“Estava na melhor fase da vida”, diz primo de funcionária do MEC
Leandro Marra disse não acreditar que a vítima tenha tido um surto psicótico. Após prisão de suspeito de sequestro, família segue apreensiva
atualizado
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Após a prisão do suspeito de sequestrar a funcionária do Ministério da Educação (MEC) Letícia Sousa Curado, 26 anos, a família segue apreensiva. Os parentes estão na 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), onde o cozinheiro Marinésio do Santos Olinto, 41, está detido.
Nesta segunda-feira (26/08/2019), o bombeiro Leandro Marra (foto em destaque), 30, casado com a prima de Letícia, disse que a jovem sempre avisava onde ia e nunca faltou ao trabalho, na Esplanada dos Ministérios. Por isso, a família começou a desconfiar e logo o desespero tomou conta de todos. “Na tarde de sábado (24/08/2019), já tínhamos ido à polícia. Mas, no calor do momento, mobilizamos a família e começamos a fazer buscas atrás de Letícia. Saímos em cerca de 10 carros, entrando em mato e procurando em todos os lugares que a gente podia”, ressalta.
Ele lembra que a família usou todos os canais possíveis, inclusive as redes sociais, para tentar achar Letícia. “A mídia também ajudou bastante. Algumas informações foram desencontradas. Porém, o mais importante agora é conhecer esse cara (o acusado). Que as pessoas digam alguma coisa, denuncie no 197 sobre as rotinas dele, onde costumava ir, porque ele não fala nada”, frisa.
Leandro não acredita que a jovem tenha tido um surto psicótico. “Estava na melhor fase da vida dela, não tinha como isso ter acontecido. Acabou de passar na OAB e em mais dois concursos públicos. Estava só esperando ser chamada. Tinha conseguido um trabalho no MEC. Estava muito bem”, garante.
Segundo Leandro, Letícia não tinha costume de pegar transporte pirata. Ele conta que a funcionária do MEC tinha um problema de vista e usava cartão de deficiente para pegar o transporte público.
Prisão
Policiais da 31ª DP (Planaltina) prenderam o suspeito do sequestro de Letícia na madrugada de domingo (25/08/2019). O carro dele foi localizado com os objetos da vítima dentro. Há imagens do circuito de segurança que mostram a jovem entrando no veículo do acusado em uma parada de ônibus no Setor Arapoanga, em Planaltina.
O cozinheiro Marinésio do Santos Olinto, que não tem relação com a vítima, teria visto Letícia no local e retornado. Ele pode ter feito outra vítima no mês passado. A polícia procura a moça na área rural perto do Vale do Amanhecer.
Letícia desapareceu na manhã de sexta-feira (23/08/2019). De acordo com o delegado Fabrício Augusto Machado Borges Paiva, chefe da 31ª DP, a advogada e funcionária terceirizada do MEC foi sozinha até a parada de ônibus, de onde seguiria para o trabalho, na Esplanada dos Ministérios. Ela havia combinado de almoçar com a mãe por volta de 12h. Como não apareceu, a família começou a ligar e mandar mensagem para a jovem.
“Ela não respondeu mais e as mensagens pararam de chegar no celular da vítima”, disse o delegado. Por volta das 18h, o professor de educação física Kaio Fonseca, marido de Letícia, resolveu ir à delegacia para denunciar o desaparecimento. A partir daí, a polícia começou a verificar onde a servidora terceirizada do MEC poderia estar. Trabalharam com algumas hipóteses – entre elas, surto psicológico e sequestro.
Na manhã de sábado (24/08/2019), os policiais conseguiram imagens do circuito de segurança da região de onde Letícia tinha desaparecido, em Planaltina. Uma vizinha relatou que havia visto a advogada entrando em um veículo — um Gol de cor branca.
A polícia foi atrás da informação, mas não achou o carro citado pela testemunha. Quando os investigadores excluíram essa possibilidade, passaram a ver novamente as imagens de segurança do comércio local da região para identificar atitudes suspeitas. Constataram que um veículo de cor prata fez uma parada no ponto de ônibus em que Letícia estava. O veículo trafegou no local uma vez, depois retornou.
Ao abordar o suspeito em via pública, que estava em uma Blazer prata, placa JFZ 3420-DF, os policiais encontraram no porta-luvas do carro uma bolsinha, com fichário e material escolar, além de um relógio, objetos que são de Letícia. O celular da advogada estava atrás do banco. O cozinheiro afirma que os itens encontrados no carro dele foram comprados.
No dia do desaparecimento de Letícia, Marinésio disse que foi levar a filha ao colégio, depois seguiu para a casa da irmã por volta das 9h50. Não consegue explicar, porém, o que fez entre o momento em que Letícia sumiu e este horário. Com indícios fortes de sequestro, a polícia conseguiu a prisão temporária do cozinheiro. O prazo é de 30 dias, podendo ser prorrogado por igual período.
Letícia foi abordada na parada de ônibus por volta das 7h42. “Ele (Marinésio) confirma que parou em frente à parada de ônibus. Mas nega que Letícia tenha entrado no veículo. Disse que parou para um carro passar. Quando a polícia mostra as imagens, fica calado”, ressaltou o delegado, em coletiva de imprensa.
Casado, pai de uma filha de 16 anos, Marinésio não tem passagens pela polícia. O carro do suspeito passa por perícia. Ele nega conhecer Letícia. Disse também à polícia que não faz transporte pirata e tampouco tenha emprestado o veículo para alguém. Mas confessa ter dado “algumas caronas”.
O último trabalho de carteira assinada foi há um ano e dois meses para uma empresa terceirizada. O homem mora no Vale do Amanhecer, em Planaltina. “Ele é o único suspeito até o momento”, disse o investigador. No carro do cozinheiro, a polícia encontrou uma nota de R$ 5, o mesmo valor que Letícia pegou com o marido antes de seguir até a parada de ônibus.
Sem notícias da esposa desde a manhã de sexta-feira (23/08/2019), Kaio recebeu a equipe do Metrópoles na casa onde mora com a mulher e o filho do casal, de apenas 3 anos, em Planaltina, no fim de semana. Para ele, Letícia foi sequestrada ou pode ter tido um surto psicótico. Ele disse que, em oito anos de relacionamento, a companheira nunca havia ficado sem dar notícias.