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Falsários fingiam ser militares nos EUA para enganar mulheres

Os criminosos fingem ser membros do Exército americano e prometem namoro e até casamento às vítimas

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1 de 1 imagem colorida de mulher com celular na mão - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles/Foto Ilustrativa

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga golpes virtuais praticados por estelionatários estrangeiros em sites ou aplicativos de relacionamento. Os criminosos fingem ser integrantes do Exército dos Estados Unidos e dizem querer casar com as vítimas. A maioria,  viúva ou divorciada. Os bandidos escreviam textos padrão e histórias pensadas com intuito de mexer com o coração e esvaziar as contas bancárias das mulheres.

O esquema desenhado pelos falsários se destaca pela audácia. Muitos praticam as tramas a partir de seus próprios telefones e em outras nações africanas. Segundo as apurações, eles falam com várias vítimas ao mesmo tempo. A Polícia Civil acompanha os casos.

O Metrópoles foi procurado pela filha de uma mulher que, há pouco tempo, foi alvo do golpe praticado, supostamente, por um homem que se passava por um militar americano. De acordo com ela, as conversas começaram por meio das redes sociais e, depois, evoluíram para troca de e-mails. “O homem disse que se aposentaria dia 30 de novembro mas, para viver bem com minha mãe, garantiu que mandaria uma grande quantia em dinheiro e pediu para ela guardar”, explicou a filha da vítima.

Desconfiança

Durante as conversas, o estelionatário afirmou à brasiliense que um diplomata iria até a residência dela para entregar uma mala cheia de dólares. “Infelizmente, minha mãe chegou a passar dados importantes e só não mandou dinheiro para ele por muito pouco. Ele disse que foi barrado na alfândega de São Paulo e precisaria de R$ 4,2 mil para retirar a suposta mala de dinheiro”, relatou.

De acordo com a ela, a mãe começou a desconfiar, pois o suposto militar deveria ter sido barrado em Brasília, não em São Paulo. “Minha mãe fez uma videochamada a fim de avisá-lo para vir a Brasília, mas quem atendeu foi uma mulher loira. Conseguimos visualizá-la: estava vestida de burca, como se fosse islâmica.”

Em setembro de 2017, a PCDF deflagrou uma operação para prender um trio de africanos que aplicava os mesmos golpes iniciados neste ano. Agentes da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) detiveram três nigerianos acusados de “estelionato amoroso” contra pelo menos 11 mulheres brasilienses desde 2013. Apenas uma delas perdeu R$ 600 mil, depositados na conta de um dos acusados. As vítimas eram escolhidas nas redes sociais ou em aplicativos de namoro virtual. Antes de aplicar os golpes, eles mantinham um relacionamento virtual e faziam promessas de noivado e, até, casamento.

Remessa de dólares

Para convencê-las a depositar dinheiro na conta deles, os “Don Juans” prometiam enviar remessas em dólares para, por exemplo, comprar apartamentos em áreas nobres do DF, onde morariam após a união. O dinheiro repassado pelas vítimas seria utilizado para facilitar a transferência da parte deles no negócio. Eles se apresentavam com identidades falsas, usavam fotos de homens bonitões, se passando por altos militares dos Estados Unidos, da Irlanda e de outros países.

Para facilitar o golpe, a organização criminosa dividia as tarefas, fazendo com que as vítimas não percebessem o crime. Essa medida dificultou o trabalho de apuração da Polícia Civil. No material apreendido pela polícia, foram encontrados depósitos, comprovantes de transferências e até um manual de como aplicar o golpe, com o perfil das vítimas. A prática é mundialmente conhecida por “419 scams”.

As prisões ocorreram em São Paulo. De acordo com informações da Polícia Civil, a investigação teve início em 2013, quando uma mulher registrou ocorrência informando ter sido vítima enganada após se relacionar com um homem que conheceu no Facebook. Segundo a vítima, o suspeito teria se identificado como cidadão irlandês.

A mulher havia depositado a quantia de R$ 3 mil na conta dele por uma encomenda que nunca chegou. Outra vítima envolvida perdeu R$ 600 mil no golpe. Desse valor, R$ 400 mil não foram recuperados e outros R$ 200 mil estão bloqueados pelo banco.

Em outro caso, a PCDF identificou 50 depósitos de diferentes valores na conta de um dos investigados. Os repasses foram feitos em um período de três meses. Segundo os investigadores, as vítimas são mulheres fragilizadas e carentes de relacionamentos.

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