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Estrutural: “Novas invasões serão combatidas”, diz vice-governador

Moradores reagem à ação de derrubada do DF Legal em Santa Luzia e entram em confronto com a Polícia Militar nesta quarta-feira (20/3)

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1 de 1 SantaLuziaEstrutural (10) - Foto: JP Rodrigues/Metrópoles

O vice-governador Paco Britto (Avante) disse, nesta quarta-feira (20/3), que o GDF não vai permitir a instalação de ocupações irregulares no território brasiliense. “Novas invasões serão combatidas”, assegurou, ao ser questionado pelo Metrópoles sobre ação do DF Legal no bairro de Santa Luzia, na Estrutural, com derrubada de barracos.

Desde terça (19), tratores e fiscais fazem operação na área, com o objetivo de derrubar barracos que foram construídos, segundo o GDF, neste ano, durante a gestão de Ibaneis Rocha (MDB). “É preciso deixar claro que esse invasores são recentes. Por isso, estão sendo retirados”, completou Britto.

No início da manhã, cerca de 40 manifestantes bloquearam o trânsito na pista Norte (reversa) da Estrutural em protesto contra a derrubada. Uma barreira com fogo e pneus foi montada no Km 6, próximo ao viaduto do Jóquei. O protesto causou um grande congestionamento na via.

Depois, o grupo tentou impedir o trabalho de derrubada, atirando paus e pedras. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi acionado. Houve tumulto e os militares precisaram intervir. Foram usadas bombas de efeito moral e spray de pimenta.

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Maiconildo Macedo e a esposa precisaram buscar ajuda para o filho recém-nascido, que inalou gás lacrimogêneo
Maria do Rosário perdeu o barraco onde morava com os três filhos
Moradora mostra cápsulas de bombas e balas de borracha que supostamente foram utilizadas pela PM na operação
Segundo o governo, barracos derrubados foram instalados neste ano
GDF diz que não tolerará novas invasões
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Joselito Barbosa e Iramir Gonçalves ficaram aflitos com o corte de energia, porque o filho Daniel precisa de equipamentos médicos para respirar

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Maiconildo Macedo e a esposa precisaram buscar ajuda para o filho recém-nascido, que inalou gás lacrimogêneo

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Maria do Rosário perdeu o barraco onde morava com os três filhos

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Moradora mostra cápsulas de bombas e balas de borracha que supostamente foram utilizadas pela PM na operação

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Segundo o governo, barracos derrubados foram instalados neste ano

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GDF diz que não tolerará novas invasões

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Operação seguirá até quinta-feira (21/3)

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Na terça (19/3), foram removidas 60 unidades habitacionais, entre barracos de alvenaria, madeira e lona

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Cerca de 300 moradias estão na mira do DF Legal

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Tratores estão ajudando na operação

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Segundo GDF, Secretaria de Desenvolvimento Social irá atender moradores despejados

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DF Legal monitora 4,2 mil famílias por meio de drones e fotos aéreas

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A derrubada repercutiu na Câmara Legislativa. O deputado Fábio Felix (PSol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, criticou a ação do GDF

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Joselito Barbosa, 49 anos, e a esposa, Iramir Gonçalves, 43, viveram momentos de desespero durante a operação. Pais de uma criança com necessidades especiais que usa um aparelho para respirar e uma sonda para se alimentar, o casal se assustou quando o fornecimento de energia foi interrompido para a realização da operação.

Segundo eles, a medida colocou em risco a vida do pequeno Daniel, de 6 anos. “Meu filho precisa desses equipamentos para viver e, de repente, cortaram a energia. Saímos correndo desesperados, mas estava tendo uma confusão lá na frente. Foi complicado”, disse o pai.

Usaram spray de pimenta, balas de borracha e jogaram bombas de efeito moral. Em crianças, adultos, idosos e até mesmo em um cadeirante que ficou no meio do fogo cruzado

Joselito Barbosa, morador de Santa Luzia

Um vídeo cedido ao Metrópoles mostra um homem em cadeira de rodas no meio da ação dos policiais militares. A moradora que gravou as imagens mostrou à reportagem cápsulas dos armamentos usados pelos PMs. Veja:

Maiconildo Silva, 22, disse que também passou por “momentos desesperadores”. Ele e a mulher tiveram que procurar socorro porque o filho recém-nascido inalou o gás de pimenta. “Tinha que ver, eu pedindo pelo amor de Deus para os policiais pararem e eles falando que não iam parar. Meu filhinho com o rosto todo vermelho, não conseguia respirar direito, tem só 1 mês. Minha esposa saiu correndo com ele.”

