Estudante brasiliense aprovado com bolsa integral em Harvard visita CLDF
Eduardo Vasconcelos, 18 anos, conversou com o presidente da casa, Rafael Prudente (MDB), sobre participação de jovens na política
atualizado
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O estudante brasiliense de 18 anos aprovado na Universidade de Harvard visitou, nesta terça-feira (9/2), a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e conversou com o presidente da Casa, Rafael Prudente (MDB). Eduardo Vasconcelos Goyanna Filho, 18 anos, apresentou ideias para aproximar a política dos jovens.
Segundo o estudante, ele sugeriu a Prudente que seja feito no âmbito distrital um programa como o Parlamento Jovem Brasileiro, da Câmara dos Deputados. “Seria essencial para formar uma geração de jovens mais engajada na comunidade e disposta a ser uma parte ativa nas mudanças para melhor”, comenta.
Outra necessidade no ensino do DF que Eduardo destacou na conversa foi o incentivo à prática de atividades sociais. “Contei muito pra ele também sobre como as aulas de democracia, civismo e inglês que eu dava para crianças carentes surtiam efeito, quanto elas gostavam dos estudos”, detalha.
Apesar de ter gostado da visita, Eduardo diz que ainda não consegue se ver como um parlamentar no futuro. “Não consigo dizer que me vejo nessa posição, mas consigo me ver trabalhando pelas pessoas do DF e para melhorar a vida de todos nesse lugar pelo qual eu tenho tanto carinho”, completou.
Também participaram do encontro os deputados Reginaldo Sardinha (Avante) e Iolando Almeida (PSC), além do presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), Fernando Leite.
Aprovação em Harvard
Com previsão de início das aulas em agosto, Eduardo Vasconcelos Goyanna Filho poderá estudar em um dos mais conceituados centros de ensino do mundo. Outros dois brasileiros, um de Pernambuco e outro de São Paulo, também passaram na universidade norte-americana.
A notícia da aprovação veio em dezembro e o brasiliense diz ter ficado emocionado antes mesmo de ler o resultado. “Eu já comecei a chorar, sem saber se tinha passado ou não. É um sonho que demandou muito de mim e da minha família. Chegar naquele ponto já era muito importante”, explica o jovem.
Para conseguir a aprovação da instituição, uma das mais respeitadas e disputadas do mundo, Eduardo passou pelo menos os últimos quatro anos se preparando. “Eu queria atingir meu objetivo sem atrapalhar financeiramente minha família, que não tinha condições de pagar uma escola particular direito, imagina estudar em Harvard. Foi com muita ajuda da Fundação Estudar e de outros projetos locais que consegui chegar a essa bolsa de 100%”, comemora.
Envolvimento comunitário
O estudante explica que, para ser aprovado na universidade estadunidense, não basta apenas ter boas notas, como ocorre no Brasil. É necessário mostrar também envolvimento com a comunidade.
“Grande parte da minha admissão foi devido a um trabalho voluntário que faço no Lago Norte, com crianças em situação de vulnerabilidade. Dou aula de civismo, democracia e inglês. Também fui eleito para o Parlamento Jovem Brasileiro, da Câmara dos Deputados, depois de apresentar um projeto de lei sobre socioeducação”, explica.
Em Harvard, ele tem a intenção de continuar ajudando pessoas que não conseguem ter oportunidades. “O primeiro ano e meio serve para fazermos diversas matérias, mas pretendo seguir a área de governo, aliado com economia”, revela.
Depois de terminar o curso, Eduardo afirma que planeja voltar ao Brasil. “Eu não vejo sentido de ir e não voltar. Meu sonho é reduzir a criminalidade infantil com ações preventivas, principalmente”, comenta.
Preparativos
Embora as aulas comecem só em agosto, Eduardo já está preocupado em como será a ida dele para Harvard. Afinal, a pandemia ainda é uma realidade e, muito provavelmente, permanecerá assim até o meio do ano.
“Eu espero que a troca do presidente por lá facilite um pouco a entrada de estudantes estrangeiros. Apesar de todo o apoio que venho recebendo, a gente ainda está com dificuldades de tirar o visto e, até a minha viagem, é provável que aceitem apenas vacinados no país”, pondera.
Ele não precisará se preocupar, pelo menos, com as acomodações nos Estados Unidos. Com a bolsa de 100%, a universidade pagará qualquer necessidade do estudante, desde um quarto até mesmo um casaco de inverno para o frio. “Fiquei muito feliz, pois esse era meu objetivo”, comemora.
A maior dificuldade que Eduardo prevê enfrentar é a adaptação a uma cultura nova e a viver sozinho. “Passar uma camisa social com certeza é uma preocupação”, brinca. A comida é outra coisa que fará falta. “Quero aprender a culinária brasileira para poder fazer sozinho e matar a saudade”, encerra.