Estoque de gasolina do DF ainda “não está 100%”, diz Sindicombustíveis
Bloqueios em rodovias de todo o país afetaram o abastecimento de combustíveis na capital federal. Preço da gasolina chega a R$ 5,39
atualizado
Compartilhar notícia
Postos de combustível do Distrito Federal ainda enfrentam problemas com o reabastecimento de estoque. A baixa é um reflexo do bloqueio nas estradas realizado por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), inconformados com a derrota nas urnas. Na última terça-feira (1º/11), a previsão era de que a gasolina nas bombas durasse apenas três dias e o volume do etanol anidro, substância usada para compor a mistura da gasolina comum, durasse uma semana. A escassez dos insumos elevou o preço do litro do combustível, que pode ser achado a R$ 5,39 nesta sexta-feira (4/11).
Apesar da liberação das estradas bloqueadas realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na noite da última terça, os brasilienses ainda sentem os reflexos das manifestações nas vias de acesso à capital federal. Manifestantes bloquearam sete rodovias entre o DF e Goiás com pneus e barricadas.
“Têm muitas filas de caminhões. Está tendo problemas de alguns casos de etanol anidro para misturar com a gasolina. A Vibra confirmou que está ok, a Shell ainda está com problemas e o Ipiranga ainda não se pronunciou. Ainda não está 100%”, disse Paulo Tavares, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicombustíveis-DF).
O representante da categoria não informou qual a expectativa para que a situação se normalize.
O Metrópoles pesquisou os preços em diferentes regiões administrativas. A gasolina comum varia de R$ 5,23 a R$ 5,39, no débito e no crédito.
- Posto Petrobras (306 Sul) ─ R$ 5,29 (débito e crédito)
- Posto Shell (Eixo W 114 Sul) ─ R$ 5,35 (débito e crédito)
- Posto Petrobras (QE 36 Guará) ─ R$ 5,23 (débito e crédito)
- Posto Melhor (QE 40 Guará) ─ R$ 5,25 (débito e crédito)
- Posto Ipiranga (próximo ao Costa Atacadão Águas Claras) ─ 5,39 (débito e crédito)
- Posto JR (Quadra 301 Águas Claras) ─ 5,23 (débito e crédito)
Veja imagens dos bloqueios:
Interdições pelo país
Na manhã desta sexta, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 15 interdições nas estradas de cinco estados. Os bloqueios totais foram todos liberados, segundo a corporação. O número de manifestações desfeitas chegou a 954.
Mesmo diante das ações de desbloqueio recentes, o estrago provocado até agora já deve ser significativo.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), por exemplo, projeta que as perdas podem superar a greve dos caminhoneiros de 2018, que durou 10 dias e resultou no prejuízo diário de R$ 1,8 bilhão no setor de comércio.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) chamou a atenção para o risco de falta de gasolina caso as rodovias não sejam desobstruídas rapidamente. A entidade ressaltou que a paralisação já afeta o transporte de equipamentos e insumos para hospitais e matérias-primas para a indústria.
De acordo com os dados da organização, 99% das empresas brasileiras utilizam as rodovias para transporte de produtos.
A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) informou que aguarda a liberação das estradas “em prol do restabelecimento da normalidade do abastecimento nacional”.
Setores da saúde também sentem os efeitos das paralisações nas estradas. A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) pontuou que laboratórios registram dificuldades em transportar e abastecer insumos, como reagentes e contrastes, além de carregar amostras de pacientes.
Levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgado na terça (1º/11) apontou que 70% dos supermercados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minhas Gerais, Rio de Janeiro e de Santa Catarina tiveram problemas de abastecimento causados pelos bloqueios.
O problema afeta, principalmente, a chegada de frutas, legumes e verduras, além de produtos de açougue, peixaria, frios e laticínios.
Empresas do setor aéreo também temem que a situação afete os serviços. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), as companhias podem sofrer com desabastecimento de combustível.