Escolas do DF são afetadas pela falta de merenda, limpeza e transporte
Os serviços estão sendo suspensos, o que obrigou algumas instituições de ensino a compactarem os horários das aulas
atualizado
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Funcionários terceirizados de escolas públicas do Distrito Federal suspenderam, nesta segunda-feira (19/11), o preparo de merendas e a limpeza nas instituições. Uma das áreas mais afetadas é Planaltina, onde 40 colégios são prejudicados. Algumas escolas encurtaram o horário das aulas para não deixar os estudantes com fome.
Além de Planaltina, também há registro de paralisação de funcionários de limpeza em unidades do Paranoá, Riacho Fundo, Gama, de Sobradinho, Santa Maria e São Sebastião.
O motivo da paralisação é o atraso de salário. O Sindiserviços, sindicato que representa as duas categorias, afirma que cerca de 4,1 mil trabalhadores terceirizados das áreas de limpeza e merenda escolar na rede pública já deveriam ter recebido a remuneração e o tíquete alimentação em 7 de novembro – 5° dia útil do mês.
“A adesão à paralisação está sendo boa, tanto de cozinha quanto de limpeza. São muitas escolas. Vamos continuar até que os pagamentos sejam feitos”, disse a secretária-geral do Sindiserviços-DF, Andrea Cristina da Silva.
No Centro de Ensino Médio (CEM) Elefante Branco, na Asa Sul, cerca de 50 funcionários da limpeza cruzaram os braços. Nessa área, são 2.300 empregados da empresa Juiz de Fora; 300 da Servegel; e 1.500 cozinheiras (os) da Empresa G&E Serviços que estariam sem receber.
O Caic Assis Chateaubriand, em Planaltina, precisou reduzir os turnos. Os alunos da manhã entraram às 7h15 e saíram às 10h. Já os da tarde tiveram acesso às aulas às 10h15 e saíram às 12h30. Na terça (20), os horários também serão modificados. Os alunos da manhã vão estudar das 7h15 às 10h e das 13h às 15h30.
“Vieram mais de 50% dos alunos, mas o horário está sendo compactado porque não tem quem faça a merenda. Atrapalha o funcionamento da escola e os pais são prejudicados. Eles que pediram pra fazer horário reduzido a partir de amanhã [terça]”, explicou a supervisora do Caic Assis Chateaubriand, Vicência Reis Garcia Palácios.
O aposentado Manoel Lopes, 82, precisou buscar o neto Bryan, 10, mais cedo no Caic Assis Chateaubriand. Apesar de ter achado incômodo, concorda com a greve dos funcionários. “São terceirizados e não estão recebendo. O governo tinha que contratar esse pessoal. Atrapalha a vida da gente e atrapalha a aprendizagem dos alunos”, opinou.
Já o auxiliar de serviços gerais Sílvio Gomes, 47, não gostou de saber que o filho, Douglas, 6 anos, seria liberado no começo da tarde desta segunda por conta da falta de merendeira. “Não sei se amanhã [terça] eu vou conseguir vir buscar no horário. É puxado”, destacou.
A partir de terça-feira (20), o Centro Educacional Stella dos Querubins, na mesma região administrativa, é mais uma instituição de ensino que passa a funcionar com horário reduzido. “É muito ruim não ter merenda”, disse Iago, 12 anos, que costuma fazer o lanche da tarde na escola. Os colegas que têm o mesmo hábito também não gostaram da notícia.
Uma das funcionárias da escola, que pediu para não ser identificada, afirmou que a situação vai prejudicar o ensino dos alunos. “Não tem condições de fazer o horário normal sem merenda”, afirmou.
Além de falta de merendeiras e de faxineiros, em Planaltina, 3.540 estudantes de 20 escolas públicas rurais estão sem o transporte escolar oferecido pela Secretaria de Educação porque a empresa responsável pelo serviço não está sendo paga há meses. A dívida se aproxima dos R$ 2,5 milhões.
O outro lado
Em nota, a Secretaria de Educação informou que os pagamentos às empresas estão em dia. Mas admitiu que, em relação ao valor de outubro, “os trâmites para quitação estão em andamento e dentro do prazo, conforme o previsto em lei”.
A secretaria informou também que os salários são de responsabilidade das empresas, conforme previsto nos contratos. A pasta esclareceu, por último, que os dias parados poderão ser descontados da fatura a ser paga. As empresas também poderão ser notificadas, e as escolas que reduzirem as cargas horárias deverão fazer a reposição das horas não cumpridas.
A Servegel, que presta serviço de limpeza, informou que está desde maio de 2018 sem receber o pagamento da secretaria, ultrapassando o limite de atraso estabelecido pelo Tribunal de Contas (TCDF). O valor devido pelo GDF, segundo a empresa, chega a aproximadamente R$ 18 milhões.
“A Servegel não tem mais de onde tirar dinheiro para financiar os custos da prestação dos serviços à Secretaria de Educação. Essa administração pública tem atrasado, de forma contumaz, os pagamentos mensais contratados e ainda não concedeu o repasse da repactuação de 2017 e 2018, estando o preço atualmente praticado com base no ano de 2016”, diz um ofício enviado pela empresa à secretaria no dia 14 de novembro.
O Metrópoles tenta contato com as empresas Juiz de Fora, também de limpeza, e G&E, que terceiriza o serviço prestado pelas merendeiras.
Confira imagens da paralisação nesta segunda (19):
Pelo menos 10 escolas com paralisação total de merendeiras:
– EC Aprodarmas, em Vila Nossa Senhora de Fátima
– EC Mestre D’armas, Vale do Amanhecer – Planaltina
– Caic Chateubriand
– Escola Classe Vale do Sol, Vila Nossa Senhora de Fátima
– CEM Stella dos Querubins, Setor Sul, Setor Tradicional – Planaltina
– Centro de Ensino Fundamental (CEF) Santos Dumont, Sítio do Gama, em
Santa Maria
– Escola Classe Frigorífico Industrial, Planaltina
– Escola Classe Estância, Planaltina
– Cesfat
– Escola Classe Rural Coopebras, Planaltina
Regionais paralisadas:
Planaltina – G&E e Juiz de Fora
Paranoá – G&E e Juiz de Fora
Sobradinho – G&E e Juiz de Fora
São Sebastião – G&E e Juiz de Fora
Gama – G&E
Samambaia – Servegel e G&E
Recanto das Emas – G&E
Plano Piloto – Juiz de Fora