metropoles.com

Esposa relata desespero ao ver professor agonizar após beber suco

Polícia Civil apura suspeita de envenenamento e diz que caso é “prioridade máxima” da corporação. Odailton Charles morreu na terça-feira

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Hugo Barreto/Metrópoles
CEF 410 NORTE – Caso professor
1 de 1 CEF 410 NORTE – Caso professor - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Em depoimento prestado na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), a esposa do professor Odailton Charles Albuquerque Silva, 50 anos, afirmou que o docente da rede pública de ensino agonizava e tremia em uma maca no corredor do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A suspeita é que o ex-diretor do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 Norte tenha sido envenenado dentro da unidade de ensino.

O episódio, revelado pelo Metrópoles, aconteceu na última quinta-feira (30/01/2020) e Charles, como era conhecido, não resistiu. Ele teve morte cerebral declarada nessa terça-feira (04/02/2020), após cinco dias internado. Em nota enviada à imprensa, a Polícia Civil (PCDF) assegurou que o episódio “está sendo investigado com a máxima prioridade”.

A companheira de Odailton relatou que, ao chegar ao Hran, encontrou seu marido deitado no corredor da emergência. Segundo a esposa, ele estava “inconsciente, tremia, babava sem parar e se contorcia a todo momento”.

A mulher, então, se desesperou ao observar o estado de saúde do professor e passou a pedir a presença de um médico. Naquele momento, um dos profissionais levantou a hipótese de envenenamento e o encaminhou para atendimento. Charles passou por exames médicos no hospital.

Apesar dos esforços, o educador não resistiu. Ainda na terça, pouco depois de receberem a notícia, estudantes e colegas de profissão do CEF 410 Norte estenderam faixas na frente da unidade educacional lamentando a morte do professor.

4 imagens
Faixa no CEF 410 Norte: "Luto"
A faixa foi colocada momentos após a morte do docente
Escola onde Charles trabalhava
1 de 4

Professor Charles: Polícia Civil investiga o caso

Reprodução
2 de 4

Faixa no CEF 410 Norte: "Luto"

Andre Borges/Esp. Metrópoles
3 de 4

A faixa foi colocada momentos após a morte do docente

Andre Borges/Esp. Metrópoles
4 de 4

Escola onde Charles trabalhava

Andre Borges/Esp. Metrópoles
Suco de uva

Odailton tomou um suco de uva enquanto participava de uma reunião na escola onde foi diretor por seis anos. Poucos minutos depois, começou a passar mal.

Durante a crise, enviou áudios angustiantes a familiares e colegas, pedindo socorro e detalhando seu estado de saúde. O docente chegou a dizer nas gravações de WhatsApp que desconfiava de alguma substância estranha em sua bebida.

“Alguém me ajuda, alguém me ajuda. Eu cheguei aqui, tomei um suco e acho que colocaram laxante, estou com muita diarreia”, disse o educador.

À medida que os áudios eram enviados, a situação piorava, o que ficou perceptível devido ao tom de voz e à dificuldade de respiração do professor.

Uma servidora que estava com o docente em reunião e presenciou o episódio telefonou para a esposa de Odailton e informou que ele estava passando mal. A mulher do professor sugeriu que o marido fosse levado ao hospital. O Corpo de Bombeiros foi acionado e conduziu o ex-diretor ao Hran.

Laudo

O caso foi tipificado como tentativa de homicídio. Laudo preliminar com material biológico da vítima, ao qual o Metrópoles teve acesso, constatou que o educador teria sofrido intoxicação, provavelmente por algum organofosforado, substância presente em inseticidas e agrotóxicos.

Diante da situação, a família decidiu registrar a ocorrência com base no conteúdo dos áudios, que podem apontar o cometimento de um crime.

Segundo a PCDF, “nenhuma hipótese é descartada”. De acordo com a corporação, as pessoas envolvidas estão sendo ouvidas na 2ª DP e os exames periciais já foram solicitados. A Polícia Civil, agora, aguarda o resultado dos procedimentos.

Dificuldades com colega

Segundo a reportagem apurou com pessoas próximas ao professor, ele chegou a relatar dificuldade de relacionamento com uma colega da escola, justamente quem teria lhe oferecido o suco no dia da reunião.

Em uma das mensagens enviadas a um amigo que também trabalha na instituição, o docente pontuou que sua interlocutora “estava com a cara de poucos amigos”. Frisou ainda que não queria beber o suco, mas acabou aceitando a bebida para não fazer desfeita. Odailton desconfiava de que o líquido teria lhe feito mal.

O Metrópoles não vai divulgar o nome da servidora porque o caso está sob apuração e a polícia aguarda o laudo definitivo para tirar conclusões.

“A investigação não descarta nenhuma possibilidade. As pessoas que prestaram depoimento apresentaram versões divergentes que estão em análise”, disse o delegado-chefe da 2ª DP, Laércio Rossetto. Agentes da PCDF estiveram na escola infantil em busca de provas, mas não localizaram a garrafa de suco.

A instituição de ensino possui câmeras que poderiam ter registrado a dinâmica do incidente, mas, servidores informaram à reportagem que os equipamentos estão desligados.

Tanto amigos como familiares disseram à polícia que Odailton vivia uma fase boa e fazia planos para o futuro. Casado e pai de uma menina de 7 anos, o morador de Águas Claras planejava abrir uma empresa de assessoria. Recentemente, ele havia sido promovido pela Secretaria de Educação.

Em nota à reportagem, a Secretaria de Educação disse que “lamenta o ocorrido e irá aguardar as conclusões do inquérito policial”. A direção da escola não quis comentar o assunto.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?