Espera angustiante: DF não realiza transplante de medula há 7 meses
Segundo Defensoria Pública do DF, atualmente 12 pessoas vivem drama da espera pelo tratamento suspenso em Brasília
atualizado
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No Distrito Federal, 12 pacientes vivem a angústia da espera pelo transplante de medula óssea na rede pública de saúde. O serviço foi suspenso há 7 meses. Diante do risco de morte, a Defensoria Pública do DF ajuizou ação cobrando a retomada do procedimento.
A ação civil pública é assinada em conjunto com a Defensoria Pública da União. E exige da Secretaria de Saúde do DF e do Ministério da Saúde solução para o drama dos pacientes.
Segundo a Defensoria Pública do DF, atualmente não há previsão de atendimento. Um cenário que impõe sofrimentos físico e psíquico aos pacientes da fila de espera. A suspensão aumenta o risco de agravamento do quadro clínico de saúde dessas pessoas.
“A grave interrupção de atendimento está colocando em risco a vida dos pacientes”, alertaram os defensores. Do ponto de vista da Defensoria local, o DF não tem logrado êxito no planejamento e execução de medidas para a normalização dos procedimentos.
Veja a íntegra da ação:
Transplante de medula óssea by Metropoles on Scribd
A rede pública do DF realiza os transplantes pelo Instituto de Cardiologia do DF (ICDF). Por falta de insumos, foram suspensas todas as novas internações na unidade de saúde. E mais: há dívidas em aberto referentes à gestão do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB).
Segundo o coordenador do Núcleo de Saúde da Defensoria Pública do DF, Ramiro Sant’ana, além da falta de insumos, o problema foi agravado pela pandemia do novo coronavírus, porque o ICDF precisou transferir espaços de transplante para tratamento de pacientes com Covid-19.
No entanto, de acordo com Ramiro, além do ICDF, há pelo menos três unidades médicas privadas no DF com capacidade para fazer os transplantes. Para o defensor, sem a previsão de volta do funcionamento regular do instituto, o DF deveria buscar solução nas outras estruturas aptas, com celeridade.
Inaceitável
“Ajuizamos a ação citando o DF e a União. Pedimos uma solução, seja para o caso do ICDF, seja para contratar um novo hospital ou mesmo outra alternativa”, explicou Ramiro.
No caso de nova contratação, o Ministério da Saúde é responsável pelo financiamento de um possível contrato. E a Secretaria de Saúde do DF deve organizar o processo.
“A solução da Secretaria de Saúde, até o momento, tem sido buscar tratamento em outros estados. É absolutamente imprópria. Expõe paciente imunossuprimidos à movimentação nacional, durante a pandemia. É inaceitável”, pontuou.
Outro lado
Segundo a Secretaria de Saúde, o ICDF informou, em janeiro, passar por dificuldades para adquirir alguns insumos e custear procedimentos necessários ao transplante de medula óssea.
De acordo com a pasta, o instituto precisou organizar uma unidade para suporte a pacientes com Covid-19 que ficasse isolada das demais áreas de internação. Pontuou ainda que foi utilizado o setor em que ocorriam os transplantes. Os pacientes agendados conseguiram ser atendidos até abril.
Conforme a versão da secretaria, os novos pacientes são encaminhados para Tratamento Fora de Domicílio (TFD), em outras unidades da Federação, “já que o instituto é o único habilitado pelo SUS para executar o serviço no DF.”
Por nota, o Ministério da Saúde afirmou que as secretarias de saúde estaduais, municipais e do DF têm autonomia para definir as estratégias mais adequadas de atendimento à população de sua área de abrangência, com base na rede de saúde do território.
O Metrópoles entrou em contato com o ICDF, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem. O espaço está aberto para eventuais manifestações.