“Estamos abalados”, diz diretor de escola onde professora ficou refém
Diretor da Escola Classe 16 de Planaltina (DF) acrescentou que adolescente não dava sinais de que poderia cometer algum tipo de crime
atualizado
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Horas após um aluno de 16 anos fazer refém uma professora na Escola Classe (EC) 16 de Planaltina (DF), na Estância Mestre D’Armas 1, o clima no colégio ainda era de choque. Ao Metrópoles a direção da instituição de ensino informou que o adolescente, estudante do período noturno, não dava sinais de que poderia cometer algum tipo de crime.
Diretor da escola classe, Wellington Mesquita, 56, contou que o estudante nunca havia demonstrado mau comportamento e, por isso, estava acima de suspeitas. “Ele aparentava ser tranquilo. Cheguei a fazer contato com um professor dele, e [o educador] disse que [o aluno] era um rapaz sossegado. Ainda estamos todos surpresos e abalados”, comentou o gestor.
Apesar de matriculado na Educação de Jovens e Adultos (EJA), o jovem compareceu pouco às aulas, segundo a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF). A pasta verificou que ele estava matriculado no colégio desde o início do ano, mas assistiu a apenas uma aula no turno matutino. No segundo semestre, ele foi transferido para o período noturno, porém, só compareceu a duas classes.
Educadora refém
O fato ocorreu por volta das 13h, quando os estudantes do vespertino se preparavam para iniciar as atividades. O adolescente, entrou no colégio sem levantar suspeitas. Para o diretor, o jovem teria escolhido a professora de maneira aleatória. “Eles não têm qualquer relação aparente. Ela dá aula à tarde, e ele é da noite”, lembrou Wellington.
O aluno manteve a professora refém por mais de uma hora. Com a chegada do Corpo de Bombeiros (CBMDF) e da Polícia Militar (PMDF), por meio do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a educadora se desvencilhaou do estudante – que segurava um faca no pescoço dela – durante um momento de distração do adolescente.
Nesse momento, os policiais aproveitaram para imobilizá-lo. Ele acabou levado para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) 1, na Asa Norte. A vítima, que havia sido mantida na sala dos professores, foi atendida pelo CBMDF em estado de choque e levada para o Hospital Regional de Planaltina (HRP) com lesões no rosto e no pescoço.
Susto e medo
Funcionários confirmaram à reportagem que levaram um grande susto ao saberem da notícia. “A polícia esvaziou as salas, e ficou todo mundo na quadra da escola, sem saber muito bem o que acontecia”, disse uma testemunha, que pediu para não ter o nome divulgado. “A notícia logo se espalhou entre pais e responsáveis [dos estudantes]. De repente, a porta do colégio estava cheia de gente querendo saber como estavam as crianças.”
A vendedora Marileia Costa, 44, foi buscar as filhas assim que a direção da escola entrou em contato. No entanto, ela não recebeu detalhes sobre o que se passava no colégio. “Alguns colegas disseram que ele estava em busca de dinheiro para acertar dívidas envolvendo drogas, mas não temos certeza”, comentou.
Mãe de duas meninas, de 11 e 6 anos, Marileia precisou correr, literalmente, para buscar as crianças. “Fiquei até mancando, mas agora estamos em paz.”
Mãe de um menino de 10 anos, a administradora Jeane dos Santos, 44, cobra mais segurança nos arredores da EC 16. “Se não forem tomadas providências, isso vai acontecer muito mais. As crianças costumam vir [à escola] e voltar sozinhas. Hoje, poderia ter acontecido uma tragédia”, lembrou.
“Vigilância ativa”
Por meio de nota, a SEEDF confirmou o ocorrido e detalhou que, o adolescente aproveitou a entrada dos alunos do turno vespertino para acessar a escola, “que conta com vigilância ativa”. A professora ficou refém na sala dos professores, segundo a pasta.
“A equipe gestora da instituição acionou a Polícia Militar, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros, que negociaram a rendição do adolescente. Em um momento de distração, a professora conseguiu se desvencilhar, e o jovem foi apreendido e encaminhado à Delegacia da Criança e do Adolescente”, completou a pasta.
Além da professora, ninguém mais se feriu, e os pais dos estudantes foram contatados pelos gestores da escola para buscar os filhos no colégio.
A SEEDF acrescentou: “O estudante foi matriculado na escola no primeiro semestre deste ano, mas frequentou apenas um dia de aula no turno diurno. No segundo semestre, retornou à escola e foi matriculado no período noturno, onde compareceu a dois dias de aula”.