Esquema de propina envolve também BRT Sul e obra do entorno do Mané
Segundo investigadores do MPF e da PF, grupo criminoso teria agido para desviar recursos públicos de outras obras
atualizado
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O esquema revelado pela Operação da Polícia Federal Panatenaico não envolve somente a reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha. De acordo com o Ministério Público Federal, as construções do BRT Sul e do Legado Urbanístico do entorno da arena (Lurb) também foram incluídas na mesma trama criminosa.
“Existem inúmeros outros elementos probatórios de que as irregularidades são mais amplas do que a reforma do Mané Garrincha”, destaca o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, ao determinar a prisão de 10 pessoas, entre elas, os ex-governadores Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda (PR).
Segundo o MPF, os elementos de prova coletados com as medidas cautelares, autorizadas nesta terça-feira (23/5) pela Operação Panatenaico, servirão também para auxiliar as investigações em andamento que envolvem essas obras.
Por trás dos empreendimentos, estava praticamente o mesmo grupo criminoso que, conforme afirma o Ministério Público Federal, tinha o seguinte organograma: econômico (Andrade Gutierrez); administrativo (gestores); financeiro operacional (receptadores do dinheiro e atravessadores); e político (agentes políticos);Os delatores da Andrade Gutierrez apontam a existência de um caixa 2 na empreiteira abastecido por dinheiro vindo não só dessas obras locais, mas como de diversos investimentos erguidos com recursos públicos e espalhados país afora. No DF, a propina era repassada aos integrantes do esquema que seria liderado pelo governador Agnelo Queiroz.
Para a Polícia Federal e o MPF, Arruda, porém, foi quem “tramou” a licitação fraudulenta do Mané Garrincha para favorecer a Via Engenharia e a Andrade Gutierrez.
A defesa de Arruda diz que o ex-governador reafirma a sua inocência. O advogado de Agnelo, Paulo Guimarães, ressalta que ele ficou “consternado” com a prisão e que vai se pronunciar depois que tiver acesso à denúncia.
Para os investigadores, a prisão temporária dos 10 alvos da operação da PF faz-se necessária para garantir a ordem pública e a aplicação da lei, “considerando que os requeridos podem empreender novas operações de lavagem de dinheiro, dissipar ativos e efetuar tratativas visando a macular e a destruir provas, bem como movimentar contas bancárias ainda não identificadas.”
Veja os alvos das medidas cumpridas por ordem judicial
Prisões temporárias
José Roberto Arruda
Agnelo Santos Queiroz Filho
Nelson Tadeu Fillipelli
Maruska Lima de Souza Holanda
Nílson Martorelli
Jorge Luiz Salomão;
Sérgio Lúcio Silva de Andrade
Francisco Cláudio Monteiro
Fernando Márcio Queiroz
Afrânio Roberto de Souza Filho
Condução coercitiva
José Wellington Medeiros de Araújo
Luiz Carlos Barreto de Oliveira Alcoforado
Alberto Nolli Teixeira
Indisponibilidade de bens
José Roberto Arruda: R$ 10 milhões
Agnelo Santos Queiroz Filho: R$ 10 milhões
Nelson Tadeu Fillippelli: R$ 6 milhões
Maruska Lima de S. Holanda: R$ 4 milhões
Nílson Martorelli: R$ 4 milhões
Jorge Luiz Salomão: R$ 4 milhões
Sérgio Lúcio Silva de Andrade: R$ 4 milhões
Afrânio Roberto de Souza Filho: R$ 3 milhões
Francisco Cláudio Monteiro: R$ 100 mil
Fernando Márcio Queiroz: R$ 10 milhões
Empresa Via Engenharia: R$ 100 milhões