Espaço da escola Le Cordon Bleu na UnB está abandonado desde 2009 e curso de alta gastronomia continua distante do DF
A Universidade de Brasília gastou R$ 300 mil na compra de equipamentos e utensílios
atualizado
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Ao final da 2ª temporada do programa “MasterChef Brasil” foi feita a revelação de que, até o fim de 2015, será inaugurada uma unidade da renomada escola de alta gastronomia Le Cordon Bleu no Rio de Janeiro. A notícia, que sacia os estômagos cariocas, causa gastrite nos brasilienses. Desde 2009, a Universidade de Brasília (UnB) mantém abandonado um ambiente de 579 metros quadrados com estrutura e equipamentos para receber uma unidade da instituição francesa – fruto de um projeto que nunca vingou.
Ainda em 1998, a UnB anunciou uma parceria de US$ 2 milhões com a Le Cordon Bleu – à época, Brasília se tornaria a primeira cidade da América Latina a receber uma filial da instituição. Porém, desde o início, as negociações foram marcadas por desavenças. O contrato, por exemplo, deixava de fora alguns pontos vitais para o funcionamento do projeto.
É o caso da compra de alimentos a serem utilizados durante o curso. O documento não afirmava quem iria arcar com essa conta e ninguém quis assumir a responsabilidade. Além disso, a legislação dificultava a realização de aulas pagas em universidades públicas.
O projeto ficou muito caro e não foi adiante. O contrato expirou em 2009 e nunca mais se voltou a falar nele. O problema é que a UnB gastou R$ 300 mil na compra de equipamentos e na construção de uma cozinha no subsolo do atual auditório do Centro de Excelência em Turismo (CET). Abandonado desde então, o local virou um depósito de materiais de limpeza e de entulhos de obras.
Neio Campos, atual diretor do CET, afirma que o espaço poderia ser mais bem aproveitado. “Queríamos usar o local para montar um laboratório de comidas regionais, mas não temos recursos financeiros”, explica. Enquanto isso, os alunos do curso de turismo pegam emprestadas as instalações criadas para as disciplinas de nutrição e usam, durante as aulas, panelas e talheres comprados quando a Le Cordon Bleu ainda era uma possibilidade.
Confira uma galeria de fotos da cozinha preparada para receber a Le Cordon Bleu:
Uma história de desentendimentos
1998
A UnB anunciou um acordo para a construção de uma filial da Le Cordon Bleu. A parceria foi firmada com o apoio do Instituto Gastronômico Brasileiro (IGB), até então sediado no Lago Sul. A proposta incluía aulas de especialização ministradas no campus da universidade.
2000
Começou em novembro o curso da Le Cordon Bleu nas instalações provisórias do Clube Associação Atlética do Banco de Brasília (AABR), no Lago Sul. Cerca de três mil pessoas se inscreveram nas aulas de culinária e de administração de restaurantes, com dois anos de duração.
2001
A UnB recebeu as primeiras aulas, no entanto, foram suspensas logo em dezembro.
2004
Para voltar a receber os cursos da Le Cordon Bleu, iniciou-se a reforma e a ampliação do prédio do CET – o plano era tornar essa a maior unidade da instituição fora da França. As obras foram avaliadas em cerca de R$ 301 mil
2005
Em 21 de outubro, o prédio do CET ficou pronto para receber as aulas da instituição francesa, contudo, faltavam diversos materiais.
2009
Sem entrar em acordo, o contrato entre a UnB e a Le Cordon Bleu acabou.