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“Está batendo rápido e forte”, narra usuário sobre nova droga. Ouça

Em áudio enviado a grupo de WhatsApp, homem fala que a substância 25E-NBOH provoca um efeito “clean” e “dá aquela agitação e tudo”

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“A onda dela, mano, como eu posso te dizer? Não é pesada, tá ligado? É mais clean.” Por meio do aplicativo WhatsApp, um usuário descreve as sensações causadas pela 25E-NBOH. A nova droga sintética acaba de chegar ao Distrito Federal e pode causar reações inesperadas. “Ela pode ter efeitos muito mais graves do que as conhecidas. Quem usa está botando a vida em risco”, alerta o delegado-chefe da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), Luiz Henrique Sampaio.

Alterada em laboratório e com substâncias não informadas, a droga dribla portaria da Anvisa para não ser considerada legalmente como entorpecente. A Polícia Civil a encontrou, nessa quarta-feira (3/10), pela primeira vez no Distrito Federal. Altamente alucinógena, provoca reações similares às causadas pelo LSD, de acordo com o Instituto de Criminalística (IC) do DF.

O Metrópoles teve acesso aos áudios gravados pelo usuário. Ele descreve que a “onda” provocada pela substância é diferente. “Ela não está ficando com aquela ‘rangeção’ de dentes. Está batendo rápido e forte. Ela é fácil de dissolver na água, mas não é fácil de picotar, a prensa está bem boa. Essa bala está forte”, afirma.

Em um segundo áudio, ele diz que a nova droga, apelidada de paper (papel, em tradução livre), não reproduz alguns efeitos colaterais comuns ao LSD. “Ela te dá aquela agitação e tudo, só que não altera o visual, tá ligado? Tipo que nem a ‘Coca-Cola’ e as outras que eu tomei, que as paradas ficam em negrito”, conta.

Droga camuflada
Um jovem de 18 anos foi preso nessa quarta-feira (3/10) com 250 microsselos do entorpecente no Conic, área central de Brasília. As investigações apontam que o suspeito fazia a venda por meio de um aplicativo de celular. O produto passou a ser comercializado no Brasil após sofrer uma alteração em sua composição química e driblar portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que determina quais substâncias são proibidas no país.

Recentemente, as drogas sintéticas abandonaram a exclusividade dos ambientes sofisticados e ganharam as ruas de cidades como Taguatinga e Ceilândia. A popularização tem uma justificativa. Com a alteração da composição, os comerciantes ilegais conseguem escapar da prisão por tráfico. Assim, com a redução dos riscos na atividade, os preços caíram.

Atualmente, a lei penal que trata do tráfico funciona complementada por uma norma administrativa estipulada pela Anvisa, a Portaria 344/98. Existe uma lista com 70 nomes de substâncias proscritas, entre elas a heroína e a cocaína. Por isso, a Polícia Civil tem enquadrado os traficantes no crime de venda de medicamento clandestino, com pena de 10 a 15 anos de prisão.

Lista atualizada
Procurada pelo Metrópoles, a Anvisa informou que a lista é atualizada sistematicamente após qualquer produto suspeito de ser usado como alucinógeno ser periciado pelo Instituto de Criminalística da Polícia Federal. “Quando apreendidas, são consideradas substâncias de trânsito ilícito. A comercialização, o porte ou a utilização são considerados crime”, ressaltou a agência em nota.

Uma das substâncias incluídas é a metilona, um estimulante sintético semelhante ao ecstasy. Outra que teve o uso proibido foi a metoxetamina, droga recreativa com efeitos excitantes.

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