Estudante do DF que devolveu R$ 5 mil faz vaquinha para cirurgia
Mesmo enfrentando uma doença séria e sem previsão de cirurgia no SUS, jovem de 22 anos devolveu a quantia em gesto de honestidade e empatia
atualizado
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O gesto de honestidade e empatia da estudante Odara Luiza Marques Rodrigues Silva, 22 anos, despertou a sensibilidade das pessoas pelas redes sociais. Mesmo enfrentando uma doença séria e aguardando na fila para cirurgia no Sistema Único de Saúde (SUS), ela devolveu R$ 5 mil para a dona, após encontrar a quantia em um ônibus — o recurso poderia bancar o tratamento em um hospital particular.
Muita gente elogiou a iniciativa e manifestou interesse em ajudar a jovem. Encorajada pela reação popular, Odara colocou no ar uma vaquinha virtual. Quem quiser ajudá-la pode clicar neste link.
Na segunda-feira (6/12), por volta das 18h30, Odara estava a caminho do curso de geologia na Asa Norte, dentro de um ônibus. Chovia intensamente naquele dia. Uma senhora desceu do veículo na W3. Quando se preparava para desembarcar, a estudante notou uma carteira esquecida. “Era muito dinheiro. Fiquei até assustada”, lembrou. Além disso, havia dois cartões de crédito.
“Desde quando encontrei, eu sempre pensei em devolver o dinheiro. Decidi procurar a dona. Se eu não encontrasse, usaria para tentar pagar a minha cirurgia. Ainda mais nessa quantidade. Mas eu simpatizei pela perda dessa pessoa e a procurei”, contou Odara. A mãe da estudante também encorajou a filha a encontrar a mulher e entregar de volta a quantia.
Com a ajuda de duas amigas e depois de muito esforço, a jovem chegou ao nome e telefone de Ivone Resende da Silva, operadora de caixa de 50 anos, moradora do Itapoã.
Após uma breve ligação, Odara marcou o encontro para a devolução do dinheiro nessa terça-feira (7/12), na Asa Norte. “Ela ficou muito feliz. Estava muito grata. Nem sabia como agradecer. Foi bem rápido. Fiquei até meio sem graça”, relatou.
Ouça as palavras de Ivone:
Diagnosticada com endometriose profunda, Odara aguarda há oito meses pela cirurgia, que, a princípio, será no Hospital Regional de Ceilândia. “Não tem previsão ainda”, lamentou.
A doença debilita a estudante e demanda medicação constante. “Não posso menstruar. Sinto dores e posso até desmaiar. E o remédio me deixa com enjoo, inchada e com o intestino preso”, revelou.
Apesar da situação delicada, Odara considerou ser correto devolver o dinheiro para a legítima dona. “As pessoas precisam se colocar no lugar dos outros. Porque, quando a gente perde algo, sempre espera achar. Se quando você encontrar algo, devolver, facilitará muito a vida para todos”, pontuou.
Orações
Ivone explica que a chuva forte da segunda-feira a atrapalhou. “Preocupei-me mais com a sombrinha e não me atentei à carteira”, relembra. O dinheiro estava contado e tinha destino certo: pagar faturas de supermercado. Após descer do ônibus, a operadora de caixa percebeu o esquecimento. Foi para a pista oposta da W3 e começou a parar os coletivos, perguntando pela carteira. Não teve sucesso.
“Pensei: o dinheiro já era. Tinha dado como perdido. As pessoas hoje em dia são muito más. Ainda mais neste mundo que a gente vive, com pandemia, e todos estão com as contas apertadas. Não tenho palavras para agradecer a Odara. Ela me surpreendeu muito. Oro a Deus por ela e pela mãe dela. É raro, mas ainda existem pessoas boas. Agradeço a Deus por ter tocado o coração delas para me devolver o dinheiro”, afirmou.