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Estereótipos e preconceito: comunidade acadêmica reage a “guia” não oficial para calouros da UnB

Material com conteúdo preconceituoso foi produzido por casal de alunos da UnB e distribuído sem autorização a calouros dos cursos de artes

atualizado

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Zine Artes UnB guia de sobrevivência do calouro 3
1 de 1 Zine Artes UnB guia de sobrevivência do calouro 3 - Foto: Reprodução/Material cedido ao Metrópoles

Um casal de estudantes da Universidade de Brasília (UnB) entregou, na última quinta-feira (13/4), um “Guia de sobrevivência do calouro de artes” a estudantes recém-chegados à instituição de ensino, durante a recepção aos ingressantes. A divulgação do material gráfico não oficial repercutiu e recebeu diversas críticas, principalmente nas mídias sociais, devido ao conteúdo da publicação em formato de zine.

As páginas, com desenhos assinados pelos universitários Duda “D.” Carneiro e André “Mancebo”, fazem referência a suicídio, ao líder nazista Adolf Hitler e incluem frases preconceituosas ao descrever os “tipos de estudantes de artes”, com base em estereótipos físicos, sociais e da personalidade de alunos.

Em uma das páginas, há descrição da “anatomia” do estudante de artes. A imagem inclui apenas três características: um grande cérebro egocêntrico; um peito cheio de vaidade; e “bastante amor para dar”, pois “todo mundo sabe que você entrou nessa só pra ver mulher pelada”.

Veja imagens:

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Conteúdo tem informações de caráter preconceituoso e reforça estereótipos
Centro Acadêmico de Artes Visuais (Cavis) criticou a publicação
Gestores do Cavis acrescentaram que tomam as medidas administrativas necessárias diante do caso
Material gráfico tem mensagens e ilustrações criticadas por incentivarem suicídio
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"Guia" foi distribuído sem autorização por casal de estudantes a calouros

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Conteúdo tem informações de caráter preconceituoso e reforça estereótipos

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Centro Acadêmico de Artes Visuais (Cavis) criticou a publicação

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Gestores do Cavis acrescentaram que tomam as medidas administrativas necessárias diante do caso

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Material gráfico tem mensagens e ilustrações criticadas por incentivarem suicídio

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O material apresenta, além disso, três tipos de estudantes do  curso: a “bonitinha”, “adepta da bruxaria” que “só quer uma desculpa para tirar a roupa”; o “viadinho caga-regra”, alguém que “todos odeiam, mas ninguém fala nada porque, aí, é homofobia”; e o “rico”, que “realmente acha que vai ser um grande artista”.

No fim da página, uma mensagem diz que todos os estudantes dos cursos de artes são um “grande estereótipo”. O espaço físico do Instituto de Artes (IdA) é apresentado como uma “caixa de fósforos” e um local que recebe as “piores” pessoas, como “puta”, “nóia” e “gordo autista com retardo”.

O calouro recebeu também “dicas” sobre o que fazer na UnB e no IdA. No entanto, a zine resume as atividades a sexo, uso de drogas e suicídio. Na última página do material, os autores dizem amar o curso, mas, abaixo da frase, dois personagens aparecem em uma cena de suicídio.

“Crítica e chiste”

Em publicação nas mídias sociais, Duda Carneiro, uma das responsáveis pelo zine, escreveu uma nota de esclarecimento e pedido desculpas. Nela, a estudante comenta a revista foi produzida como “forma de crítica e chiste” das experiências de ambos os autores no IdA e “totalmente baseada em estereótipos e exageros, com a intenção de rir desses personagens-tipo”.

A autora alegou não ter intenção de ofender e negou fazer apologia ao nazismo ou apoiar o regime extremista. Também argumentou que ela e o companheiro, também autor da zine, não são LGBTfóbicos, misóginos, capacitistas e que não naturalizaram o estupro ou incitaram o suicídio.

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Ela negou que intenção seria incentivar suicídio ou fazer apologia ao nazismo
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Uma das autoras da publicação se posicionou em postagem nas mídias sociais

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Ela negou que intenção seria incentivar suicídio ou fazer apologia ao nazismo

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Nota de repúdio

No domingo (16/4), o Centro Acadêmico de Artes Visuais (Cavis) divulgou nota de repúdio ao material divulgado e destacou que o conteúdo não teve aprovação pela atual gestão estudantil.

Os responsáveis pelo Cavis acrescentaram consideraram o conteúdo “gordofóbico, capacitista, homofóbico, misógino, preconceituoso e com apologia ao suicídio e ao nazismo”. Também ressaltaram que tomam as “medidas administrativas” necessárias diante do ocorrido.

Confira:

Em nota, a UnB informou que o Decanato de Assuntos Comunitários autorizou, nesta segunda-feira (17/4), abertura de processo disciplinar discente para apuração dos fatos. “A UnB repudia discriminações, uso de referências nazistas, violência, misoginia, racismo e qualquer manifestação que fira os direitos humanos”, acrescentou a instituição de ensino superior.

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