Com a voz ainda rouca em decorrência da inalação, o jovem disse que a mulher procurou as viaturas do Corpo de Bombeiros que estavam no local. “Estava também com minha menina, de 2 anos. Ela ficou com o rosto ardendo. Corri para um lado e minha mulher para o outro”.

“Tratados que nem cachorro”
Maria do Rosário, 40 anos, foi uma das moradoras da invasão de Santa Luzia que perdeu a casa na operação. O barraco onde vivia com os três filhos foi destruído por um dos tratores alugados pelo DF Legal. Sem ter onde morar, ela não sabe como nem onde poderá abrigar a família.

“Nós, pobres, não temos chance de se defender. Até a eleição, nós somos gente, depois viramos bicho. Hoje, fomos tratados que nem cachorro.”

Ela conta que se sustentava no lugar com um salário de R$ 1 mil. “Com esse dinheiro, eu alimento meus filhos, visto e calço eles, mas agora vou ter que gastar pra construir minha casa do zero. Isso se for construir, enquanto político tem auxílio-moradia e vários outros benefícios.”

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Notas oficiais
Por meio de nota, o DF Legal disse que está fazendo desocupações em áreas públicas e de proteção ambiental na Chácara Santa Luzia, na Estrutural. A operação deve durar até esta quinta (21). Segundo o órgão, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) “deve fazer o encaminhamento assistencial dos invasores”.

A Codhab informou que residem em Santa Luzia cerca de 4,2 mil famílias, que habitam em lotes monitorados pelo GDF por meio de drones e fotos aéreas. “O controle foi realizado no ano passado através do processo de Selagem, em que os moradores foram cadastrados com fichas socioeconômicas, devidamente assinadas pelo responsável familiar, com registro em foto”, disse o DF Legal.

Por sua vez, a Polícia Militar informou que precisou intervir na operação de retirada de moradias irregulares na invasão Santa Luzia, “após longa negociação sem sucesso, para que os moradores desobstruíssem a entrada do local”. “Um grupo de manifestantes tentou impedir a operação atirando paus e pedras. Diante dessa resistência, a PMDF utilizou bombas de efeito moral e gás para dispersar o grupo. Não houve feridos.”

Repercussão
A derrubada repercutiu na Câmara Legislativa. O deputado Fábio Felix (PSol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, criticou a ação do GDF.

“Amanhecemos com a triste notícia de que centenas de famílias ficarão desabrigadas pela derrubada de casas em Santa Luzia (Estrutural). Em vários debates e entrevistas durante a campanha eleitoral, Ibaneis afirmou que não adotaria esse tipo de medida, considerada ‘desumana’ por ele; ao contrário: o governador fez declarações nada republicanas em que afirmou que reconstruiria casas em áreas desocupadas com recursos do próprio bolso”, disse em nota.

Novas construções
A operação é realizada pelo DF Legal. Na terça (19), foram removidas 60 unidades habitacionais, entre barracos de alvenaria, madeira e lona. A estimativa é que haja uma média de 300 novas construções na região para serem retiradas. Em janeiro, o governo removeu 900.

As novas edificações, segundo o GDF, foram erguidas em área denominada de faixa de tamponamento, importante para a proteção de danos ambientais e que fica junto ao Parque Nacional de Brasília.

De acordo com Georgeano Trigueiro Fernandes, o órgão tem trabalhado para identificar e coibir novas invasões no DF. Segundo ele, a ocupação irregular do local é antiga e teve início ainda junto com a Estrutural. Mas, no período compreendido entre o final de dezembro de 2018 e o início de janeiro de 2019, novas edificações começaram a surgir na área. Os invasores são da Cidade Estrutural e de outras regiões do DF.

“Começamos um planejamento para definir a melhor forma para realizar a ação”, pontuou Fernandes. “Verificamos, primeiramente, de onde essas pessoas são e o tempo de ocupação.”

As outras ocupações anteriores a dezembro de 2018 e janeiro de 2019, explicou, vão ser removidas, ou as pessoas serão realocadas em outras moradias, conforme estudo feito pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab/DF).

O diretor-presidente do DF Legal explica que o órgão está trabalhando em um levantamento para identificar outros pontos irregulares e remoções que poderão ser feitas. (Com informações da Agência Brasília)

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