sozinho, o que não é permitido, visto que ele ainda não é formado na profissão”, explicou o delegado Roney Teixeira.
Segundo o policial, o jovem cobrava cerca de R$ 250 para procedimentos como clareamento. O nome da clínica e o endereço não foram divulgados pela PCDF. A corporação informou que ele foi detido pelo crime de exercício ilegal da arte dentária. A operação teve acompanhamento de integrantes do Conselho Regional de Odontologia do Distrito Federal (CRO-DF).
De acordo com as investigações, o jovem seria sócio da clínica, juntamente com a irmã dele, que acabou autuada pelo mesmo crime. A PCDF informou que o falso dentista possui mais de 10 mil seguidores nas redes sociais, nas quais ostenta uma vida de luxo.
A clínica, informou a polícia, foi inaugurada na semana passada, com a presença de diversas celebridades. Caso condenado, o estudante poderá pegar pena de 6 meses a 2 anos de reclusão.
O outro lado
A versão do universitário é diferente. Ele disse à reportagem que as fotos postadas nas redes sociais não foram tiradas na clínica, mas em procedimentos realizados na faculdade. “As fotos não me mostram realizando operação. Me contrataram para trabalhar lá porque sou bom em auxiliar, que era o que eu fazia”, afirma.
Luiz, entretanto, admitiu ter feito clareamento, mas alegou que a irmã estava presente no momento. Ele também comentou sobre as evidências de ter sido chamado de “dr. Luiz Gustavo” nas redes sociais pelos clientes: “Qualquer pessoa hoje em dia é tratada como doutor, isso não quer dizer que de fato eu era. Se for assim, só quem tem doutorado pode ser chamado de doutor”.
Segundo a sócia da clínica, ele realizava estágio supervisionado. “Quem realizava os processos era eu, que sou dentista formada. Ele apenas me auxiliava. Depois da inauguração da clínica, foi gerada uma repercussão muito grande, mas a gente não pode controlar o que as pessoas postam sobre nossa clínica nas redes sociais”, defende-se.
Denúncias anônimas
Sobre o caso, o Conselho Regional de Odontologia informou em nota que a operação foi feita pela Polícia Civil, acompanhada pelo CRO-DF, após cinco denúncias anônimas recebidas pelo órgão, nos últimos 15 dias, de que o aluno estaria praticando atividade ilegal da profissão.
De acordo com o conselho, os cirurgiões-dentistas responsáveis pela clínica em que o estudante atuava responderão a processo ético, que vai analisar as infrações ao Código de Ética Odontológica (artigo 53). Na esfera penal, o jovem poderá vir a ser condenado pelo exercício ilegal da odontologia (artigo 282 do Código Penal).
De janeiro a julho deste ano, o CRO-DF recebeu 177 denúncias, das quais 21 foram de atividade ilegal da profissão. As denúncias podem ser feitas por WhatsApp (61 99909-6075) e por e-mail: fiscalizacao@crodf.org.br. No mesmo período, foram feitas 730 visitas e 195 autuações, a maioria por publicidade irregular e falta de registro do profissional e das clínicas.
Para se certificar se profissionais e clínicas têm registro no CRO-DF, a população pode acessar a consulta no site do CFO.